As mulheres e o câncer
Câncer de mama, reto e colo do útero são os mais incidentes entre elas. Entenda a importância dos centros de referência para o cuidado das pacientes
A cada ano, 625 000 brasileiros recebem o diagnóstico de câncer. A estimativa é do Ministério da Saúde.1 Nas mulheres, tirando o tumor de pele não melanoma, os cânceres de mama (66 280 casos por ano), cólon e reto (20 470 casos por ano) e colo do útero (16 710 casos por ano) são os mais incidentes.1,2 Apesar de preocupantes, os números revelam, em comparativo histórico, que cada vez mais o câncer é visto como uma doença tratável e curável, não sendo uma sentença de morte, como era encarado anteriormente.3
De acordo com o dr. Victor Araújo, oncologista do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), que faz parte da Dasa, maior rede de saúde integrada do Brasil, no Rio de Janeiro, o rastreamento da doença – que consiste na aplicação de teste ou exame em população sem sintomas4 – e a detecção precoce, que acontece quando já há algum sinal do problema, são imprescindíveis para aumentar as chances de tratamentos mais efetivos, que podem ter como consequência a sobrevida, mais qualidade de vida e a cura.
Prevenção é o melhor remédio
O câncer de mama é um tumor que possui prevenção a partir da adoção de hábitos saudáveis, por exemplo, ou por meio de rastreamento, a fim de fazer o diagnóstico precoce, como aponta a dra. Anezka Ferrari, oncologista do Hospital Santa Paula e médica do Instituto de Oncologia Santa Paula (IOSP), ambos pertencentes à Dasa, em São Paulo. Segundo ela, realizar a mamografia anual a partir dos 40 anos de idade tem um impacto positivo na saúde. “Descobrir um tumor pequeno, que ainda não é palpável, tem um prognóstico melhor e um tratamento mais simples. Isso implica solucionar o problema antes que ele cause sintomas ou evolua”, recomenda a médica.
No caso de câncer de cólon e reto, o dr. Victor Araújo informa que o exame para detectar lesões é a colonoscopia, que deve ser feita no check-up a partir dos 45 anos de idade. E, quanto ao tumor de colo de útero, a dra. Adriana Bittencourt Campaner, ginecologista do Delboni Medicina Diagnóstica, laboratório de análises clínicas e imagem, que também pertence à Dasa, em São Paulo, reforça que de 95% a 99% dos casos estão relacionados ao vírus HPV.
“Para ter o câncer de colo do útero, a paciente precisa ter o HPV. Mas existem outros fatores associados, como início precoce da atividade sexual, uso de hormônios, tabagismo, baixa imunidade, HIV, transplante e assim por diante. Se ela tiver o HPV e esses fatores de risco, pode desenvolver o pré-câncer, que pode ser tratado e curado”, informa a ginecologista.
Existem, então, como explica a médica, dois tipos de prevenção. A chamada prevenção primária consiste em evitar que as pacientes entrem em contato com o vírus. “Isso é feito por meio da orientação sexual das jovens e da vacinação contra o HPV”, afirma. “Já a prevenção secundária é o rastreio do pré-câncer, feito pela coleta do exame de Papanicolau e do exame de DNA do HPV.”
Tecnologia em prol das pacientes
Atualmente, os testes para identificar mutações genéticas desempenham um importante papel no rastreio do câncer. O dr. Victor Araújo destaca a investigação de mutações no gene BRCA, que indicam uma maior probabilidade de neoplasias de mama e ovário. Ela é recomendada para quem tem histórico familiar da doença e, a partir de um resultado positivo, é possível agir para evitar que a enfermidade apareça.
O especialista ressalta também o avanço dos tratamentos. Além da quimioterapia, que hoje conta com opções que causam menos efeitos colaterais, as cirurgias e a radioterapia, realizadas com equipamentos mais tecnológicos, há outras opções altamente eficazes, como a terapia-alvo e a imunoterapia. “Outro tratamento revolucionário é o direcionado para mutações genéticas, os inibidores de PARP. Com a medicina cada vez mais personalizada, oferecemos tratamentos específicos, chegando a desfechos melhores”, diz o dr. Victor Araújo.
O câncer é uma doença complexa. Por isso, a melhor forma de acompanhar os pacientes é com a ajuda de uma equipe multidisciplinar e em centros de referência. “Se a paciente estiver sendo atendida em uma estrutura fragmentada, terá que percorrer um longo caminho para receber o melhor tratamento”, diz o especialista. “Na Dasa, nós temos um grande parque de imagem, temos a Dasa Genômica, braço genômico da rede, para a identificação de alvos terapêuticos e temos uma interação entre os profissionais que não é vista em outros serviços. Isso faz muita diferença”, completa o dr. Victor.
Referências:
- Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer (INCA). Estimativa 2020. Introdução. Disponível em: https://www.inca.gov.br/estimativa/introducao. Acesso em: 11 set 2022.
- Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer (INCA). Estatísticas de câncer. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/numeros. Acesso em: 11 set 2022.
- Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer (INCA). Vontade de viver. Disponível em: https://www.inca.gov.br/campanhas/dia-nacional-de-combate-ao-cancer/2017/vontade-de-viver. Acesso em: 11 set 2022.
- Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer (INCA). Detecção precoce. Disponível em: https://www.inca.gov.br/controle-do-cancer-de-mama/acoes-de-controle/deteccao-precoce. Acesso em: 11 set 2022.