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A cada hora um deficiente ou uma criança é estuprado em São Paulo

Mais da metade das vítimas de abusos sexuais na capital paulista são pessoas consideradas vulneráveis

Por Da Redação
2 Maio 2018, 17h20

Entre os casos de estupro registrados em São Paulo, 68% das vítimas são consideradas vulneráveis: menores de 14 anos, deficientes mentais ou pessoas embriagadas. A definição se dá uma vez que para elas é mais difícil oferecer resistência ao abuso sexual.

Veja também: Como ajudar as vítimas do prédio que desabou em São Paulo

A especifícação de estupro de vulnerável só passou a ser feita nos registros em setembro de 2016 por lei. O levantamento feito pelo Insituto Sou da Paz com dados da Secretaria de Segurança Pública leva em consideração os casos ocorridos em 2017.

Foram analisados quase 2.500 boletins de ocorrência na capital paulista. Entre as vítimas, 52% são menores de 14 anos e a maior parte é menina (82% entre os estupros de vulneráveis e 87% no total dos casos).

Geralmente, os abusos acontecem dentro de casa (75% entre vulneráveis e 60% no geral) e, na maioria das vezes, por membros da família (59% entre vulneráveis e 37% no total).

A pena para estupro de vulverável varia entre 8 e 15 anos. O crime só prescreve 20 anos após a vítima atingir a maioridade.

Como abordar esse assunto com as crianças?

O psicólogo e psicanalista Luca Loccoman, especializado em atendimento infantil, dá importantes dicas de como lidar com o assédio e abuso e orientar os filhos para essas situações.

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Como explicar para a criança que ela pode ser assediada?

Interações sexuais entre crianças e adultos acontecem, na maioria esmagadora dos casos, dentro de casa, com pessoas próximas, da família, como pai, mãe, avós e tios. A familiaridade facilita a aproximação e a experiência raramente acontece com violência física, Isso, é claro, não quer dizer que estranhos não possam ter esses comportamentos.

Observo que quando o pai, por exemplo, tem desejos incestuosos por um dos filhos, é a relação de cumplicidade entre eles que permite passar ao ato. As crianças respondem por causa da vontade de agradar os adultos.

É por isso que os pequenos têm o direito de saber que isso é proibido, contra a cultura, e que essa lei rege todos os humanos. Um jeito de fazer isso é explicar o vocabulário do parentesco, o lugar da mãe, do pai, do irmão, do filho. Essa interdição permite a diferenciação dos papéis dentro da família e vai se refletir nas relações fora de casa também.

Quando se tratar de estranhos, a tendência da criança será se afastar, evitar os toques que incomodam. Longe dos olhos dos pais, uma alternativa é ajudar os pequenos a identificar uma figura de confiança a quem possam recorrer (como a professora), caso se sintam ameaçados.

A partir de qual idade essa conversa é válida e como conduzi-la em cada fase da infância? 

Lamento que o assunto não seja abordado nas escolas. Os pequenos podem desobedecer aos mais velhos quando esses deixam de ser cuidadores e não se sentem mais investidos das proibições civilizatórias.

Mas não aconselho a falar sobre o assunto antes dos 4 ou 5 anos, é muito cedo. Nessa fase, o melhor é ficar de olho. Depois disso, é nosso dever prevenir as crianças, dizendo que esse tipo de interação pode ser perigoso. Sem alardes ou repreensões.

Como instruir os pequenos a diferenciar carinho de abuso sexual?

A minha sugestão é ouvir as crianças. Há mais de 100 anos, Sigmund Freud já nos apresentava uma noção de sexualidade mais ampla, muito além da relação sexual, que envolve sensações de prazer nas trocas de afeto e está presente desde a infância.

É difícil, portanto, estabelecer o limite nas relações entre pessoas próximas, ainda mais com idades diferentes. Uma simples carícia, dependendo de como acontece, é suficiente para que alguém se sinta transgredido. Os pequenos são seres capazes e com discernimento. São eles que vão nos dizer o que incomoda.

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