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Pantanal: roteiro abraça natureza e transforma quem se entrega por inteiro

Os dias em meio à natureza transformam quem se aventura pelo Centro-Oeste

Por Flavia Viana
13 Maio 2022, 08h01

O Pantanal nunca esteve tão no radar das pessoas, seja pelo viés turístico e cultural ou pelo ambiental (nesse caso, sempre acompanhado de alerta). Por uma infortuna coincidência, a vontade da Globo de gravar o remake da clássica novela homônima veio junto com a notícia dos incêndios e secas que prejudicaram a biodiversidade da região em 2020.

Pantanal cultura
Prepare-se para uma viagem surpreendente ao coração do Centro-Oeste brasileiro. (|Foto: Silas Ismael e Pipa Andreoli/CLAUDIA)
Por do sol no Pantanal
O pôr do sol de tirar o fôlego no Pantanal. (|Foto: Silas Ismael e Pipa Andreoli/CLAUDIA)

Também por conta disso, a primeira data prevista da minha viagem para lá foi cancelada – acabei indo só no final de 2021. Hoje, com a criação de Benedito Ruy Barbosa renovada no ar e ações de ambientalistas tentando minimizar os prejuízos, é possível vislumbrar um novo momento para a porção entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul de cerca de 170.000 quilômetros quadrados, maior área úmida continental do planeta.

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A minha experiência com o destino começou ainda na infância, mais precisamente no Pantanal Sul, para os lados da cidade de Corumbá, interior do MS. Todas as vezes que voltei sempre foram recheadas de uma atmosfera mágica, característica de quem encontra ali uma vibe inspiradora. Morando em São Paulo desde 2001, cidade que escolhi para estudar e trabalhar, resolvi voltar a convite do Refúgio Ecológico Caiman, hotel dentro de 53 mil hectares destinado à preservação local. A semana que fiquei na região próxima ao município de Miranda me confirmou que não importa quantas vezes você volte para lá, há sempre alguma surpresa no caminho.

Sobre retornos

Ainda na estrada, é possível perceber direitinho quando se entra especificamente no território do Pantanal. Tudo muda: a fauna, a flora, o sol – para se ter ideia, a sensação térmica era de 45 graus! A natureza ímpar nos recebe de maneira arrebatadora, ao som das aves aracuãs. É impossível não se emocionar, parece que o mundo para só para podermos viver aquele instante. É único, acredite.

Para mim, tudo ainda tem um sabor de “bem-vinda de volta”. São incontáveis as boas lembranças. Eu cresci visitando esse lugar constantemente e me orgulho muito disso. Quando vejo as cenas da novela, que obviamente estou acompanhando, consigo me ver em cada uma delas. É o banho de rio, a pescaria, os animais, a comida, o verde, o barulho do mato, as comitivas… O estilo de vida pantaneiro está posto.

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Para aproveitá-lo, a nossa rotina era similar à dos peões. Acordávamos às 5h30 para fazer avistamentos das onças pintadas, passeios a cavalo e acompanhar o manejo do gado. Além de conhecermos uma infinidade de espécies de pássaros, entre eles o tuiuiú ou jaburu, tão popular na região que virou símbolo do lugar. Os caminhos eram percorridos ou por terra ou por água, remando canoas bem próximas aos jacarés. No fim da tarde, com os braços já cansados, o pôr-do-sol nos presenteava com um cenário abençoado. Era a compensação natural de uma jornada.

À noite, os passeios noturnos traziam sensações transbordantes de presença em encontros com o tamanduá bandeira e seu filhote na “garupa”, lobos, mais onças e tatus. Tudo banhado pela Lua avistada sem qualquer dificuldade, mesmo no meio da estrada. Sem sinal algum de celular ou conexão com algo externo, foi uma degustação pura e envolvente do que é a vida no Pantanal.

Pantanal rio
Acordávamos às 5h30 para fazer avistamentos das onças pintadas, passeios a cavalo e acompanhar o manejo do gado. (|Foto: Silas Ismael e Pipa Andreoli/CLAUDIA)

Viajar é também comer

Mesa com pratos típicos do Pantanal
A culinária típica do Pantanal é de encher os olhos e aguçar o paladar. (|Foto: Silas Ismael e Pipa Andreoli/CLAUDIA)

De volta às acomodações, ainda em êxtase, um banho e mais uma aventura: degustar os pratos típicos da região preparados pelo chef Felipe Feiteiro e pela confeiteira Patrícia Lescano. Pense em suco de guavira, com bolo de bocaiuva e salada de umbigo de bananeira servidos ao lado de pães de queijo e curau feitos com a bocaiúva, fruta típica da região, conhecida também como chiclete pantaneiro.

A vivência gastronômica ainda incluiu o famoso churrasco pantaneiro feito pelo marido de Patricia, acompanhado de um arrasta pé com música ao vivo que, confesso, me fez suar. Com a carne, comi mandioca, arroz e farofa. Guarnições que parecem “simples”, mas as receitas cheias de segredos regionais fazem tudo ficar mais
especial – experimente-as com o pacu assado também. Água na boca é pouco.

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Vale ressaltar que muitos dos insumos usados no Refúgio Ecológico Caiman vêm da agrofloresta, trabalho feito por biólogos e pessoas que vivem lá há três anos, assim como a meliponicultura, criação de abelhas nativas do Brasil.

Antes de nos recolhermos, o píer nos chama. Todos os dias, pudemos contemplar o nascer e o entardecer deste mesmo ponto. Porém, nada mais bonito que assistir o escurecer se iluminar com a quantidade extraordinária de estrelas no céu.

Todos os dias acordamos e agradecemos por estarmos ali. Todos os dias pedimos permissão da natureza para andarmos no meio dela. Todos os dias nos conscientizamos, nos educamos e nos conectamos com algo maior que vai se transformando dentro da gente. Entendemos ali que somos meros visitantes, mas com um papel: viver intensamente uma experiência única. No meu caso, mais uma, sempre diferente de todas as outras, mas com a mesma consciência, de preservação, compartilhamento e amor, o mais puro dele. Esperando apenas a próxima oportunidade de estar neste lugar novamente. O Pantanal é um presente.

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A arara azul

Arara azul no Pantanal
Arara Azul, ave que se tornou símbolo do Pantanal. (|Foto: Silas Ismael e Pipa Andreoli/CLAUDIA)

A arara azul também se tornou um símbolo do Pantanal. Ela passou anos na lista dos animais em extinção e realmente esse bicho tão lindo e precioso quase desapareceu. Foi através do trabalho iniciado pela bióloga Neiva Guedes, em 1990, que a espécie deixou esse rol. O projeto monitora cerca de 3.000 indivíduos distribuídos em uma área de 450 mil hectares no Pantanal sul–mato grossense, com mais de 425 ninhos naturais e 288 artificiais. O mais bonito é ver que esse projeto se espalhou para o resto do Brasil e países vizinhos, além de contar com o apoio de peões e fazendeiros para esses animais possam continuar povoando a região.

Onça

Onça no Pantanal
A onça pintada é outro ícone do Pantanal. (|Foto: Silas Ismael e Pipa Andreoli/CLAUDIA)

Outro ícone da região é a temida (e hipnotizante) onça pintada, que também fez parte da lista de extinção. Graças à atuação da Onçafari, que preza pela preservação da vida em liberdade desses felinos, que elas voltaram a circular com mais segurança. Todos os dias no Refúgio Caiman pude avistá-las, sempre com muito respeito e sem interferências indevidas na natureza.

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