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Tadashi Kadomoto, guru de meditação, vira réu por estupro de vulnerável

Ex-aluna procurou o Ministério Público no fim do ano passado e afirmou que foi vítima de abusos sexuais durante 7 anos

Por Da Redação
Atualizado em 12 out 2020, 12h22 - Publicado em 12 out 2020, 12h16
 (Reprodução/Instagram)
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O terapeuta Tadashi Kadamoto, famoso por mobilizar milhares de pessoas em sessões de meditação guiada na internet durante a pandemia, foi denunciado à Justiça de São Paulo por cinco estupros. O pedido do Ministério Público veio após a investigação com base na denúncia de uma ex-aluna, que afirma ter sido abusada sexualmente por sete anos.

Segundo reportagem veiculada no Fantástico no último domingo (11), a jovem, que também era paciente de Tadashi, procurou o Ministério Público no fim do ano passado para fazer a denúncia. Ela contou que foi estagiária no instituto que leva o nome do terapeuta e que também buscou atendimento para tratar distúrbios alimentares.

O advogado da vítima, Luiz Flávio D’Urso, relatou que os problemas dela pioraram com os abusos. “Em vez de melhorar, ela piora… Piora a anorexia, não encontra o conforto buscado. Pelo contrário, ela encontra uma angústia que se amplia. Ela não via nada, estava totalmente envolvida por ele e foi vítima de abusos sexuais. Isso tudo aconteceu sem a consciência dela e sem nenhuma capacidade de resistência”, disse.

A promotora responsável pelo caso, Celeste Leite dos Santos, endossou a palavra da defesa e afirmou que o terapeuta se aproveitou de um momento de vulnerabilidade da jovem. “Foi de forma progressiva. Começou com um toque, depois troca de e-mails, até que ele consumou, quando ela não tinha a menor capacidade de assumir resistência, o ato sexual, não respeitando sequer o fato de que a vítima estava grávida. Ele tinha ciência que ela tinha distúrbios alimentares. E em vez de ser fonte de tratamento, ele foi agravando todos esses problemas para poder atingir o seu objetivo, que era o mesmo desde o princípio: obter conjunção carnal com a vítima”, argumentou.

MOMENTOS DE VULNERABILIDADE

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Durante a apuração do caso, as equipes da GloboNews e do Fantástico afirmam que foram procuradas por outras mulheres atendidas por Tadashi Kadomoto que também relatam episódios de abuso sexual.

Em depoimento ao Ministério Público, uma delas descreveu como tudo aconteceu. “A primeira vez que eu percebi que a abordagem estava inadequada foi em 2007, quando eu terminei o meu curso de formação de expansão de consciência e ele me convidou para estagiar nesse mesmo curso. Eu me senti a pessoa mais especial do mundo. Em um dos dias desse treinamento, a gente assiste a alguns filmes que têm a ver com o contexto que está sendo estudado”, contou.

“Em um desses filmes, ele deitou no meu colo e começou a acariciar a minha perna, a minha coxa. Eu achei aquilo muito estranho e congelei. E ele foi subindo a mão pela minha coxa. Quando ele chegou com a mão perto da minha virilha, tive um ímpeto e tirei a mão dele e saí de perto”, afirmou.

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Ao que tudo indica, segundo os relatos, a maior parte dos abusos aconteceu durante este curso de “expansão de consciência”.

FORA DAS SALAS DE AULA
As mulheres que conversaram com a reportagem da TV Globo e da GloboNews também contarm que recebiam mensagens e e-mails do terapeuta com declarações de amor e conteúdo sexual.

Uma mensagem enviada a uma aluna diz: “Confesso que gostaria de poder te agarrar… beijar… morder… para demonstrar o meu amor. Mas, por enquanto, contento em demonstrar meu amor assim”.

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Outra aluna recebeu textos semelhantes. “Ele começou a me perguntar como estava sendo meu processo. Na época, eu tinha acabado de me separar, foi uma separação bem traumática para mim, e ele me mandou um e-mail perguntando como estava sendo meu processo. Começou primeiro a me elogiar muito. Dizer que eu era linda, que eu era maravilhosa, que eu era suculenta. Pediu fotos minhas para que ele ficasse me admirando. Dizia que me queria cada vez mais perto dele e inclusive chegando a afirmar que me amava”, relata.

TADASHI KADAMOTO SE DEFENDE
Em nota da defesa enviada ao Fantástico, o terapeuta negou as acusações.

“Tadashi Kadomoto atua há mais de 30 anos na área de treinamento comportamental, já tendo apoiado cerca de 100 mil pessoas, por meio de palestras e treinamentos motivacionais. São numerosos e públicos os depoimentos que comprovam a sua atuação. Durante a pandemia, promoveu, de forma gratuita, lives para a ajudar milhares de pessoas a atravessar esse período tão desafiador para todos nós. Em toda a sua reconhecida trajetória profissional, jamais recebeu solicitação de esclarecimento sobre qualquer fato e também não recebeu nenhuma denúncia formal até o momento”, diz o texto.

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Na madrugada de segunda-feira (12), ele também publicou um vídeo no Instagram em que classifica as acusações como “injustas”. “Quem me conhece e convive comigo sabe da minha conduta e do respeito que eu tenho pelo cuidado com as pessoas. Tenho falhas, cometo erros como todo ser humano, mas jamais cometi atos criminosos. Tenho fé que tudo será esclarecido, e até lá vou me afastar das minhas atividades”, disse.

QUEM É TADASHI KADOMOTO
Tadashi Kadomoto ficou conhecido como “guru da meditação na pandemia“. As lives que fazia no Instagram reunia milhares de pessoas em busca de bem-estar e autoconhecimento. Sua página também costuma compartilhar mensagens de sabedoria e incentivo. Fora da internet, ele também comanda um instituto que leva seu nome. Há 30 anos desempenha a chamada terapia transpessoal, que usa de hipnose, meditação, regressão e relaxamento para aliviar traumas e outras questões de ordem psicológica.

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