Valentina Schulz, do MasterChef Júnior, grava vídeo sobre assédio
Vítima de assédio sexual aos 11 anos de idade, adolescente publicou desabafo sobre a ocasião e debateu a importância do feminismo em seu canal do YouTube
Em 20 outubro de 2015, estreava a primeira temporada de MasterChef Júnior – versão infantojuvenil do programa de talentos culinários da Rede Bandeirantes. No entanto, não foi a culinária que ficou em destaque após o programa ir ao ar, mas sim uma série de comentários de conotação sexual sobre a participante Valentina Schulz, que tinha 11 anos na época. No domingo (28), pouco mais de dois anos após o ocorrido, a adolescente falou sobre o assunto em seu canal do YouTube.
Com mais de 700 mil inscritos na plataforma e mais de um milhão de seguidores no Instagram, Valentina publicou um vídeo de quase dez minutos em que relembra o episódio, além de debater a questão do assédio sexual e a importância do feminismo. Na ocasião, espectadores do programa publicaram comentários como “Sobre essa Valentina: se tiver consenso é pedofilia?” no Twitter.
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“Eu realmente estava muito perdida, porque meus pais me blindaram quase cem por cento do que estava rolando, porque eles não queriam que eu lesse aquelas coisas nojentas. Afinal, eu era uma criança de 11 anos”, contou a adolescente sobre a noite em que o primeiro episódio do MasterChef Júnior foi ao ar. Foi só no dia seguinte, na escola, que ela ficou sabendo o que estava acontecendo. “Foi bem estranho, porque eu estava realizando um sonho, participando de um programa na TV aberta para todo mundo me conhecer e, ao mesmo tempo, estava rolando um crime nas redes sociais”, disse.
Valentina, então, recordou sobre a campanha #MeuPrimeiroAssédio, promovida pela Juliana de Faria do ThinkOlga com o objetivo de apoiar a adolescente nesse momento difícil e debater a questão do assédio sexual em meninas jovens. Segundo o vídeo, foram mais de 80 mil publicações com a hashtag no dia em que a campanha foi criada.
“A melhor parte dessas pessoas terem aberto o coração e contado todas as histórias foi que as pessoas conseguiram entender que assédio não é uma coisa que acontece quando você tem 30 anos e está saindo da balada às duas da manhã”, ressalta Valentina. “Acontece quando você é uma criança e está indo para a escola. Acontece quando você é adolescente. Acontece de maneiras nojentas e em lugares que deviam ser de confiança”.