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#YoSoyYuliana: Estupro e assassinato de menina choca a Colômbia

Yuliana Andrea Samboni, de 7 anos, foi sequestrada por Rafael Uribe Noguera, que a estuprou e assassinou em um de seus luxuosos apartamentos.

Por Débora Stevaux Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 13 dez 2016, 16h12 - Publicado em 12 dez 2016, 18h00
 (Arquivo Pessoal/Twitter/)
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22 meninas são abusadas sexualmente por dia na Colômbia, segundo levantamento realizado neste ano pelo Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências. Há uma semana, a pequena Yuliana Andrea Samboni, de apenas 7 anos, integrou as estatísticas sangrentas da violência contra a mulher em seu país. Ela estava brincando na calçada de sua casa, em Bosque Calderón, um dos bairros mais pobres de Bogotá, quando foi levada à força pelo arquiteto Rafael Uribe Noguera, de 38 anos, no último domingo (4).

Leia mais: Brasil selvagem: 30 milhões de mulheres sofreram violência sexual.

Integrante de uma das famílias mais ricas da capital colombiana, Rafael estuprou e assassinou a garota, abandonando seu corpo em um de seus luxuosos apartamentos. “Foi examinado o corpo da menor de 7 anos, obtendo um material abundante e suficiente para nos permitir demonstrar que a causa da morte foi asfixia mecânica, por sufocamento e estrangulamento. No corpo da menor há evidências que demostram que ela foi objeto de abuso sexual”, apontou Carlos Valdés, diretor do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses.

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(European PressPhoto Agency)

Noguera foi identificado e apontado como o principal suspeito do crime após a polícia ter acesso às gravações das câmeras de segurança da região onde o crime ocorreu. “A menor foi levada por um veículo contra sua vontade, foi raptada em via pública e levada posteriormente ao imóvel onde lamentavelmente a encontramos falecida”, declarou Hoover Penilla, comandante da Polícia de Bogotá, em uma coletiva de imprensa. Logo após ter cometido o crime, familiares do arquiteto o internaram em uma clínica de reabilitação após ter, supostamente, sofrido uma overdose de álcool e cocaína.

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(Guillermo Legaria/AFP/Reprodução)

Preso preventivamente nesta última quarta-feira (7), o arquiteto foi acusado de tortura, sequestro simples, acesso carnal violento e feminicídio, isto é, o assassinato de uma mulher pelo simples fato de esta ser mulher, considerado o último ciclo da violência contra a mulher por ceifar sua vida. O crime chocou o país. E desde então, vigílias e protestos tomaram as principais vias de diversas cidades na Colômbia, semelhantes aos que ocorreram em outubro deste ano na Argentina, após Lucía Perez, uma garota de 16 anos, ter sido dopada, estuprada, empalada e assassinada por dois homens.

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Com as hashtags #YoSoyYuliana (#EuSouYuliana), #NiUnaMas (#NemUmaAMais) e #NiUnaMenos (#NemUmaAMenos), milhares de usuários das redes sociais também estão revoltados com a frieza e a crueldade do estupro seguido de morte. O atual presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, também se pronunciou sobre o crime: “Com profunda indignação condeno o crime contra a menina de 7 anos em Bogotá. Que todo o peso da justiça caia sobre o responsável.”

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O corpo de Yuliana foi enterrado no sábado (10), e milhares de pessoas acompanharam o cortejo fúnebre. Sua prima leu um poema escrito em memória da pequena: “Yuliana, Yuliana, que tristeza é olhar para o seu sapato, que lindos ficavam seus pés calçando este sapatinho, mas agora você não está mais aqui. Onde estava seu anjo-da-guarda quando este lobo te sequestrou, e a sua vida se afogou entre gritos de horror e loucura.”

Veja também: #NiUnaMenos: brasileira relata sobre o dia em que a Argentina parou para lutar contra o assassinato de mulheres.

Há 40 anos, morria uma menina-santa no Brasil

A faceta mais sórdida da violência contra meninas e adolescentes não é novidade na Colômbia, tampouco no Brasil: há 40 anos, a brasiliense Ana Lídia Braga, de 7 anos, morria em circunstâncias muito semelhantes às do crime que ocorreu semana passada na Colômbia.

A pequena, que fora deixada pelos pais Eloyza Rossi Braga e Álvaro Braga, no colégio Madre Carmen Salles, onde cumpria o primeiro ano, mas não chegou sequer a colocar os pés dentro da instituição. Antes de passar pelo portão, foi abordada por um homem alto loiro, de cabelos cumpridos, com quem deixou o pátio da escola.

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(Arquivo Pessoal/Divulgação)

No dia 11 de setembro de 1973, seu corpo foi encontrado em um matagal perto da Universidade de Brasília: nu, com os cabelos cortados e sinais de abuso sexual. Após anos de investigações, o Caso Ana Lídia permanece sem nenhuma condenação. Seu túmulo é um dos mais célebres do cemitério do município, e recebe, diariamente, vários devotos que possuem a crença de que a menina é dotada de uma santidade capaz de conceder milagres.

 

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