Número de casos de catapora cresce 65% em São Paulo
Redução da aplicação de imunizantes é responsável pelo problema
A capital paulista registrou 213 infecções e 56 surtos causados pelo vírus varicela-zóster em 2022, um aumento de 65% nos casos de catapora, nome popular da varicela, quando comparado ao ano anterior, segundo dados da Prefeitura. A diminuição da cobertura vacinal é o principal motivo associado ao crescimento da doença, que geralmente aparece em crianças e não vacinados. Em 2021, houveram 129 casos de catapora.
Embora a vacina tetraviral (SCR-V) seja a responsável por proteger as pessoas contra a doença, menos de 50% da população-alvo nacional recebeu a aplicação dela, segundo análise do Observa Infância (Fiocruz/Unifase). O imunizante, inclusive, atua em oposição a caxumba, sarampo e rubéola, e está disponível no Programa Nacional de Imunização (PNI). A primeira injeção deve ser aplicada aos 15 meses de vida, garantindo 85% de proteção contra a infecção, a segunda dose é aos 4 anos de idade, com proteção de 97%, de acordo com a Fiocruz.
Em caso de contágio, há uma tendência dos sintomas serem mais leves, com baixas chances de evolução negativa do quadro clínico. Aqueles que tiveram contato recente com pessoas infectadas podem tomar uma vacina de bloqueio oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Entre os sintomas mais comuns estão o aparecimento de manchas vermelhas e bolhas, coceira, febre com duração média de quatro dias, mal-estar, cansaço, dor de cabeça e perda de apetite. A catapora costuma revelar-se por volta dos 10 a 21 dias depois da contaminação. O diagnóstico é feito por meio de um exame clínico ou de um teste sorológico. Apesar de não haver tratamentos específicos, é indicado manter cuidados higiênicos e não se coçar.
A hesitação em vacinar o público infantil não é uma opção para os pais, pois o primeiro parágrafo do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) torna “obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias”. Descumprimentos podem levar à exigência do pagamento de multas e perdas da guarda da criança. As aplicações, no entanto, não são feitas de forma forçada. O Estado usa de ferramentas indiretas para a imunização dos pequenos, como a necessidade de apresentar a carteirinha de vacinação para a matrícula em escolas do ensino básico.