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Por que a geração 50+ vai mudar o Brasil — e ninguém está preparado para isso

A longevidade traz desafios e oportunidades, exigindo um diálogo renovado sobre cuidado, planejamento e qualidade de vida

Por Tati Gracia
17 nov 2025, 10h00
Imagem de casal de idosos dançando representando qualidade de vida
O envelhecimento da população exige planejamento financeiro (Getty Images/CLAUDIA)
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No Brasil, já são 59 milhões de pessoas com mais de 50 anos, segundo a ONU (2024). Isso representa 27% da população. A cada 20 segundos, alguém cruza essa marca simbólica, ingressando em um grupo que cresce em ritmo acelerado. Dentro de apenas duas décadas, quatro em cada dez brasileiros terão mais de 50 anos. É um movimento rápido, profundo e que já está transformando famílias, carreiras e relações.

Apesar da potência, ainda lidamos com esse dado de forma despreparada. Longevidade não é só sobre viver mais. É sobre viver com autonomia, dignidade e proteção. Sem estrutura, o tempo extra vira dívida: de saúde, de recursos e de qualidade de vida.

O custo de viver mais sem políticas que acompanhem

Os números confirmam a virada. Em 2024, a geração 50+ movimentou R$ 1,8 trilhão no Brasil, quase um quarto do consumo das famílias, segundo a pesquisa Série Brasil Prateado da consultoria Data8. A projeção é que, em 20 anos, essa cifra ultrapasse R$ 3,8 trilhões, representando 35% do consumo domiciliar privado. Ainda assim, esse segmento etário da população segue invisível nas estratégias de marcas, nas políticas públicas e até nas conversas cotidianas.

O maior risco hoje não é morrer cedo, mas viver mais do que o dinheiro consegue sustentar. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que famílias brasileiras gastam até 30% da renda com saúde de idosos, enquanto dados do Ministério da Saúde mostram que 70% das mulheres cuidadoras destinam mais de 40% da sua renda a esse papel. E não se trata apenas de medicamentos: é moradia que precisa de adaptação, transporte acessível, suporte emocional que raramente existe…

Planejar é preciso

Sem planejamento, a longevidade pode significar apenas prolongar o cansaço. É nessa hora que a economia do cuidado entra como eixo central. Cuidar tem custo de tempo, dinheiro e oportunidades — que recai majoritariamente sobre as mulheres. No meu livro Diversa-IDADE intitulo essa geração como sanduíche, sempre entre o papel de sustentar silenciosamente a engrenagem familiar e social e o de seguir sem ser vista quando o tema é cuidado e qualidade de vida.

É nesse intervalo da vida que a invisibilidade feminina pesa mais. Somos nós que sustentamos o emocional da família e coordenamos a rotina de quem depende de nós. Mas, quando olhamos para as políticas de cuidado, raramente estamos no centro. Isso é o que chamo de invisibilidade madura: o maior desperdício humano do nosso tempo.

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Esse é o paradoxo da longevidade. De um lado, uma das maiores conquistas da nossa história: nunca tantas mulheres chegaram aos 50, 60 ou 70 anos com vitalidade e desejo de continuar contribuindo. De outro, sem preparo, essa conquista se transforma em dívida coletiva, que recai sobre famílias, sobrecarrega mulheres e tensiona sistemas de saúde.

O que sustenta a longevidade é o que ainda evitamos discutir

A grande questão é que o futuro não se resolve sozinho. Se a economia do cuidado é a base que sustenta a vida, ela precisa estar no centro das decisões em casa, nas empresas e no poder público. Isso significa compartilhar responsabilidades, repensar moradia e mobilidade com olhar intergeracional, garantir acesso à saúde preventiva e criar redes de apoio que aliviem a sobrecarga. Também significa encarar escolhas financeiras com antecedência: planejar orçamento, revisar prioridades e conversar sobre o “como” e o “onde” vamos querer viver nos próximos anos.

Nada disso acontece sem diálogo. É preciso haver conversas entre casais, entre mães e filhas, entre irmãos. Conversas sobre dinheiro, tempo e limites. Não adianta pensar na longevidade como algo distante. Ela já está aqui.

A questão não é se vamos viver mais — a questão é: vamos viver melhor? A longevidade não cabe mais em frases feitas nem em promessas vagas. Ela exige a coragem de olhar para frente com lucidez e, ao mesmo tempo, agir no presente.

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Planejar é cuidado. E cuidado, quando real, é liberdade.

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