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Mulher extrai olho após doença causada por lente de contato e faz alerta

Marcela Monferdini, de 35 anos, sofreu por 10 anos com doença causada pelo mau uso do produto

Por Da Redação
Atualizado em 17 fev 2020, 16h33 - Publicado em 24 jun 2019, 17h54

Marcela Monferdini, de 35 anos, sofreu durante dez anos com uma doença rara causada pelo mau uso da lente de contato. Em relato ao Viva Bem, da UOL, ela conta como foi o processo e faz alerta para que as pessoas usem o produto da maneira correta.

Ela conta que sempre fez uso de lente de contato por conta de sua miopia. Em 2007, quando tinha 23 anos, acordou com o olho inchado. “Joguei água achando que limpar melhoraria o problema, mas nada diminuiu o inchaço”, conta.

Pensando que era apenas uma irritação, Marcela passou uma semana com o problema até procurar um oftalmologista. O médico achou que era herpes e recomendou remédio para tratar a doença. Entretanto, os sintomas não melhoraram.

Após dois meses, a dor ainda era presente e ela procurou outro médico. “Ele disse que eu tinha um bichinho muito chato e difícil de curar, mas não deu nenhum diagnóstico preciso. Ele receitou corticoides, o que mascarou a doença”, relata a mulher.

Marcela com o olho vermelho e inchado
Marcela com o olho vermelho e inchado (Arquivo Pessoal/UOL/Reprodução)

“O problema persistia e meu olho não melhorava de jeito nenhum: coçava o tempo todo, ficava vermelho e parecia sempre que estava com areia. No meio disso tudo, já havia emagrecido doze quilos, pois não conseguia me alimentar normalmente, e adquiri sensibilidade à luz”, relembra Marcela.

Após isso, ela conta que um dos médicos recomendou o uso de uma lente de contato terapêutica. “No começo ela pareceu ter resolvido o problema. No entanto, depois de duas semanas, ao retirá-la no consultório, meu olho estava completamente branco. Fiquei desesperada e não acreditei no que estava acontecendo”, conta.

Depois de ter passado por vários médicos diferentes, o diagnóstico foi dado: ceratite, uma inflamação na córnea. No caso de Marcela, o problema foi causado por um protozoário chamado Acanthamoeba, encontrado na água e que aderiu à lente de contato e penetrou no olho.

“O médico me alertou que o diagnóstico foi feito tarde demais e disse que o problema era grave. Ele disse ainda que o parasita gostava de lugares úmidos e que usar lentes de contato em piscina, durante o banho e não higienizar direito com produtos específicos aumentam o risco do problema. Comecei a lembrar e, de fato, eu tinha pouco cuidado com a lente, mas não imaginava que poderia chegar a esse ponto”, revela.

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Olho de Marcela
(Arquivo Pessoal/UOL/Reprodução)

O médico receitou um medicamento importado e, segundo o relato de Marcela, ele afirmou que, se não melhorasse, teria que optar pelo transplante de córnea. O tratamento foi feito por quase um ano, mas, novamente, houve uma piora dos sintomas. Dessa vez, o transplante foi necessário.

“Entrei para a fila e consegui fazer a cirurgia em alguns dias, pois meu caso era gravíssimo”. Infelizmente, o organismo de Marcela rejeitou a nova córnea e provocou catarata e glaucoma.

“Os médicos já não sabiam mais o que fazer. Estava pingando oito colírios nos olhos e sentia uma dor insuportável neles que atingia a cabeça, não tinha mais forças para nada”, lamenta.

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Depois disso, Marcela procurou uma especialista em doenças raras de córnea, que cortou todos os remédios e focou em outro tratamento. Porém, Marcela ainda sentia dor e passou a vomitar frequentemente. A pressão de seu olho estava muito alta e ela havia desenvolvido glaucoma novamente.

“Eu já estava no meu limite. Estávamos fazendo de tudo e já realizado inúmeras cirurgias, tratamento com laser, colocado pedaço de placenta, tudo. Sentia muita dor, cheguei aos 30 anos me sentindo uma fracassada”, desabafa. “Não tinha emprego, larguei a faculdade, tudo por causa do meu olho. Minha vida estava parada por causa do problema.”

(Arquivo Pessoal/UOL/Reprodução)

Devido ao tamanho sofrimento, Marcela tomou uma decisão difícil. Ela iria tirar o olho esquerdo. “Como já tínhamos testado de tudo e nada deu certo, achei que essa era a melhor solução. Alguns médicos tentaram me impedir e tive que ir atrás de um laudo que mostrava que recorri a diversas técnicas, todas sem sucesso”.

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O olho de Marcela foi retirado com um cirurgião plástico ocular. Hoje, ela usa uma prótese interna de polietileno e uma externa para fins estéticos. “Depois que tomei essa decisão, foi vida nova: prestei concurso público, terminei a faculdade, casei e pude ser feliz”, afirma. “Embora tenha sofrido muito, o problema serviu para que eu alertasse outras pessoas da importância de cuidar e fazer o uso correto das lentes”.

O que é ceratite?

CLAUDIA conversou com Lísia Aoki, oftalmologista do Hospital das Clínicas, para entender melhor sobre a ceratite. Ela explica que se trata de uma inflamação na córnea, uma estrutura em forma de lente transparente.

A ceratite tem causas diferentes, podendo ser causada por infecção bacteriana ou por protozoário – como o caso de Marcela.

Quais são os sintomas de ceratite?

De acordo com Lísia, os principais sintomas da inflamação são:

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  • Dor no olho;
  • Embaçamento visual
  • Vermelhidão na região do olho.

Como evitar a doença?

A oftalmologista explica que, no caso de Marcela, higienizar de maneira correta as lentes de contato é essencial. “É importante limpar as lentes de maneira correta e não usá-las por mais tempo do que o recomendável. Há algumas pessoas, por exemplo, que usam a lente de vencimento de um mês, por dois ou três meses. Isso é errado”, explica.

É importante ainda lembrar que as lentes de contatos não devem ser usadas durante o banho ou mares e piscinas. “Isso pode aumentar o risco de infecção”, alerta Lísia. “Não existe lente liberada para uso em água. Em situações específicas, como um nadador que tem o grau de miopia muito alto, é recomendável usar a lente descartável de um dia”.

A médica ainda acredita que se o diagnóstico correto, no caso de Marcela, tivesse sido dado rapidamente, ela teria mais chances de uma melhora.

Como tratar a ceratite?

Por fim, Lísia explica que o tratamento da doença depende da sua causa. No caso de Marcela, por se tratar de uma infecção por protozoário, é necessário o uso de produtos específicos para matar o Acanthamoeba.

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Segundo a oftalmologista, nos casos mais comuns, causados por bactérias, o uso de antibiótico costuma resolver o problema.

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