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Como ficam vida e organismo quando você decide parar de beber socialmente

Modo de vida “álcool zero” tem cada vez mais adeptos e atrai quem quer deixar os drinks do happy hour e das festas de lado.

Por Raquel Drehmer
Atualizado em 16 jan 2020, 02h50 - Publicado em 9 jan 2019, 06h30
Close up shot of young friends toasting drinks at sidewalk cafe. Two happy women enjoying drinks and chat at outdoor coffee shop. (jacoblund/Getty Images)
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Ao pensar nas dezenas de confraternizações que teria em dezembro e na folga que emendaria na praia na primeira semana de janeiro, a analista de RH Denise Nunes ficou assustada ao pensar na quantidade de álcool que acabaria bebendo. “Entre chopes, caipirinhas e outros drinques, seriam tranquilamente uns 30 litros de bebidas alcoólicas. É muito. Sem contar as ressacas, que sempre me pegaram de jeito”, afirma. Então tomou uma decisão radical: passar por todo esse período à base de água, sucos e drinques sem álcool.

O objetivo foi alcançado com sucesso e agora, de volta à rotina, ela pretende se manter sem álcool. “Aproveitei muito bem todas as festinhas, dei muita risada, beijei muito, tudo sem copo de bebida alcoólica na mão. Agora sou ‘álcool zero’.”

Denise não está sozinha no abandono do copo. Segundo o Pinterest, as buscas por “vida sem álcool” aumentaram 746% em dezembro de 2018. A contadora Patricia Pontes faz parte deste time – inclusive do público que procurou pelo termo no Pinterest.

Além da vontade de não ficar alterada pelo álcool, Patricia teve um motivo bem prático para optar por parar de beber: ficou desempregada em outubro do ano passado, não queria deixar de sair com os amigos e percebeu o peso das bebidas nas contas dos bares nos fins de noite. “Comecei a intercalar água e sucos e agora gasto um terço do que quando bebia cerveja e vodca. Não pretendo voltar a beber tão cedo”, diz.

Pressão social e associação à felicidade: obstáculos para deixar de beber socialmente

As duas revelam que a maior dificuldade para ficar sem bebidas alcoólicas foram e continuam sendo os amigos. Ana Paula Carvalho, psiquiatra do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, confirma que este é o principal obstáculo que praticamente todas as pessoas encontram quando decidem parar de beber.

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Ela explica: “O mais difícil não é não beber, é chegar no lugar e as pessoas ficarem insistindo para que você beba ‘só este copo’, ‘só este drink’. A pressão pode fazer a pessoa pensar ‘não serei eu a única chata a não beber nesta festa’ e não é raro acabar cedendo.”

Outro ponto emocional que muitas vezes dificulta o sucesso da decisão de ficar longe daquele chopinho e daquele brinde com espumante é a associação à felicidade. “Pode acontecer de a pessoa associar bebida alcoólica a festas, risadas, diversão, e é difícil quebrar essa ligação, entender que os amigos e os encontros é que são as causas dos momentos felizes”, observa a psiquiatra.

O corpo agradece DEMAIS quando paramos de beber

Apesar de algumas pesquisas indicarem que o consumo moderado de álcool pode ser benéfico para a saúde – por exemplo: o vinho tinto pode auxiliar no tratamento de ovários policísticos –, abrir mão de bebidas alcoólicas, no quadro geral do organismo, é ainda melhor.

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“Uma vida sem álcool aliada a uma alimentação saudável é o que mais beneficia qualquer pessoa”, afirma Cynthia Valério, presidente do Departamento de Dislipidemia e Aterosclerose da SBEM – Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. “Muitas vezes, inclusive, o álcool impede a alimentação adequada, porque altera o paladar. Mesmo dietas que devem ser seguidas por causa de doenças ou pela vontade de perder de peso ficam inviáveis.”

Ela também destaca o prejuízo sofrido pelas atividades físicas quando bebemos, já que o álcool desidrata o organismo e o dia seguinte sempre terá uma performance mais fraca.

A endocrinologista Juliana Garcia Dias, membro titular da SBEM, conta que qualquer álcool que circule pelo organismo terá algum efeito desde o sistema nervoso central (diminui a concentração e os reflexos, dificulta a coordenação e altera as funções visuais, entre outros males) até o metabolismo.

Em curto e médio prazo, ao cortarmos a bebida alcoólica de nossas vidas notaremos melhora da pele, da qualidade do sono, da disposição geral e para a realização de atividades físicas e melhora de parâmetros metabólicos, com a regularização do peso. Ou seja, o corpo agradece – e muito – pela decisão de quem adora a o estilo de vida “álcool zero”.

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