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Você se incomoda de ser chamada de mandona?

Uma campanha polêmica nos Estados Unidos quer banir o uso da palavra "bossy" para meninas que, desde pequenas, exercem autoridade. Veja o que especialistas acham dessa e de outras questões ligadas à liderança feminina.

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 22 out 2016, 15h36 - Publicado em 17 Maio 2014, 22h00

A campanha #BanBossy quer banir o uso da palavra “mandona” para meninas
Foto: Reprodução

Trator. Gerentona. Mandona. Essas são as expressões mais apropriadas para traduzir do inglês a palavra bossy. Além de designar autoridade, bossy tem uma conotação pejorativa. Esse termo protagonizou uma das mais polêmicas campanhas envolvendo discussões femininas dos últimos meses.

Encabeçada pela CEO do Facebook, Sheryl Sandberg, e estrelada por nomes como a cantora Beyoncé e a estilista Diane von Furstenberg, a campanha #BanBossy visa banir o uso da palavra, em especial quando utilizada para rotular meninas.

O argumento é que meninos, quando comandam, são chamados de assertivos. As meninas, sob a ótica preconceituosa do machismo, seriam chamadas de mandonas. Essa atitude desencorajaria as pequenas a manter o comportamento de liderança – uma das razões pelas quais as mulheres não chegam aos cargos de comando com a mesma frequência que os homens, alega Sheryl.

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Lançada no fim de março, a iniciativa #BanBossy gerou reações tão adversas quanto inflamadas na imprensa mundial. O que falta para chegarmos em massa aos cargos de comando? Como é percebida a autoridade feminina? Um time de especialistas debate a ação.

“Não quero que minha filha seja autoritária”

David Lesser  é pai em tempo integral e autor de um blog sobre o tema, o Amateur Idiota/ Professional Dad (@AmateurIdiot)

“Minha filha, Penny, de 5 anos, é uma das líderes da sua classe. É também o alfa e ômega de seu irmãozinho, Simon, de 2. Na maioria das vezes, minha esposa e eu adoramos isso. Ela é assertiva, sabe o que quer e sua capacidade de convencer Simon de qualquer coisa nos deixa impressionados. Mas, às vezes, ela cruza a linha e vira uma déspota. Quando isso acontece, faço questão de que ela saiba que está sendo mandona.

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A campanha #BanBossy alega que o uso frequente desse termo desencoraja as meninas de ser assertivas. Diz também que elas vão abdicar de posições de liderança e vão deixar de se voluntariar ou falar menos na sala de aula. Eu ficaria devastado se isso acontecesse com a minha menina, especialmente se eu fosse uma das causas. E, se achasse que ela se reprimiria, excluiria a palavra do meu vocabulário hoje mesmo. Mas não consigo ver isso.

Tenho visto lampejos de bullying em seus atos, como quando ela literalmente empurra Simon para fazer as coisas. Se essas atitudes se mantiverem, seus amigos e até seu irmão vão se afastar dela. Como pai que a ama, não desejo esse futuro para ela. Se ela fosse menino, eu agiria da mesma forma, ensinando a diferença entre ser mandão (ou mandona) e ser líder.”

“Meninas e meninos são diferentes”

Catherine Hakin, socióloga britânica, é especializada no mercado de trabalho feminino e autora do livro Capital Erótico (Best Business)

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“Sheryl Sandberg, Beyoncé e Condoleezza Rice produziram um vídeo excelente. A campanha é maravilhosa. A maioria das mulheres bem-sucedidas tem sido menosprezada quando chamada de mandona. Essas críticas visam desencorajá-la de ser proativa. Também acho que é muito importante trabalhar a liderança feminina desde a infância se quisermos ter igualdade de gênero. Para tanto, devemos levar nossas diferenças em consideração. Acho que é impossível tratar meninos e meninas exatamente da mesma forma, assim como é impossível tratar pessoas belas e feias ou pessoas inteligentes e estúpidas do mesmo jeito.

Muitas vezes, o sistema educacional funciona contra o empreendedorismo e a ambição feminina. A educação mista (escolas com meninos e meninas juntos) tende a ser boa para eles, que ficam mais civilizados e aprendem a competir com as garotas, mas ruim para elas, que aprendem a ser femininas e atraentes em vez de ambiciosas. Escolas com alunos do mesmo sexo geralmente são melhores para elas, que são encorajadas a sonhar alto e a ser competitivas. Frequentei escolas só para meninas e aprendi a não ter medo dos homens e a nunca pensar que eles são melhores líderes.”

“Não me importo de ser chamada de mandona”

Camille Paglia, crítica do feminismo americano e professora da Universidade das Artes, na Filadélfia, nos Estados Unidos, é autora de Imagens Cintilantes (Apicuri)

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“Essa campanha é absolutamente ridícula, um exemplo típico do velho feminismo americano chorão, que sempre vitimiza a mulher. O feminismo não pode progredir proibindo palavras, como se vivêssemos na Rússia stalinista. Bossy é uma palavra viva, útil e com um significado claro. Não me importo de ser chamada de mandona, assim como qualquer outra mulher ambiciosa não deveria se importar.

As mulheres devem aprender a lidar com as críticas. Homens lançam palavras hostis e insultos uns para os outros o tempo todo, mas não ficam lamentando as feridas de seus egos. As ideias de Sheryl Sandberg são tolas e usam de uma retórica feminista antiquada que não nos fortalece. Pelo contrário, faz com que pareçamos fracas, medrosas e frágeis para sobreviver no mundo real.”

“Para se firmar, elas acabam exagerando”

Rosiska Darcy é feminista, pesquisadora e escritora, autora de Elogio da Diferença (Brasiliense) e Reengenharia do Tempo (Rocco)

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“Acho a campanha pertinente. Ela pretende não deixar que se coíba nas meninas aquilo que não se coíbe nos meninos. A verdade é que eles ainda são educados para mandar e elas não. O resultado é que sempre que uma mulher está em um posto de autoridade, defendendo veementemente sua posição, escutamos comentários de que ela é mandona ou autoritária, quando, muitas vezes, está sendo convicta. Homens com o mesmo comportamento são elogiados por sua capacidade de decisão.

A raiz dessa distorção reside no fato de que não se espera que as mulheres ocupem essas posições de liderança. Além do mais, outras vezes, para compensar essa falta de validação social, elas acabam realmente se tornando autoritárias e extrapolando na demonstração de poder. Para manter o respeito e se afirmar, ficam um pouco over. Isso é muito característico de um tipo de liderança antigo exercido pelas mulheres. É um comportamento reativo, baseado em um medo real de não ter a autoridade reconhecida.”

Reportagem completa na edição 632 da revista CLAUDIA

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