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As doenças que interferem na vida sexual

Coceira, falta de lubrificação e queda na libido são alguns dos fatores que atrapalham o sexo. Tratá-los significa ter mais prazer e satisfação

Por Texto Maurício Brum e Sílvia Lisboa | Colaboraram Juan Ortiz e Stéfani Fontanive
Atualizado em 19 abr 2023, 13h26 - Publicado em 19 set 2019, 08h00
Saúde sexual
 (Elisa Riemer/CLAUDIA)
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Em uma receita culinária, a falta de um ingrediente compromete o resultado e pode levar ao fracasso. Equação semelhante se dá quando uma pessoa está feliz profissionalmente, tem um parceiro bacana ao seu lado, mas não conta com uma vida sexual prazerosa e, por isso, se sente insatisfeita.

Afinal, não se trata de um componente menor – ele tem tanta importância quanto os demais. E nem sempre o problema está na relação com o outro ou com a autoestima. Não se sinta mal, portanto, se faz tempo que você não consegue sentir tesão ou chegar ao orgasmo. Muitas vezes, doenças e mudanças hormonais que, a princípio, parecem banais atrapalham profundamente a vida sexual.

A candidíase, infecção causada por um fungo que habita a vagina, por exemplo, atinge 50% das mulheres em algum momento, segundo estudo da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. A mesma porcentagem se aplica à infecção urinária, de acordo com a Associação Europeia de Urologia.

Hábitos insuspeitos, o uso indevido de medicamentos e até alguns tecidos e tipos de roupa podem piorar a situação e roubar horas de prazer. Além disso, mudanças hormonais e outros distúrbios relacionados ao envelhecimento impactam a saúde sexual e o comportamento das mulheres. Mas não desanime! A seguir, especialistas explicam o que se deve fazer para prevenir e combater esses inimigos do prazer.

Candidíase, o fungo da ardência

Essa infecção acontece quando o fungo Candida albicans se prolifera na vagina. Os sintomas são coceira, ardência, corrimento vaginal que lembra leite talhado e, o pior, fortes dores durante a penetração. Apesar de os incômodos estarem relacionados ao sexo, a candidíase não é classificada como doença sexualmente transmissível pela Organização Mundial da Saúde (OMS) – ou seja não é transmitida ao parceiro. “Esse fungo já existe no nosso organismo; é o mesmo que provoca o sapinho (na língua)”, explica a ginecologista Cláudia Jacyntho, professora da Faculdade Souza Marques, no Rio de Janeiro.

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Portanto, a prevenção requer mais cuidados pessoais rotineiros do que aqueles tomados durante o sexo. Quando a infecção é considerada recorrente, ou seja, manifesta-se mais de quatro vezes ao ano, é preciso ficar atenta às peças de vestuário do dia a dia. Deve-se evitar calças jeans muito justas, calcinhas apertadas e fio-dental. Da mesma forma, não se recomenda ficar com as roupas da academia por muito tempo após o exercício. “Tecidos grossos, com poucos poros, dificultam as trocas de ar com o meio ambiente e provocam um efeito estufa. Eles abafam e fazem o corpo suar, criando assim as condições ideais para o desenvolvimento dos fungos”, alerta Cláudia.

O uso frequente de corticoides ou antibióticos – autoadministrados ou receitados erroneamente – também pode favorecer infecções. “A Candida é oportunista. Se eu mato as bactérias boas com excesso de antibióticos, o fungo se aproveita disso e cresce”, explica Cláudia. A pílula anticoncepcional é outro fator que está associado ao aparecimento da candidíase, devido à queda brusca no nível hormonal que ocorre durante as pausas.

Até mesmo a dieta pode alterar o pH vaginal e agravar as crises. Carboidratos e laticínios são contraindicados, pois fermentam, potencializando a proliferação do fungo. “Deve-se controlar ainda o consumo de açúcares, que levam a um pH mais ácido, menor do que o ideal”, orienta a especialista. Já os probióticos, presentes em iogurtes, por exemplo, não têm eficácia comprovada. Sua ação seria, quando muito, indireta. Como influenciam na flora intestinal, acredita-se que o efeito poderia se estender para outras partes do corpo, inclusive para a flora vaginal.

Saúde sexual
(Elisa Riemer/CLAUDIA)

A falta de informação, contudo, leva a situações arriscadas. Por se tratar de uma infecção comum, muitas vezes as mulheres recorrem a técnicas caseiras e receitas familiares – para desespero dos médicos. Há, por exemplo, quem aplique iogurte na vagina. “A mulher não sabe como está a flora dela e qual o tratamento mais indicado. Aí coloca alho, vinagre. Isso pode bagunçar ainda mais o quadro”, aponta Cláudia.

Segundo a ginecologista, a automedicação desequilibra a flora vaginal, o que gera problemas no longo prazo. “É muito mais trabalhoso rearranjar a flora do que tratar a candidíase”, resume. Pomadas com corticoides também não podem ser utilizadas para prevenção sem recomendação médica – e as hidratantes servem apenas para aliviar as consequentes assaduras.

Quanto à higiene vaginal, dê preferência a sabonetes neutros, que não interferem no pH. A limpeza deve ser superficial, com movimentos delicados e sem adentrar o canal. Polêmico, o uso contínuo de sabonetes íntimos não é aconselhado. “Para algumas mulheres pode não causar nada, mas para outras é a fagulha necessária para levar à candidíase”, explica.

O ideal é nunca investir em um tratamento sem a devida orientação ginecológica. Às vezes, a infecção recorrente permite até identificar problemas subjacentes. “Um dos fatores que provocam a candidíase são as doenças autoimunes, como lupus ou câncer, e, em casos raros, até mesmo a aids”, afirma Cláudia.

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Cistite, a infecção da lua de mel

Outro problema que pode atrapalhar o sexo é a cistite, a infecção urinária mais comum , que até ganhou o apelido de cistite de lua de mel. A encrenca geralmente aparece após a relação sexual. Quem tenta fazer sexo enquanto a infecção está ativa pode sentir desconforto agudo no baixo ventre ou na área do períneo (entre a vulva e o ânus). Ela também não é uma doença sexualmente transmissível e não há risco de contaminar o parceiro.

A cistite começa com as preliminares, quando as bactérias – a maioria da espécie Escherichia coli – são deslocadas do ânus para a uretra durante a fricção entre mãos, partes íntimas e eventuais brinquedos sexuais. Dentro da uretra feminina, três vezes mais curta que a dos homens, os microrganismos chegam facilmente à bexiga.

Para preveni-la, recomenda-se urinar imediatamente após o sexo e não segurar o xixi ao longo do dia. A urina ajuda a limpar a uretra e não deixa que a colônia de bactérias tome conta. A higiene deve ser feita com água ou com papel higiênico – no sentido de frente para trás. Evite o uso de preservativos com espermicidas, porque modificam a flora vaginal e abrem espaço para os agentes infecciosos ganharem terreno.

O mais importante de tudo, entretanto, é procurar um médico assim que surgirem os sintomas da doença. Não recorra à automedicação. A matança das bactérias do bem pode trazer consequências bem mais sérias. “O uso indiscriminado de antibióticos tem levado ao aparecimento de resistência bacteriana”, alerta a ginecologista Iara Linhares, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

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Quando não se adota o remédio específico ou correto, morrem os microrganismos capazes de controlar as bactérias do mal, que se tornam mais fortes a cada nova mutação. Se não for tratada adequadamente, a cistite pode se tornar recorrente, e a dor constante atrapalha não só a rotina mas também a vida sexual. “A principal complicação é a progressão da infecção para os rins, causando a pielonefrite”, explica Iara. Nesse caso, a pessoa sente ainda dor na região lombar, calafrios e apresenta febre alta. Dependendo da gravidade, pode haver até necessidade de internação.

Saúde sexual
(Elisa Riemer/CLAUDIA)

Efeitos hormonais, o impacto a longo prazo

A expectativa de vida vem crescendo cada vez mais e nos mantemos ativas até idades mais avançadas. Portanto, temos de aprender a lidar com uma série de outros problemas que surgem na vida sexual. Quando as menstruações cessam, o estrogênio despenca e a vagina perde lubrificação e afina.

“É um conjunto de manifestações que pode deixar a penetração desconfortável e até mesmo dolorosa”, alerta a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) da Universidade de São Paulo. “Mulheres com sobrepeso tendem a sentir menos esses efeitos, pois produzem estroma, derivado do estrogênio nas células adiposas, que reduz a atrofia dos tecidos do canal vaginal e da vulva”, completa a ginecologista e obstetra Ana Lúcia Letti Müller, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

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Para repor esse hormônio, as médicas indicam cremes tópicos com ou sem estrogênio sintético – alguns à base de ácido hialurônico. Parte deles tem função hidratante. Devem ser aplicados de duas a três vezes por semana. Há ainda os lubrificantes específicos para o ato em si. A terapia de reposição hormonal pode ajudar, porém é prescrita para mulheres que apresentem outros sintomas do climatério, como fogachos, alterações de sono e intestinais, osteoporose e menopausa precoce – mesmo assim, com ressalvas. “Não é recomendada para pacientes com doenças autoimunes e maior risco de doenças coronarianas, entre outras”, diz Ana Lúcia. Tratamentos íntimos que utilizam laser são capazes de reduzir a atrofia, dar volume aos lábios e melhorar o sexo.

Um estudo de revisão publicado em agosto no jornal científico Lancet Diabetes & Endocrinology mostrou que a testosterona pode ser uma importante aliada na recuperação do apetite sexual – há queda de produção do hormônio na pós-menopausa. A má notícia, porém, é que as medicações à base desse hormônio específicas para mulheres ainda estão em testes.

Doenças mais comuns na terceira idade, como hipertensão – e seu tratamento com anti-hipertensivos –, diabetes e hipotireoidismo, também podem provocar queda na libido feminina. Já o transtorno do desejo sexual hipoativo (TDSH) costuma aparecer de forma mais intensa. É quando a mulher não se excita nem com os estímulos próprios nem com os do parceiro – e isso é causa de muito sofrimento.

Enquanto não se descobre uma solução farmacêutica, uma boa saída é a terapia. “Precisamos aprender desde cedo a cuidar da vagina e se preocupar com a relação e o sexo. Estudos mostram que quem tem uma vida sexual ativa e prazerosa passa pela pós-menopausa sem tantos problemas de lubrificação e sobressaltos”, diz Carmita.

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