Tina Lyra: a mulher que vai transformar suas viagens em experiências únicas
Especialista em hotéis e destinos de luxo, Tina construiu uma empresa para criar viagens personalizadas (e com um time 100% feminino!)

Em 2012, Tina Lyra estava na última etapa de uma entrevista para ser diretora geral das Américas da luxuosa marca de joias Tiffany. O entrevistador perguntou, então, o que ela faria se não conseguisse a vaga. Ela tinha a resposta na ponta da língua, sonhada e idealizada durante meses: abrir uma empresa de consultoria de vendas, marketing, relações públicas e branding para apresentar experiências e destinos de luxo nas Américas.
“Aí saiu toda a paixão! Eu falei: ‘vai ser uma empresa incrível, começando pelo Brasil, depois a gente vai expandir e ter os melhores hotéis do mundo, vai ser uma curadoria, ter um monte de mulher trabalhando. Vamos ter escritório, mas com liberdade, vai ser virtual também, sem essa de bater ponto’ ”, lembra Tina. “Ele olhou pra mim, disse que eu estava totalmente apaixonada e perguntou se podia me oferecer algo melhor do que a opção de abrir minha empresa. Eu disse que não, e ele me desejou boa sorte com a minha empresa.”
A oportunidade ainda não estava perdida, as portas da Tiffany seguiam abertas. Foi quando um de seus mentores, um dos ícones da hotelaria mundial, a desmotivou completamente a aceitar a proposta. “Ele falou: ‘você está louca? Você vem da hotelaria, é super conhecida, tem conhecimento e vai pular fora? Você acha que vai ser mais legal, mas não, vai ser só mais uma empresa’”, contou.
Ele não estava errado. Tina se formou em hotelaria na Escola Internacional Les Roches de Administração de Hoteis, na Suíça, há 25 anos. E nunca parou de trabalhar, rodando o mundo todo. O currículo dela é extenso: estágio em Paris, trabalhos em hotéis de luxo no Brasil, Nova York e Cingapura, cargos de chefia em resorts e empresas do mercado imobiliário de hotéis no Caribe, empresa própria em Miami, diretora de um resort em Ponta dos Ganchos, em Santa Catarina.
A empresa que sonhava em construir era resultado de todas essas andanças. Ela queria juntar todo seu portfólio de hotéis, destinos e resorts de luxo e apresentar aos brasileiros experiências totalmente personalizadas – e também apresentar o Brasil como um ótimo destino aos estrangeiros. Mas não como uma agência de turismo, com ofertas de pacotes.
A ideia de Tina era representar os melhores hotéis e um time de turismo receptivo – que envolve a recepção de turistas que querem fugir dos pontos mais tradicionais, com experiências únicas, com dicas dos moradores locais, organização de passeios, e transporte. Se alguém pedisse, por exemplo, a indicação de um hotel na Croácia, ela daria as opções. Se quisessem uma agência de turismo receptivo, ela também teria os especialistas em cada país.
Na parceria direta com essas empresas, tanto as hoteleiras, quanto as agências, ficaria ainda responsável pelo marketing, relações públicas e branding. E as tornaria mais conhecidas e desejáveis ao público das Américas.
Naquele jantar com seu mentor, Tina teve o incentivo final para dar vida à TL Portfólio. E mais do que isso: teria clientes e o investimento inicial para criá-la.
“Ele tinha três hotéis e me pediu para fazer a estratégia para entrar no mercado brasileiro. Quando perguntei o que eu deveria fazer, ele só disse que eu conhecia o mercado, então eu diria se seria um trabalho de RP, ou vendas, ou estratégia. Eu confio em você”, relembra. “E disse ainda: ‘você tem três clientes, vai abrir sua empresa e cobrar um preço bom o suficiente para ser capaz de abri-la’. Quando comentei com meu pai, ele disse que não fazia sentido ter três clientes e não ter uma empresa. Estava tudo ao contrário. Mas foi importante, me deu muita coragem para abrir a TL”, conta.
Doze anos depois, a TL abriu escritórios no México, Canadá, Estados Unidos e Argentina. Além disso, agrega destinos diversos, de Europa a Japão, Ásia e África, com mais de 40 clientes selecionados à mão para incluir no portfólio. Ela selecionou 30 mulheres para o time, cada uma em um canto do mundo, justamente por entender a importância de empregá-las e de atender às demandas exclusivas da maternidade – ela tem três filhos: os gêmeos de seis anos e uma filha de 16.
“Você precisa de flexibilidade, não por não ser 100% dedicada ao trabalho, mas porque a vida é assim. Às vezes você precisa sair para buscar seu filho. E nas empresas onde trabalhei não tinha isso. Eu estava entregando o meu trabalho, mas não podia ter flexibilidade com horário”, conta. “Era algo que me incomodava muito! Eu era um procedimento e queria ser vista como um indivíduo. Aí me respondiam que não dava, porque a corporação era gigante e seria impossível tratar todo mundo como indivíduo. Levei isso para a TL.”
Tina almeja, agora, expandir ainda mais sua influência para o lado social. Na Amazônia, abriu cursos de inglês que, por enquanto, reúne cinco garotas de lá. Mas ela quer ir além: planeja abrir uma escola de turismo em alguma comunidade da região.
“Uma jovem líder de lá, uma vez, me disse que o sonho dela era abrir uma associação para salvar a Amazônia. Mas que um dos problemas era que as pessoas não tinham orgulho de ser de lá. Quando procuravam estudos, iam para Alter do Chão [no Pará] e não voltavam, porque arrumavam emprego. E ela disse que o sonho era ter uma universidade na comunidade para que eles não perdessem suas riquezas intelectuais”, diz.
“Começamos pelas aulas de inglês, mas contratamos uma empresa especializada em projetos sociais. Para falar em universidade de turismo, precisamos entender muitas coisas: quais as necessidades da comunidade, o nível de educação, temas que entrariam no currículo, onde abrir, qual a logística para chegar até lá. Faríamos presencial ou virtual? Estamos fazendo um estudo para entender isso tudo e tirar essa ideia do papel”, comemora.
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