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O sarampo pode voltar a se espalhar pelo Brasil?

Surtos na Europa levam governo italiano a tomar medidas rigorosas para garantir a vacinação. Veja como evitar essas doenças

Por Giuliana Bergamo
Atualizado em 15 abr 2024, 15h25 - Publicado em 12 jun 2017, 12h32
vacina
 (Reprodução/Reprodução)
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Nos últimos anos, a Europa tem sofrido um aumento gradual dos casos de sarampo. O motivo do avanço da doença é a baixa vacinação da população. Incentivados por rumores não comprovados pelos médicos de que as injeções poderiam causar efeitos colaterais, os pais têm deixado de vacinar seus filhos. A situação é pior na Itália, que, só este ano, registrou mais de 1500 episódios da infecção, praticamente o dobro do ano passado e seis vezes mais do que em 2015. Por esse motivo, o presidente Sergio Matarella aprovou, na semana passada, um decreto que obriga as famílias a imunizar seus filhos. Caso contrário, as crianças serão impedidas de frequentar a escola.

Até a década de 1980, o sarampo era a segunda causa de morte infantil. Por ano, estimava-se que 2,6 milhões de crianças morriam em decorrência da doença causada por um vírus altamente transmissível. Graças às campanhas de imunização em massa, esta realidade mudou drasticamente. A Organização Mundial da Saúde estima que a vacinação contra a doença preveniu 20,3 milhões de mortes no mundo entre os anos de 2000 e 2015.

No Brasil, o sucesso foi ainda maior. Aqui conseguimos eliminá-la. Além disso, a expertise no combate a esta moléstia foi replicada para acabar com a rubéola. Infelizmente, porém, não podemos respirar aliviados. Como mostra a situação europeia, os vírus ainda continuam a circular pelo mundo. Os Estados Unidos também relatam casos de contaminação com frequência. “O risco de que um turista ou mesmo um brasileiro que viajou para fora traga as doenças para cá ainda existe”, diz a virologista Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), que concorre ao Prêmio CLAUDIA na categoria Ciência. “Daí a importância de manter a vacinação em dia”.

Confira a seguir respostas para as dúvidas mais frequentes sobre o problema:

O surto de sarampo na Itália apresenta algum risco para o Brasil?
Sem dúvida. A possibilidade de que algum viajante traga o vírus para o Brasil é iminente. Daí a importância de manter a vacinação em dia.

Quando deve ser feita a vacinação contra a rubéola e o sarampo?
Toda criança deve receber uma dose da vacina tríplice viral, contra sarampo, rubéola e caxumba ao completar 12 meses de vida. Uma segunda dose deve ser administrada aos 15 meses.

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Adultos que por acaso nunca foram imunizados podem tomar a vacina também?
Sim, adultos com entre 20 e 29 anos e 11 meses que nunca tomaram a vacina devem receber duas doses. Aqueles que só receberam uma dose na infância devem tomar uma segunda nessa mesma faixa etária. Já quem nunca foi imunizado e tem entre 30 e 49 anos e 11 meses deve tomar uma só dose.

A vacina está disponível na rede pública?
Sim, a vacina está disponível gratuitamente nos postos de vacinação de todo o país.

Quais são os sintomas do sarampo?
Os primeiros sinais da doença são semelhantes a outras infecções: febre, coriza, mal-estar e coceira nos olhos. Em seguida, surgem manchas vermelhas no rosto que alastram-se para os pés. Também pode causar dores de ouvido, pneumonia, convulsões e levar à morte.

E os sintomas da rubéola, como são?
Febre baixa, gânglios linfáticos aumentados e manchas rosadas que surgem primeiro no rosto e depois se espalham pelo corpo são os sinais iniciais. Mas a rubéola também pode causar dores de garganta e cabeça. O grande risco é a transmissão para fetos quando as grávidas são infectadas. Neste caso, os bebês podem nascer com a síndrome da rubéola congênita, que tem consequências como o glaucoma, a catarata, as malformações, entre outros problemas.

Em caso de suspeita de alguma dessas doenças, o que devo fazer?
Procure seu médico ou o posto de saúde da região onde mora. Se a análise clínica confirmar a suspeita, o caso será encaminhado para um dos laboratórios regionais de referência onde um teste comprovará ou não a infecção. Se der positivo, uma amostra será encaminhada para a Fiocruz, no Rio de Janeiro, onde, por meio da análise do genoma do vírus, será possível saber de qual região do mundo ele veio. Paralelamente serão tomadas medidas de contenção, como isolamento do doente e vacinação das pessoas que convivem com ele.

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Quando o sarampo foi eliminado no país?
Os últimos casos de infecção por sarampo endêmico, ou seja, do vírus que circulava dentro do território nacional, ocorreram em 2000. Desde então, foram registrados alguns poucos episódios de contaminações ocorridas fora do país. Entre 2013 e 2015, no entanto, houve surtos no Ceará e em Pernambuco, mas foram contidos antes de se espalhar para outras regiões do Brasil.

Aconteceu algo parecido com a rubéola?
Os últimos casos de rubéola ocorreram em 2008. Na época, um episódio chamou atenção dos médicos e pesquisadores. No Rio de Janeiro, uma mulher grávida que trabalhava como babá na casa de uma família contraiu a doença do menino de quem ela cuidava. Isso só aconteceu porque ele não havia sido vacinado. O garotinho ficou bem, mas o bebê da babá nasceu com a síndrome da rubéola congênita. “Este caso mostra o quanto a imunização é importante não só para quem é vacinado como para proteger as outras pessoas com quem convivemos”, afirma Marilda Siqueira.

VOTE NO PRÊMIO CLAUDIA 2017: As finalistas e detalhes da edição estão no site oficial.

 

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