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A importância dos bancos de leite no desenvolvimento de bebês prematuros

Públicos ou privados, esses estabelecimentos ajudam no combate à mortalidade infantil e na promoção do aleitamento materno

Por Gabriela Teixeira (colaboradora)
Atualizado em 18 fev 2020, 10h02 - Publicado em 9 abr 2019, 17h17
amamentação
 (Sasiistock/ThinkStock)
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Único alimento necessário para a sobrevivência de um recém-nascido, o leite materno fornece não apenas os nutrientes fundamentais, mas também reforça o sistema imunológico, auxilia no desenvolvimento do sistema nervoso e até pode proteger contra a poluição. Sem falar no vínculo entre mãe e filho, que é fortalecido durante o processo de amamentação.

Não à toa, é consenso entre especialistas que o aleitamento deve ser mantido até o bebê completar, ao menos, 2 anos de idade. Contudo, fatores diversos podem comprometer esse momento especial.

Em 1998, a partir de uma parceria entre o Ministério da Saúde e a Fundação Oswaldo Cruz, foi criada a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (rBLH-BR). Seu objetivo era incentivar o aleitamento materno, além de instituir um sistema qualificado de coleta e distribuição de leite, contribuindo assim para a diminuição da mortalidade infantil.

“O melhor alimento para o prematuro é o leite materno, então o papel do banco de leite é alimentar todos os recém nascidos prematuros ou que apresentam complicações exclusivamente desse leite”, explica Mercedes Sakagawa, nutricionista e coordenadora responsável pelo Lactário e Banco de Leite Humano do Grupo Santa Joana.

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Com cadastro na rBLH, as maternidades do grupo estão submetidas ao mesmo regimento do Ministério da Saúde que os bancos de leite públicos. Contudo, há diferenças entre seus funcionamentos.

Público x Privado

“A rede pública faz captação, faz campanhas de doação, ela tem uma estrutura em que uma mãe que tem leite sobrando liga para o banco e ele vai até ela com uma equipe capacitada para retirar o leite, com material adequado. Tem um serviço de estímulo ao aleitamento materno em que vão captar as doadoras e o excedente. Na estrutura privada trabalhamos apenas com os bebês que nasceram na maternidade.”

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Os procedimentos de coleta e armazenamento do leite, por sua vez, seguem padrões semelhantes em ambos os casos. Seguindo as normas da rBLH, todo leite coletado deve passar por processos de seleção, classificação e pasteurização, sendo em seguida submetido a um controle de qualidade microbiológico. Tais procedimentos são realizados para evitar a transmissão de doenças, além de garantir que o leite ofertado seja de qualidade e tenha o valor nutricional necessário.

“É importante colocar que todo leite do banco vira um produto, então ele tem uma rotulagem em que a gente o classifica de acordo com a idade gestacional em que foi produzido. A importância dessa classificação é direcionar o produto de acordo com a necessidade do bebê. Assim, se o bebê precisa ganhar peso, por exemplo, é escolhido um leite específico para isso”, diz Sakagawa.

Para realizar a classificação, a equipe do banco se baseia, sobretudo, na idade do neném no momento em que o leite é lactado. Segundo a nutricionista, as propriedades físico-químicas do leite materno variam conforme o bebê cresce. Assim, ele pode ser separado em três categorias: colostro, que é produzido nos primeiros dias após o parto, de transição e, por fim, maduro, o mais calórico de todos.

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Além da nutrição dos recém-nascidos, os bancos de leite contribuem para manter a lactação materna. Sakagawa explica que o estímulo é efetuado especialmente “em casos em que o bebê ainda não pode mamar, pois se (o leite) não é tirado, a produção é afetada. Manter a mama estimulada é manter a produção efetiva”. Assim, é recomendado que ao menos de três em três horas as mães retirem o leite produzido.

Dificuldades no abastecimento

Com 225 bancos de leite humano e mais 211 postos de coleta no país, a rBLH é referência internacional no tema. Ainda assim, tal qual os bancos de sangue, seus estabelecimentos enfrentam períodos de escassez dos estoques, sobretudo em época de carnaval, quando o número de doadoras cai de maneira considerável.

Além de afetar o atendimento aos bebês, essa diminuição faz com que a oferta e demanda do leite fiquem em níveis muito próximos. De acordo com dados da Rede, em 2018, por exemplo, foram necessárias 181.875 doadoras para atender 184.571 receptores.

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Um pouco distante dessa realidade, o Grupo Santa Joana realiza, em média, 6000 atendimentos por ano, o que é suficiente para atender as necessidades internas. Mas nem por isso fecha os olhos para as dificuldades da rede pública.

“Apesar de a nossa instituição ser privada e não fazer captação, a gente tem a responsabilidade de orientar as mães a respeito da importância da doação, porque é necessário o estímulo”, conta Sakagawa. Quando procurada por mães que desejam doar, a equipe do grupo as direciona aos bancos públicos que poderão atendê-las.

Para a nutricionista, a conscientização a respeito da doação só acontecerá com mais incentivos do tipo. “Começa pelos obstetras, que podem estimular a mãe a entender a importância do aleitamento. E com isso a gente consegue alcançar o nosso objetivo.

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Quem pode doar

Segundo informações do site oficial da rBLH, os requisitos para se tornar uma doadora são:

  • Apresentar excesso de leite,
  • Ser saudável
  • Não usar medicamentos que impeçam a doação
  • Se dispor a ordenhar e a doar o excedente a um banco de leite humano

O site também disponibiliza uma lista com a localização de todos os bancos e postos de coletas existentes em território brasileiro.

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