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Médica brasileira com Covid-19 é curada pelo próprio estudo científico

Carmen Valente Barbas é referência em pesquisas sobre ventilação mecânica, recurso usado no seu tratamento contra o coronavírus

Por Da Redação
Atualizado em 13 jul 2020, 17h38 - Publicado em 13 jul 2020, 17h00

A internação por Covid-19 da pneumologista Carmen Valente Barbas, 60 anos, abalou a luta contra um inimigo invisível. A pesquisadora, professora e médica dos hospitais das Clínicas e Albert Einstein possui uma extensa carreira, com mais de 35 anos, e é destaque em ventilação mecânica, recurso usada no tratamento de casos graves de coronavírus.

Carmen seguiu os passos de seu pai, o médico João Barbas Valente, que também é pneumologista e ex-professor da faculdade de medicina da USP. Formada na mesma instituição de ensino, em 1995, Carmen iniciou seu doutorado em ventilação mecânica, conhecida como Ventilação Protetora Pulmonar.

Uma pesquisa científica liderada por ela e o colega Marcelo Amato mostrou a hipótese de que a ventilação danificasse os pulmões de pacientes, já que as chances de uma pessoa com uma doença pulmonar aguda morrer ao receber a ventilação mecânica eram altas.

“Estávamos estudando a ventilação mecânica em pacientes com Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo, a SDRA. Na época, a mortalidade dessa síndrome era 70%, então, todo mundo que trabalhava em terapia intensiva ficava desanimado, porque você ventilava o paciente e 70% deles morriam”, disse Carmem à reportagem da BBC News Brasil.

Naquele tempo, segundo a pneumologista, pacientes com pulmões lesados pela SDRA tinham uma complacência mais baixa, ou seja, eram mais duros. Quando o volume alto de ar era colocado no pulmão, acabava lesionando por causa da forte pressão no sistema respiratório. Entre um ajuste e outro, o grupo passou a ventilar esses pacientes com corrente de ar mais baixa. No ano de 1998, o estudo foi publicado na New England Journal, renomada revista científica.

Com as adaptações, o número de mortes caiu para 40%. Em 2000, um estudo americano confirmou, também na New England Journal, que a abordagem do grupo da USP era a melhor até o momento. Com índice de mortes diminuindo para 30%, a equipe liderada por Carmen e Marcelo ajudou a transformar a ventilação mecânica no mundo.

Coronavírus e internação

Com a chegada do novo vírus no Brasil, Carmen chegou a escrever um artigo para a Sociedade Paulista de Terapia Intensiva sobre o coronavírus. Pela idade e por ser hipertensa, pertencia ao grupo de risco, mas tomava todos os cuidados, como o uso de máscara, enquanto trabalhava no atendimento os pacientes. “Com colegas, fui uma das primeiras a dizer, ‘não chega perto, vamos manter distância’. Parei de beijar os colegas, de dar a mão para os pacientes, sempre com o álcool gel pendurado na bolsa”, contou.

Mas, no dia 19 de março, os primeiros sintomas começaram a aparecer. Carmen sentia dor de garganta, tosse e dores no corpo. Apesar de não estar cuidando de pacientes com a covid-19, sentia-se muito cansada. “Qualquer coisa que eu fazia era uma fadiga absurda. ‘Tem alguma coisa estranha acontecendo’, eu falei”. 

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Sem febre e com a oxigenação normal, ela insistiu no teste que foi realizado no dia 23. No dia 27, quando saiu o resultado, a confirmação: Carmen contraiu o novo coronavírus. Assim, ela pediu para ser internada por causa do cansaço que sentia.

Na noite do dia 27, ela chegou ao hospital Albert Einstein onde trabalha e, como a maioria dos casos de coronavírus, seu quadro se agravou de forma muito rápida e no dia seguinte precisou ser entubada. Respeitando os estudos da própria Carmen, era preciso seguir os preceitos da Ventilação Protetora Pulmonar e ventilar gentilmente o pulmão da paciente para evitar possíveis danos.

No dia 20 de abril, Carmen recebeu alta do hospital e sem apresentar sequelas, voltou ao trabalho no mês de junho. “Acho que peguei o vírus de alguém que estava contaminado assintomático e que chegou muito perto, ou dentro do elevador no hospital”, contou.

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