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#TemQueFalar: “Eu acordava com ele tirando minha roupa”

Fabiana, 33 anos, sofreu várias vezes com abusos sexuais na infância. Leia seu relato

Por Redação CLAUDIA
Atualizado em 11 abr 2024, 18h03 - Publicado em 2 nov 2015, 14h13
Divulgação/CLAUDIA
Divulgação/CLAUDIA (/)
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Na última semana, as mulheres brasileiras se uniram em torno do tema #PrimeiroAssédio, capitaneado pelo grotesco ataque sofrido por uma participante do MasterChef infantil – ela tem apenas 12 anos. A mobilização levou muitas delas a compartilhar em suas redes sociais casos semelhantes ou ainda mais graves, que deixam seqüelas profundas em suas vítimas. Algumas delas, porém, preferiram guardar suas histórias para si, por medo de ser identificadas por seus agressores. Publicamos a história de uma leitora que, 15 anos após um ataque sexual, ainda tem medo de ser encontrada. Não demorou para que outras mulheres nos procurassem. Em comum, o desejo de dividir seus traumas, medos e culpas. Especialistas apontam que falar sobre eles é uma das maneiras eficientes de superá-los. Por isso, criamos o movimento #temquefalar. Um espaço de cura, que incentiva a troca de experiências e, sobretudo, traz o assunto à tona, para evitar novas vítimas entre crianças e mulheres. Clicando aqui, você lê o depoimento de Mariana, 46 anos, e aqui o de Marcela, 42 anos. Leia agora o depoimento de Fabiana, 33 anos.

“Meu pai era muito ausente, vivia ‘na gandaia’, teve dois filhos fora do casamento. Ele  bebia muito, batia na minha mãe e a roubava. Minha mãe sempre foi muito carinhosa comigo e também muito guerreira, trabalhava o dia todo para me sustentar. Era uma mulher simples, analfabeta, e, um dia, ela resolveu se matricular em um curso para alfabetização de adultos à noite. Eu tinha sete ou oito anos e fiquei tão orgulhosa e feliz por ela! Mal sabia eu que era durante o curso dela que começaria meu martírio.

O curso era à noite e ela me deixava na casa de uma vizinha. Essa vizinha tinha uma filha e um filho mais velhos, de dezenove ou vinte anos, que viviam recebendo os amigos da mesma idade. E foi um desses amigos dela que começou a abusar de mim.

Ele me beijava à força e me obrigava a masturbá-lo. Eu não entendia bem o que estava acontecendo, mas não contei para a minha mãe. Ela estava gostando tanto de aprender! Eu queria que ela pensasse que estava tudo bem. Na casa da vizinha, eu fazia de tudo para ficar na sala, mas era só ela me pedir alguma coisa, como buscar água, que o tal amigo da filha ia atrás de mim e abusava de mim de alguma forma. Eu vivia com medo e dava graças a Deus quando ele não estava lá.

Às vezes, eu não aguentava esperar minha mãe chegar e dormia. Várias vezes acordei com o filho da vizinha tirando minha roupa e tapando a minha boca. Às vezes eu acordava com ele em cima de mim, tentando me penetrar. Eu me debatia e o mordia, e ele nunca conseguiu, mas aquilo era muito assustador. Cheguei a falar para a mãe dele e ela não só disse que eu estava mentindo como me bateu.  

No dia em que meu pai bateu na minha mãe e a proibiu de estudar, dei graças a Deus. Claro que fiquei triste por ela, mas era o fim daquele terror na casa da vizinha. Nunca contei à minha mãe o que se passou. Hoje sou casada. Graças a Deus, nunca tive problemas para me relacionar, só morro de medo que aconteça algo com minha filha, que está com nove anos. E até hoje tenho pesadelos recorrentes com os abusos que sofri naquela época.”

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