Vídeo mostra advogado humilhando Mariana Ferrer durante julgamento
Durante uma audiência, o advogado de André de Camargo Aranha mostra fotos sensuais de Mariana e diz que ela "manipula essa história de virgem"
Desde maio de 2019, o Brasil acompanha o caso de Mariana Ferrer, catarinense que abriu um processo na justiça contra o empresário paulista André de Camargo Aranha, a quem ela acusa de estupro. O crime teria acontecido em dezembro de 2018 no Café de La Musique, um famoso beach club de Florianópolis.
Mariana era uma espécie de embaixadora do local e garante que foi estuprada por Aranha após ter sido drogada. No último mês de setembro, a Justiça de Santa Catarina inocentou o réu. A defesa argumentou que o empresário teria tido uma conduta culposa, alegando que ele não sabia da vulnerabilidade e da inconsciência de Mariana, e que acreditava estar praticando um ato sexual consentido.
Ao longo do julgamento, muito se falou sobre as humilhações sofridas por Mariana durante o processo. Fotos sensuais da jovem foram usadas para deslegitimar suas acusações. É aquela velha lógica perversa: como uma mulher que se porta de maneira “provocante” pode achar que tem o direito de acusar alguém de estupro?
Agora, imagens comprovam que ela foi realmente humilhada pelo advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho – que defendeu Aranha – em plena audiência. O vídeo foi publicado pelo The Intercept Brasil nesta terça-feira (3).
O advogado mostra fotos de Mariana, dizendo que ela posou em “posições ginecológicas”. Fala também que ela aparece “chupando dedinho”, ao que Mariana responde: “a pessoa que é virgem não é freira não, doutor”.
Noutro momento, Cláudio chega a dizer que “graças a Deus”, não tem uma filha do “nível” de Mariana. “E também peço a Deus que meu filho não encontre uma mulher que nem você”, continua ele. “A verdade é essa, não é? É o seu ganha pão a desgraça dos outros. Manipular essa história de virgem…”.
Depois que Mariana começa a chorar, o advogado continua os ataques, falando em “lágrimas de crocodilo”. O juiz chega a dizer que, se ela quiser, a seção pode ser suspendida e Mariana responde que apenas gostaria de ser respeitada. “Nem os acusados de assassinato são tratados da forma que eu tô sendo tratada”, aponta.
Segundo o The Intercept Brasil, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Santa Catarina e o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos pediram ao advogado e ao Tribunal de Justiça do estado esclarecimentos sobre o ocorrido.