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Para ler no fim de semana

A editora de CLAUDIA, Luara Calvi Anic, indica o novo livro de Luis Fernando Verissimo, As Mentiras que as Mulheres Contam. Confira trecho

Por Luara Calvi Anic
Atualizado em 28 out 2016, 04h04 - Publicado em 15 out 2015, 18h43
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O escritor Luis Fernando Verissimo faz rir com seu novíssimo As Mentiras que as Mulheres Contam (Objetiva, R$ 34,90), a versão feminina do livro que se tornou best-seller em 2000. “Acho que mulher mente tanto quanto homem, mas ela é mais dissimulada – faz parte do seu charme. O primeiro “não” de uma mulher nunca é sincero, isso já é esperado”, disse ele a CLAUDIA. Em um dos textos, Verissimo descreve uma personagem que finge sua identidade para levar um cego bem apessoado para casa. Não só leva como dorme com o sujeito. Já uma outra mente a idade para parecer mais jovem. Ela não aparentava ter mais do que trinta e cinco anos, mas dizia ter cinquenta e dois só para deixar as pessoas impressionadas. As crônicas, quase sempre com um diálogo no meio, são tão próximas do cotidiano que causam identificação imediata. Confira uma delas.

Igualzinha, igualzinha
Margô voltou de Paris com uma bolsa Vuitton. Contou para as amigas o que passara para comprar sua bolsa Vuitton. Entrara numa
fila enorme em frente à loja Vuitton da Champs-Elysées. No frio! Chegara a brigar com uma japonesa (“Ou chinesa, sei lá”) que tentara cortar a
sua frente na entrada da loja. Lá dentro, custara a ser atendida. Uma multidão. Mas finalmente conseguira.
— E aqui está ela — disse Margô, mostrando a bolsa Vuitton como um troféu.
Foi quando aconteceu uma coisa que a Margô jamais esperaria.
A Belinha mostrou a sua bolsa e disse:
— Igual à minha.
* * *
Houve um silêncio constrangido. Depois que se recuperou da surpresa, Margô sorriu e perguntou:
— Você também esteve em Paris, querida?
— Estive.
— Que inferno, a fila da Vuitton, né?
— Eu não comprei a bolsa na loja da Vuitton.
— Ah, não? Não foi na Champs-Elysées?
— Foi, mas na outra calçada.
— Como?
— Estavam vendendo na rua. Por €19.
O sorriso da Margô desapareceu. Sua bolsa Vuitton custara exatamente €1900, na loja.
— Ah. Imitação — disse.
— Mas é igualzinha.
— Igualzinha, igualzinha, não — corrigiu Margô. — A minha é legítima. A sua é falsa.
Belinha então propôs que todos examinassem as duas bolsas, para descobrir se havia alguma diferença. Não encontraram nenhuma.
* * *
À noite, na cama com seu marido Oscar, Margô ainda estava furiosa.
— Cachorra!
— O quê, bem?
— A Belinha. Não precisava ter esfregado a bolsa de €19 na minha cara.
— Mas ela foi honesta. Poderia dizer que comprara a bolsa na loja, igual a você. Poderia ter mentido.
— Você não vê? Ela me chamou de otária. De nova-rica deslumbrada. De, de…
— Calma. Sabe que essa é uma questão filosófica — disse Oscar.
— Uma imitação perfeita só deixa de ter o mesmo valor do original quando é descoberta. Dizem que várias obras atribuídas ao Rembrandt
não são dele, são de um falsificador. Mas continuam nos museus, encantando todo o mundo. Por que estragar o prazer de ver ou ter um Rembrandt, por um detalhe?
— Oscar, você não está me ajudando.
* * *
Hoje, quando alguém comenta a bolsa da Margô e pergunta se é Vuitton, ela responde.
— Parece, não é? Mas comprei numa calçada da Champs-Elysées.
Por €19!

 

Luara Calvi Anic é editora de CLAUDIA e dá dicas de cultura toda quinta-feira. Para falar com ela, clique aqui!

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