Polícia investiga creche acusada de dopar crianças com tranquilizantes
De acordo com a polícia, no total seis crianças foram identificadas com os sintomas
A Polícia Civil de Votuporanga (SP) está investigando um caso em que crianças estariam sendo dopadas em uma creche da cidade. A denúncia foi feita por familiares. Uma das crianças passou mal e fez exame toxicológico, que identificou a ingestão de clonazepam, uma substância tranquilizante.
De acordo com a polícia, no total seis crianças foram identificadas com os sintomas, porém não fizeram exames.
O clonazepam é uma substância tranquilizante que só pode ser usada em crianças com a orientação e acompanhamento médico. Dependendo do número de gotas aplicadas, o medicamento pode causar sonolência e moleza, que pode ser moderada e, às vezes, grave, levando ao coma, depressão respiratória e até a morte.
O filho da educadora infantil Keli Nascimento Antoniolo foi quem fez o exame. Segundo a mãe, a criança foi internada várias vezes na Santa Casa de Votuporanga. Uma delas, em outubro do ano passado, ela tinha apenas 11 meses de vida.
Na ocasião, ela foi internada depois de sair desacordada da creche municipal Valter Peresi. “A escola ligava e eu e meu marido íamos buscar, ele estava abatido, olhar longe, vomitando, às vezes ele desmaiava. De desmaio já foram três ou quatro vezes, mas de ligar para a gente ir buscar era direto”, afirmou Keli ao G1.
Na última vez que a criança foi levada à Santa Casa, ficou três dias internada. Com isso, Kelli procurou a Secretaria de Educação para fazer um relatório de queixa, em que foram expostos, pela diretora da escola, que o bebê chegou “bem na escola, alegre, brincando e se alimentou bem no início da manhã.”
Neste mesmo relatório, está relatado que as educadoras perceberam que a criança estava com aspecto mole, de sonolência e, depois, começou a vomitar e desmaiou. A família, então, procurou a polícia e fez o exame toxicológico.
“Para a nossa angústia e desespero, deu positivo, deu no organismo dele que encontraram clonazepam. Estavam dopando o nosso filhinho na creche”, afirma a mãe. A substância foi encontrada tanto no exame de sangue, quanto no de urina, conforme aponta o laudo do Instituto Médico Legal (IML).
Investigação
A Polícia Civil abriu um inquérito e suspeita que este não seja um caso isolado. Vinte pessoas já prestaram depoimento, incluindo parentes das crianças e funcionários da escola.
O inquérito conta com mais de 100 páginas e deve ser concluído em um mês. A polícia já identificou seis crianças, alunos da mesma escola, que apresentaram quadro clínico.
Procurada por CLAUDIA, a Delegacia de Defesa da Mulher, responsável pelo caso, afirmou que ainda não há novidades sobre o caso, que permanece em investigação.
O que diz a prefeitura
A prefeitura de Votuporanga afirma que nenhum medicamento é administrado nas escolas municipais para as crianças, com exceção das que possuem receita médica.
Quanto às denúncias, a Secretaria de Educação foi procurada pelos pais de uma criança no final do ano passado e não por várias, como diz o boletim de ocorrência.
A secretaria relatou o caso à Procuradoria Geral do Município. Entretanto, na ocasião, ainda não havia resultado de exames médicos ou qualquer outro material com embasamento legal que determinasse providências administrativas. Apesar disso, a secretaria orientou educadores, técnicos e profissionais das escolas municipais.
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