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Cariocas falam a CLAUDIA sobre a guerra no Rio de Janeiro

A cidade mergulha no mais profundo caos associado à crise política, à violência e à desigualdade social

Por Da Redação
Atualizado em 23 set 2017, 10h03 - Publicado em 22 set 2017, 19h12

O Rio de Janeiro vive um profundo mergulho no caos e na violência. Nesta sexta-feira (22), o Batalhão de Choque da Polícia Militar do Rio realizou a quinta operação da semana na Rocinha, comunidade localizada na zona sul da capital fluminense.

O temor tomou conta da cidade. Aulas foram canceladas em escolas e universidades da região, vias foram interditadas para proteger o cerco. O Ministro da Defesa, Raul Jungmann, chegou a autorizar a intervenção do Exército na região.

A CLAUDIA, personalidades cariocas relataram os momentos delicados que têm feito parte do cenário da cidade maravilhosa:

Julia Lemmertz, atriz

(Rede Globo/Rede Globo)

“É muito triste, mas é uma tragédia anunciada. Não dá para gente achar que tanto tempo de descaso e desacerto possa dar em boa coisa. É desconcertante ver o governador e o secretário de segurança sem saber o que dizer, com expressões assustadas se dirigindo à população igualmente assustada. O mais chocante é que parece que vem o exército por aí, uma previsão pessimista. Quem paga é a maioria da população que trabalha, arca com todos os impostos e não tem direito a nada. Quem sabe, com tudo de escabroso que anda acontecendo, a gente se conscientize, de uma vez por todas, da nossa responsabilidade ao votar, de ter colocado canalhas no poder, de não termos a coragem de nos manifestarmos contra isso para exercer e exigir nossos direitos como cidadãos”.

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Carolina Kasting, atriz e fotógrafa

(Rede Globo/Rede Globo)

“O Rio está em guerra. No Rio, asfalto não se separa da favela. Tenho amigos no morro, amigos na praia, na democracia da cidade somos todos iguais. Mas os políticos corruptos não entendem que o que fazem mata. Mata o futuro, a educação, mata a esperança e nos tira o direito de estar de braços abertos, como nosso Redentor, e encontrar uma solução. Nenhum menino da favela quer entrar pro tráfico e morrer em vão, o que ele quer é ser olhado como cidadão”.

Herson Capri, ator

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“Estou em casa com minha família protegida. Só a mais nova de dois anos foi pra aula, porque a escola é distante da Rocinha. Mesmo assim, fiquei preocupado e fui buscá-la antes por medo da movimentação na zona sul. O sentimento é de impotência e perplexidade. E medo, é claro, pelo que pode acontecer com nossos filhos, parentes e amigos. Muitos conhecidos já vinham falando em mudar do Brasil em função das crises política e econômica, e, muito especialmente, as pessoas do Rio querendo fugir dessa violência. Lamentável é que quase ninguém associa tal violência às condições sociais da população, apesar de ser uma relação tão óbvia. O clima é de muita apreensão”.

Malu Galli, atriz

(Reprodução/Reprodução)

“Sou carioca. Sou amante desta cidade tão plural e rica de beleza, cultura e diversidade. Além de vilipendiado durante décadas por uma quadrilha de políticos corruptos e sem empatia com o povo e a cidade, o Rio de Janeiro padece também há tempos com uma guerra hipócrita e genocida às drogas. O povo das favelas, sitiado em seu próprio bairro, convive com a barbárie e o descaso. Mães guerreiras criam seus filhos com medo de bala, ou do aliciamento do tráfico. O Estado promove a chacina dos negros e pobres. Cariocas não são. São moradores de favela, não merecem virar nem estatística. Eu me pergunto como a elite carioca, incomodada com a falta de segurança para usufruir de sua vida confortável na bela cidade, pensa que esta situação melhoraria sem a diminuição da desigualdade social. Não é uma questão somente de segurança pública. É uma questão maior que passa pela falta de solidariedade, de humanismo, da noção de que o Rio é de todos, para todos. O egoísmo segregador e a omissão de uma sociedade escravocrata, arrogante e cega estão matando as pessoas e o Rio, não somente as balas trocadas pela polícia e o tráfico. Candidatos que prometem uma polícia forte pra combater o crime, sem se comprometerem com a inclusão social estão mentindo. Sem plano de educação, saúde, cultura e aumento de renda; sem urbanização e saneamento básico, ou seja, sem respeito à população pobre não há solução para o Rio de Janeiro. Por último, sem a legalização das drogas, não pararemos de enxugar gelo nesta guerra sem fim, interessante pra muitos, rentável e oportuna pra deixar os pretos na senzala morrendo não mais de chibata, mas de tiro à queima-roupa”.

Jéssica Ellen, atriz

(Purepeople/Reprodução)

“Precisamos ser mais empáticos! O que acontece hoje na cidade do Rio de Janeiro demonstra o quanto somos afetados uns pelos outros. É importante nos informar, saber do que está acontecendo, e o exercício que eu proponho é que, mesmo diante do caos, tentemos acalmar nossas mentes e corações. Meditando, rezando, conversando com suas crianças dentro de casa. Sou da favela da Rocinha, sou cria do morro! Vivi momentos difíceis… Muitas vezes não tinha água pra tomar banho, faltava luz, quando rolava tiroteio, a brincadeira dentro de casa era adivinhar de qual arma tinha saído o disparo… E acreditem: infelizmente sabíamos (Que merda, né ? Nenhuma criança deveria saber). Mas também tive lindos momentos de uma infância livre, feliz, brincando descalça, subindo em árvores. E é isso que desejo para os moradores das favelas cariocas: a alegria e tranquilidade novamente. Na infância eu não tinha muito brinquedo porque quem mora na favela geralmente não tem muito dinheiro. Mas a minha imaginação, a dos meus irmãos e primos nos tornava livres para inventar o que bem quiséssemos! Hoje, aos 25 anos, eu não moro mais lá. Moro no Humaitá, zona sul do Rio de Janeiro e, vendo aqui da minha janela, a cidade está calma, funcionando normalmente. Mas meu coração está aflito. Toda a minha família mora na Rocinha ainda. Ascender socialmente sozinha tem alguma valia? Como diz a música dos Racionais Mcs: “o dinheiro tira o homem da miséria, mas não pode arrancar de dentro dele a favela. São poucos que entram em campo pra vencer. A alma guarda o que a mente tenta esquecer“. Diante desse verso me pergunto: Qual a nossa responsabilidade diante do caos em que se encontra a cidade? De que forma podemos ajudar? Te convido a fazer o mesmo! O mundo está precisando de amor e afeto! Meu coração é favela e amor. Aos moradores da Rocinha e Santa Marta, todo o meu carinho! Vocês estão em minhas preces e orações! Que Oxalá nos proteja! Asé!”

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