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“Não era uma massagem de médico”, diz mulher assediada ao sofrer aborto

Relato desta paciente soma-se a outras denúncias de assédio sexual feitas a ginecologista e obstetra na Bahia

Por Da Redação
18 Maio 2019, 11h11
estupro
 (Getty Images/Getty Images)
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O relato de uma mulher soma-se a outras denúncias feitas ao ginecologista e obstetra Orcione Ferreira Guimarães Júnior de que ele seria responsável por assédio sexual a suas pacientes.

Em entrevista ao UOL, a mulher que não quis se identificar contou que durante uma consulta com Orcione em que passava por um aborto espontâneo o médico lhe assediou.

Segundo a mulher, em sua primeira consulta com Orcione ela já notou que o médico apresentava comportamento fora do padrão por lhe dirigir elogios ao corpo.

“Ele me abraçou e me deu um beijo no rosto próximo da boca, disse que eu era muito bonita, perguntou se tinha namorado e por que estava ali. Eu disse que queria preparar o meu corpo para uma segunda gestação. Então ele ironizou e falou que ‘eu não precisava preparar meu corpo, porque meu corpo era lindo.”
Reparando que o médico mantinha um comportamento fora do padrão, a mulher decidiu não retornar suas consultas com o médico. Entretanto, por conta de um sangramento vaginal inesperado ela se viu diante de um hospital onde o ginecologista prestava atendimento.
Na consulta, Orcione indicou que a mulher possivelmente passava por um quadro de aborto espontâneo e passou a examiná-la. Porém, a análise do médico fugiu ao padrão mais uma vez.
“Ele me fez o toque intravaginal e constatou que o útero apresentava características de aborto espontâneo…Quando terminou, ele tirou as luvas e começou a massagear meus seios, o que não era mais natural numa situação de aborto, já não fazia mais parte do protocolo. Começou a massagear, não era uma massagem de um médico, era um toque de homem (…) Ele acariciava todo o meu corpo, dizia que era uma criança em má formação, que eu poderia ter outras gestações, pediu exames e que eu retornasse. Eu não voltei”
Para a mulher, a situação desencadeou um cenário duplo de drama. “Chorava muito, e ele entendia que era por conta do aborto, mas não era só por isso. Eu estava abortando um filho que eu não tinha nem certeza que estava esperando e, ao mesmo tempo, tinha acabado de sofrer um abuso sexual.”

O caso foi denunciado à Delegacia Especial de Atendimento à Mulher de Vitória da Conquista (BA), cidade onde o assédio ocorreu. Ao todo, 24 mulheres já relataram abusos feitos pelo médico e 13 já foram denunciados à Deam.

Leia mais: Mulheres são vistas como “sexualmente disponíveis” ao segurar drinques

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