Não damos mais atenção e a devida importância às coisas
A especialista em meditação e colunista de CLAUDIA reflete sobre o papel dos rituais na nossa vida e as celebrações que deveríamos apreciar mais.
Por que ninguém celebra mais? Devemos ter o costume de celebrar no nosso cotidiano. Pode ser com um almoço diferente para a família no domingo, um momento caprichado para relaxar antes de dormir, uma noite agradável na companhia de amigas Ninguém precisa de datas pré-fixadas. Basta inventar os próprios rituais para, a qualquer dia e qualquer hora, comemorar os amores, as conquistas tanto as suas quanto as dos outros , a vida. E o que é mesmo um ritual?, perguntou o principezinho do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, numa das histórias mais famosas e repetidas do mundo. E a sábia raposa respondeu que um ritual é aquilo que faz com que um dia (ou um momento) seja diferente dos outros e se torne especial, com ingredientes para ser lembrado e relembrado para sempre.
Os povos da Antiguidade mantinham a tradição de celebrar, com atenção e intenção, todas as coisas fundamentais da vida. Com o tempo, fomos perdendo a dimensão desse conceito e o costume de colocá-lo em prática. Não damos mais atenção e a devida importância às coisas. Corremos atrás de conquistas que, no fim, nos parecem supérfluas e nos trazem uma felicidade muito fugaz. Precisamos resgatar essa tradição esquecida e voltar a celebrar mais e sempre tornar especial não só os grandes momentos mas, sobretudo, os pequenos eventos do dia a dia. Rituais nos ajudam a focar no momento presente, a vivenciar o aqui e o agora e, assim, a acalmar a mente. Nessas horas, atenção e intenção são importantes, mas é preciso entrar em tudo com a razão e também com o coração. Celebrar o nascimento de uma criança, as bodas (de algodão, prata, ouro…), o Dia dos Namorados, das Mães, dos Pais, todas essas coisas que fazem parte da rotina das pessoas. Mas muitas vezes participamos delas sem tanto sentimento ou comprometimento, mais por instinto de rebanho. Ou seja, porque todos fazem, fazemos também. Mas não vale tanto se não colocarmos ali emoção verdadeira. Pense em cada refeição, que pode se converter em um ritual de celebração mesmo que esteja sozinha.
Comece preparando a mesa como se você tivesse convidados para jantar. Coloque flores, cores, velas, amor em cada ação. Sirva-se dispondo a comida em seu prato de um modo bonito e harmônico, como se quisesse formar um arco-íris. Providencie música suave, que lhe traga serenidade. Desligue telefones e eletrônicos em geral. O ato de comer é sagrado e precisamos fazê-lo com reverência. Sente-se com postura de rainha: coluna ereta e cabeça bem-posta no prolongamento natural dela. Apoie os punhos sobre a mesa, feche os olhos e faça várias inspirações profundas. Com os olhos da mente, contemple os alimentos e busque uma atitude de gratidão para com a natureza, que nos nutre. Curta essa paz e entregue-se, sem expectativas, ao momento. Coma em silêncio e com reverência, deleitando os cinco sentidos. Curta lentamente os alimentos à sua frente, sinta os sabores, mastigue bem. Isso é celebrar!
Mas é apenas um dos rituais possíveis, simples o suficiente para entrar no seu dia a dia. Há outros. Portanto, convido você a usar a criatividade e inventar formas personalizadas de comemorar sempre, tudinho que quiser. Devemos exaltar até as adversidades que nos fazem crescer. O mundo fica mais leve e solto se aprendemos a extrair prazer das várias situações e a manifestar nossa alegria. Que tal, depois de bolar seus scripts para celebrar, compartilhá-los, contribuindo com o repertório geral? Aguardo sugestões.