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“Rainhas do Crime” retrata mulheres mafiosas

Com inteligência – e a violência que é necessária – elas conquistam respeito e dinheiro para sustentar suas famílias

Por Marianne Morisawa
Atualizado em 17 fev 2020, 14h44 - Publicado em 8 ago 2019, 08h00

A iniciativa 50/50 by 2020, lançada pelo movimento Time’s Up, tem uma meta ambiciosa. Quer alcançar a paridade entre homens e mulheres em Hollywood até o próximo ano. Os números mostram que a barreira a ser superada é grande. Elas dirigiram apenas 8% dos 250 filmes de maior bilheteria produzidos nos Estados Unidos em 2018.

Há, contudo, alguns avanços. Dos 100 maiores títulos do ano passado, 40 tiveram personagens principais femininas (8% a mais do que no ano anterior), sendo 11 deles com protagonistas com mais de 45 anos e 11 com atrizes pertencentes a minorias, como negras e trans. Além disso, cresceu 5% a parcela de roteiristas e de editoras.

Em meio a essa luta, não há como não comemorar o lançamento de Rainhas do Crime, escrito e dirigido por Andrea Berloff e estrelado por Elisabeth Moss, 37 anos, Melissa McCarthy, que completa 49 este mês, e Tiffany Haddish, 39.

Andrea vinha se sentindo frustrada na carreira quando apareceu a possibilidade de assumir a direção. Mesmo tendo concorrido ao Oscar de roteiro original por Straight Outta Compton – A História do N.W.A. (2015), sucesso de bilheteria sobre um influente grupo de rap, ela não acreditava que teria chance de trabalhar com os projetos que sonhava.

“No meio desse desânimo, comecei a imaginar como seria se as mulheres tomassem conta de tudo”, disse em entrevista a CLAUDIA, em Los Angeles. “Os homens dominam há 3 mil anos e não têm ido muito bem. Quem sabe fazemos melhor se tivermos uma chance?” Foi nesse momento que descobriu os quadrinhos The Kitchen, da DC Comics, de autoria de Ollie Masters e Ming Doyle.

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A trama se passa na região barra-pesada de Hell’s Kitchen, em Nova York, no final dos anos 1970. Três donas de casa veem seus maridos mafiosos irem para a cadeia e, precisando sobreviver, resolvem dominar tudo. Não tem nada a ver com super-heróis, como se pensa quando falamos em quadrinhos. É um drama de gângster. “É brilhante e original. Como ninguém tinha feito um filme sobre isso antes, de mulheres mafiosas?”, questiona Andrea.

A trama é tão rara que nem as atrizes sabiam que se tratava de um roteiro baseado em uma história em quadrinhos. “Só achei que era uma única, interessante e com ideias feministas, ou seja, tudo a ver comigo”, diz Elisabeth Moss, nove vezes indicada ao Emmy e ganhadora de dois Globos de Ouro por dramas como O Conto da Aia e Mad Men. Em Rainhas do Crime, ela interpreta uma mulher religiosa que sofre abuso.

Melissa McCarthy, duas vezes concorrente ao Oscar por Missão Madrinha de Casamento e Poderia Me Perdoar?, também foi capturada pelo roteiro. “Adoro personagens encurralados, pois eles criam situações impressionantes como reação”, afirma.

Curiosamente, a primeira a ser escalada foi Tiffany Haddish, que ainda não tinha lançado seu primeiro filme de sucesso, Viagem das Garotas, e é mais conhecida por seu trabalho cômico. “Insisti com meu agente para ler o roteiro e depois coloquei na cabeça que ia encontrar a diretora e convencê-la de que era a pessoa certa para o papel”, conta. “Gosto de desafios, especialmente quando acham que eu não sou capaz.”

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Nos quadrinhos, não havia uma personagem negra. Todas eram brancas, casadas com mafiosos irlandeses. “Mas eu queria dar oportunidade a alguém que não costuma ter esse tipo de chance: uma atriz negra quando o papel originalmente é de uma mulher branca ou uma comediante em um drama. Porque sem isso ninguém consegue mostrar o que é capaz de fazer”, diz Andrea, referindo-se à escolha de Tiffany.

E, felizmente, não encontrou resistência do estúdio ou dos produtores. “Nós que trabalhamos com cinema precisamos nos questionar o tempo todo. Em 100 anos, praticamente só os homens tiveram chance de dirigir filmes. Este é um momento empolgante, em que talvez possamos abraçar a diversidade e contar muitas histórias.”

Apesar do otimismo, Andrea sabia que tinha que respeitar algumas regras do jogo, pois a cobrança é maior sobre as mulheres. Ficou atenta para cumprir prazos e orçamentos e também para não gritar. “Diretores não são prejudicados por berrar no set, mas mulheres não podem fazer o mesmo. Senão, tornam-se histéricas e perdem seu poder. Até no pior dos dias, tem que ficar calma e focada.”

Mesmo acreditando que Hollywood está levando a sério o projeto de inclusão – e fazendo parte dele –, Andrea destaca uma questão fundamental: o público precisa assistir a esses filmes. “Temos algumas produções dirigidas e protagonizadas por mulheres sendo lançadas este ano. E os espectadores têm que ir vê-las porque, se não derem dinheiro, não haverá outras. Então, se você deseja uma mudança na cultura, precisa apoiar. É simples assim.”

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