Racismo: em livro, Lázaro Ramos fala sobre ser negro no Brasil
Em "Na Minha Pele", o ator reflete sobre discriminação, tomada de consciência e afeto, tudo a partir de experiências pessoais
Convidado para a sessão de abertura da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), o ator baiano lança “Na Minha Pele” (Objetiva, R$ 34,90), ao lado da historiadora Lilia Moritz Schwarcz.
Depois de dez anos de amadurecimento por parte de Ramos, o projeto chega com uma missão importante: estabelecer uma conversa franca com os leitores sobre pluridade cultural, social, étnica e social. “Quando comecei, nem sabia qual era o assunto sobre o qual iria escrever”, disse Ramos, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. “Primeiro, busquei dados oficiais (do IBGE, Ipea), mas o livro ficou duro. Voltei então à ilha do Paty, onde nasci, na Bahia, para conversar com amigos de infância e parentes mais velhos, a fim de buscar inspiração. Começou a surgir uma costura de assuntos, mas a ordem cronológica me incomodava”, completou ele. Ali, ele percebeu que assuntos pertinentes são tratados por meio de um bom diálogo.
E assim o fez. Em “Na Minha Pele”, o leitor encontra um misto de autobiografia e diário, tudo bem costurado por um texto sincero, que toca em assuntos delicados de forma direta, por falar de intimidades que incomodam e emocionam. A ideia de Ramos é compartilhar experiências pessoais e, especialmente, suas reflexões sobre temas específicos, como a importência que se dá à pele que nos habita. Sobre a dificuldade que muitos negros ainda têm de assumir sua cor de pele, ele disse, ainda em entrevista ao O Estado de S. Paulo: “Quando você assume sua negritude, pode ter alguma consequência. Não vivemos em uma sociedade que permite cada um se assumir e viver bem. Há muitos homossexuais que não se assumem. Vou recriminar? Não. A gente pensa muito em militância, em atitude política, algo isolado do ser humano, das nossas dores e da psicologia. Precisamos dar conta disso também. É muito importante ter uma boa saúde mental”.