Afinal, o anticoncepcional faz mal?
Os benefícios da pílula são inegáveis, mas é preciso cuidado na hora de escolher a sua para evitar problemas sérios. Conheça os riscos e também outros tipos de contracepção
Hoje existem diversos métodos contraceptivos, com e sem hormônios, mas a pílula ainda é o mais usado pelas mulheres. Ela traz muitos benefícios, além de evitar a gravidez. Entre eles, regula a menstruação, diminui as cólicas, melhora os sintomas da TPM e protege contra câncer de ovário e de endométrio. Entretanto, também pode representar riscos à saúde quando o uso é feito por conta própria, sem levar em consideração pontos importantes. “A decisão de tomar o anticoncepcional deve ocorrer em conjunto com o ginecologista, após conversa detalhada durante a consulta médica. Ele precisa saber de seu histórico familiar, hábitos de vida, medicações que toma. Um exame clínico também é feito”, explica o ginecologista Gustavo Ventura Oliveira, da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. Caso você não possa usar um método hormonal (além da pílula, existem outros listados abaixo), o médico dará alternativas.
Riscos implacáveis
Estima-se que o uso de anticoncepcionais com hormônios aumente em até quatro vezes o risco de a mulher sofrer uma trombose. Por isso é tão importante que o médico saiba se a paciente apresenta algum fator de risco que eleve ainda mais essas chances. Ter predisposição genética ou alguém na família com doença cardiovascular, ser fumante, sedentária, obesa, diabética e hipertensa são condições que podem impossibilitar a mulher de usar a pílula. Tudo vai depender da avaliação do médico. Além de trombose, uma pílula mal indicada pode provocar infarto e AVC.
Outros efeitos
A pílula pode ser responsável por outros incômodos: enjoo, dor de cabeça ou nas mamas, tontura, ganho de peso, manchas no rosto e também mudanças de humor. Nesses casos, peça para o médico uma pílula com outra formulação.
Usar pílula por muito tempo sem parar faz mal?
Não há um efeito cumulativo quando o uso é contínuo e por longos períodos. E, ao contrário do que muita gente pensa, tomar pílula por muito tempo não compromete a fertilidade da mulher. Conheça 16 mitos e verdades sobre o anticoncepcional
Antibiótico diminui o efeito?
Sim, antibióticos como a rifampicina, a tetraciclina e a ampicilina podem reduzir a eficácia da pílula, assim como alguns medicamentos anticonvulsivos usados no tratamento da epilepsia. Vale informar o ginecologista se for tomar um desses remédios e também usar camisinha.
A pílula detona o desejo sexual?
Sim, pode acontecer. É que o estrogênio diminui o nível de testosterona, hormônio masculino responsável pela libido. Consulte o médico e tente mudar o anticoncepcional.
Outros métodos anticoncepcionais
Hormonais
- Injetáveis mensais (progesterona e estrogênio)
Ideal para quem usa medicação que pode diminuir a eficácia da pílula ou mulheres que esquecem de tomar o contraceptivo. Como a pílula, eleva o risco de doenças vasculares em algumas pessoas.
- Anel vaginal (progesterona e estrogênio)
Indicado para quem não se adapta à pílula por sentir enjoo ou dor de cabeça. É colocado no fundo da vagina pela mulher e fica no corpo por três semanas. Também pode aumentar a possibilidade de doenças vasculares.
- Adesivo cutâneo (progesterona e estrogênio)
Colado na pele, é boa opção para quem enjoa com pílula. Cada adesivo dura uma semana. A chance de doenças vasculares também aumenta.
- Implante com progesterona
Dura três anos e é inserido sob a pele pelo médico, com anestesia local. É indicado para quem amamenta ou sofre de endometriose. O risco de doenças vasculares também existe.
- DIU de progesterona
Alivia cólica e é bom para quem tem endometriose ou fluxo intenso. Dura cinco anos e também eleva a chance de doenças vasculares em algumas mulheres.
- DIU de cobre
Dura de três a dez anos. Deve ser evitado por mulheres com cólicas ou fluxo intenso, já que pode agravar os sintomas. Não eleva o risco de doenças vasculares.
Não hormonais
- Preservativos
Além de evitar uma gravidez indesejada, a camisinha é eficaz para prevenir doenças sexualmente transmissíveis, como a aids, alguns tipos de hepatite e a sífilis. Caso você não se adapte a nenhum dos outros métodos, vale considerá-la. Não tem relação com doenças vasculares.