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Conheça Júlia Presotto e Lucie Alessi, fundadoras do projeto ‘MAMA’

Há dois anos, ambas iniciaram um movimento para disseminar a cultura de prevenção acerca do câncer de mama de forma democrática

Por Kalel Adolfo
Atualizado em 26 out 2023, 09h54 - Publicado em 26 out 2023, 09h53
Júlia Presotto e Lucie Alessi, co-fundadoras do projeto MAMA.
Lucie Alessi e Júlia Presotto, co-fundadoras do projeto MAMA (Daniel Andres/Reprodução)
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O câncer de mama, quando detectado em estágio inicial, tem mais de 90% de chance de cura. Todavia, no Brasil, apenas 1/3 das mulheres faz mamografia — número extremamente preocupante se levarmos em consideração que uma em cada oito mulheres irá desenvolver a doença, segundo dados do American Cancer Society. Pensando nisso, Júlia Presotto e Lucie Alessi, que participarão de um painel especial na Casa Clã no dia 31/10, decidiram desenvolver o projeto ‘MAMA’, lançado este mês pela Wheel, agência criativa com foco em projetos na área da saúde.

Nele, as fundadoras unem forças para criar uma plataforma multicultural que dissemina informações sobre o câncer de mama de forma acessível, democrática e responsável. Tudo isso, vale reforçar, acontece em prol da criação de uma cultura de prevenção com alta taxa de adesão.

A seguir, você confere uma entrevista com Presotto e Alessi, que contam sobre as suas trajetórias inspiradoras que culminaram na criação deste movimento urgente e necessário.

A conexão de Júlia Presotto com o MAMA

Júlia revela que a sua história profissional está intimamente ligada à sua bagagem pessoal: “O câncer não é algo novo em minha vida. Minha mãe e avó faleceram por conta de um câncer de pulmão. Também sou casada com um oncologista especializado em câncer de mama há 22 anos. Venho navegando neste universo há um tempo”, explica.

Desde a infância, a publicitária realizava campanhas em casa, com a ajuda de cartazes, para que sua mãe e avó parassem de fumar. “Hoje sei que o vício não é tão simples assim, envolve questões muito profundas. Mas quando eu era criança, espalhava cartazes para que elas largassem o hábito”, revela.

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Presotto, que teve um início de carreira extremamente bem-sucedido na moda, viajou o mundo inteiro como modelo até se formar em publicidade, em Porto Alegre. Nessa época, conheceu o marido, que já havia iniciado a trajetória na oncologia. “Fomos morar na Europa em função das pesquisas dele relacionadas ao câncer. Lá, realizei o meu master em sociologia, que foi onde compreendi de fato o comportamento do consumidor, quem somos nós na sociedade e como a força da comunicação atua.”

Aliás, justamente por compreender o impacto da comunicação, Júlia passou a se sentir insatisfeita em trabalhar sem um verdadeiro senso de propósito. “Às vezes, ao final do dia, estamos trabalhando com uma marca apenas para vender shampoo. Ok, isso pode ser lindo, mas eu queria trabalhar com coisas necessárias. Com isso, me motivei a trabalhar na área da saúde”, conta.

A partir daí, a publicitária fundou a Wheel, agência criativa focada em projetos de saudabilidade e prevenção. Mais tarde, através da parceria com Lucie, nasceu o ‘MAMA’, projeto de comunicação independente que vem sendo construído há cerca de dois anos.

“O Mama tem inúmeras facetas: moda, arte, ciência, esporte, tecnologia, bem-estar. Acredito que todos esses territórios, especialmente a arte, têm o poder de sensibilizar o público”, afirma.

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Abordando um assunto difícil de maneira leve

Para ela, um dos principais nortes da plataforma é falar sobre um assunto que é complexo e urgente de uma maneira mais positiva e preventiva: “Não estamos direcionando a nossa comunicação para pacientes. Queremos falar com o público jovem justamente para criar essa cultura de prevenção, esse comportamento de estar e ser saudável. Até porque, o câncer de mama é extremamente prevenível por hábitos saudáveis, que independem de fatores genéticos ou hereditários”, revela.

Presotto destaca que, por mais forte e imprescindível que seja o universo científico acadêmico, as informações deste universo tendem a ficar restritas a congressos. “É necessário transbordar esses muros. Sair do congresso e ir para a sociedade de um jeito mais suave e bacana para o grande público. Superar os muros acadêmicos é um dos propósitos do MAMA.”

O encontro entre Júlia e Lucie

Assim como Júlia, Lucie também compartilha uma conexão íntima com a temática oncológica e social. “Desde os 12 anos, tocava projetos do gênero. Organizava festinhas e festivais de rock com o intuito de realizar trabalhos comunitários, especialmente em zonas mais sensíveis de minha região.”

Aos 15, Alessi se tornou a primeira presidente do Rotaract, onde intensificou o seu ativismo. Durante a fase adulta, a co-founder do MAMA também chegou a perder avós, tias e o pai para o câncer. “Na época da pandemia, notei um nódulo no seio, realizei exames e descobri que corria um certo risco de desenvolver a doença”, revela.

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Como estratégia preventiva, a especialista em direitos autorais retirou os dois seios. “Adotei uma medida que poucas pessoas têm acesso. Então, reconhecendo o meu lugar de privilégio, escolhi me prevenir.”

Com tantas vivências intensas, Júlia e Lucie se encontraram em um evento de mídia e arte promovido por Alessi em Porto Alegre. A conexão entre as duas acabou resultando no que hoje é o ‘Mama’: “Pensamos nesse projeto como algo múltiplo, como uma plataforma. Por isso existe a união entre arte, moda, ciência, bem-estar e tecnologia. Existem muitas iniciativas essenciais no Brasil, mas o ‘MAMA’ vem para preencher uma lacuna que é falar de uma forma simplificada com as mulheres. A nossa missão é pulverizar e democratizar a informação”, reitera.

Ela também pontua que o desejo atual é falar com mulheres de 18 a 45 anos, desmistificando que o câncer de mama só acomete nossas parentes mais velhas, por exemplo.

Como o projeto irá operar

Lucie Alessi revela que, inicialmente, a ideia era fazer do MAMA um evento. Contudo, o plano reforçava a ideia da prevenção estar limitada a um período específico.

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“Queríamos extrapolar isso. Daí, surgiu a ideia de desenvolver uma plataforma com diversas frentes robustas: temos as mídias sociais, onde geramos conteúdos informacionais e inspiracionais, a parte dos projetos, onde realizamos pesquisas.”

Ela continua: “Há projetos de sensibilização, envolvendo comunidades, justamente para fazer a informação chegar em mulheres que não estão em nossas bolhas. A parte com ativação de marcas [como a Abril] também é imprescindível, pois as companhias têm sim responsabilidade social. Não adianta vender para mulheres e não cuidar desse público”, opina.

A especialista também destaca a área de consultoria do MAMA, que visa transformar o serviço em referência para prevenção de câncer de mama entre o público jovem. “Não basta fazer apenas uma campanha: tem que ser um movimento permanente. Viemos para ficar. Queremos só crescer e fazer essa informação chegar ao maior número de pessoas possível.”

Barreiras atuais

Por fim, Presotto aponta as principais barreiras quando o assunto é câncer de mama: “Existe a barreira da infraestrutura, pois algumas cidades não têm equipamento ou especialistas qualificados o suficiente. Há as barreiras de tratamento, de acesso e, onde está o nosso foco atual, barreiras de comunicação”, clarifica.

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Neste último ponto, Júlia e Lucie garantem: é necessário que a cultura preventiva chegue de uma forma que todos compreendam. “A nossa tagline é justamente: ‘se o câncer de mama é silencioso, nós seremos barulho’. Precisamos democratizar a informação, com foco maior em mulheres em contextos vulneráveis, para que elas construam conosco essa cultura tanto de cuidado quanto de autocuidado”, conclui a publicitária.

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Casa Clã + Mama

Em 31 de outubro, a Casa Clã retorna junto ao MAMA com uma programação especial focada na informação e prevenção do câncer de mama. Apesar de fechado ao público, os maiores destaques do evento poderão ser acompanhados pelo site de Claudia e VEJA Saúde, através deste link, além de nossas redes sociais.

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