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Mulheres inspiradoras falam sobre educação no CLAUDIA Talks

Evento que precede o Prêmio CLAUDIA reuniu vencedoras de edições anteriores e indicadas deste ano para compartilhar experiências transformadoras

Por Lia Rizzo
Atualizado em 16 abr 2024, 09h28 - Publicado em 17 set 2018, 13h26
Giuliana Bérgamo com Sulemi Coaxi, Marinalva Dantas, Laura Vinci e Roberta Estrela D´Álva durante o CLAUDIA Talks, no Rio de Janeiro. (Renato Wrobel/CLAUDIA)
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Há mais de três décadas, a auditora fiscal Marinalva se dedica ao combate do trabalho infantil e escravo. A professora Sulemi fundou, sozinha, a associação que atende na pequena Sapeaçu, cerca de 170 pessoas com deficiência entre 3 e 60 anos de idade. Laura, artista plástica, promove por meio de suas instalações as ideias libertarias aprendidas na escola pública em que estudou. Atriz, dramaturga, poeta e MC, Roberta trouxe para o Brasil o slam, batalha de poesia já muito popular em outros países, mas que só ganhou visibilidade e virou um novo espaço de expressão aqui, por iniciativa da artista.

Essas mulheres que parecem andar por vias tão distintas, caminham juntas em direção ao mesmo propósito: criar ou colocar em prática soluções efetivas para alguns dos tantos problemas da educação brasileira. Marinalva Dantas e Sulemi Coaxi foram vencedoras em edições anteriores do Prêmio CLAUDIA, enquanto Roberta Estrela D´Alva e Laura Vinci estão indicadas na edição deste ano, ambas na categoria Cultura. O grande encontro desses nomes e ideias aconteceu nesta segunda-feira, 17, no Softel Rio, Rio de Janeiro, durante o CLAUDIA Talks, evento que precede o Prêmio CLAUDIA 2018.

“Tem alguma coisa muito mágica quando ouvimos pessoas inspiradoras. Acredito que todos nós temos o capital social e podemos fazer alguma coisa pela sociedade em que vivemos”, disse Guta Nascimento, diretora de redação de CLAUDIA, ao abrir o evento. “Em uma escala micro, mesmo com pequenas atitudes, podemos impactar, transformar e ajudar pessoas. Mas hoje, o que trazemos aqui são os exemplos macro, de mulheres cujos esforços mudaram ou melhoraram a vida de muita gente”.

Neste ano, a 23º edição do Prêmio CLAUDIA tem a educação como causa principal. “Porque acreditamos que é esta a solução para todos os problemas urgentes do país”, lembrou Giuliana Bérgamo, que faz a reportagem e curadoria de indicações, antes de chamar ao palco cada uma das palestrantes, que ao fim do evento participaram de um bate-papo conjunto.

Leia também: Conheça as finalistas do Prêmio CLAUDIA 2018

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Compromisso pessoal

Erradicar o trabalho infantil e escravo é um compromisso mundial, amplamente discutido na comunidade internacional. Para Marinalva Dantas, porém, é mais que isso. A maior parte de sua longa atuação libertando vítimas de escravidão e crianças submetidas a trabalho infantil foi em campo, vendo tudo com os próprios olhos. Da vivência com situações como a do menino que perdeu vários dedos em uma máquina de carne na padaria onde trabalhava ou do garoto castanheiro que perdeu as digitais por conta do ofício, transformou a atividade profissional em uma causa pessoal. “Luto para combater não apenas a vulnerabilidade a que essas crianças estão submetidas, mas também a invisibilidade”, falou ela, em um depoimento emocionado. Seu empenho e coragem recheiam as páginas do livro “A Dama da Liberdade”. E em 2015, Marinalva foi vencedora do Prêmio CLAUDIA na categoria Políticas Públicas.

Gratidão que transforma

Susana Cristina, primogênita de Sulemi Coaxi, nasceu com paralisia cerebral, deficiência mental e autismo. Professora graduada em Letras, Sulemi entendeu ali que apesar de sua formação, ainda teria muito a aprender sobre ensinar. “Minha filha não pôde falar, então tive que descobrir como falar com ela e por ela. Ela nunca leu, mas me fez ler muito para compreender as pessoas com autismo e transtorno global de desenvolvimento e a exclusão e vulnerabilidade social”. Foi para proporcionar qualidade de vida e mais possibilidades para Susana, que ela entrou no mundo da educação inclusiva. E logo ampliou seu olhar para as famílias que, assim como a dela, tiveram a vida modificada pela chegada de alguém com necessidades diferentes e também careciam de acolhimento. Criou então em 1999, a Associação Pestalozzi de Sapeaçu, para atender crianças e adultos com deficiência. Há alguns meses, Susana faleceu. Mesmo com o coração destroçado de mãe destroçado depois do adeus à filha, Sulemi não se despediu da causa. “Susana jamais pôde andar, mas me fez caminhar muito e alcançar lugares onde nunca imaginei chegar. Porque esta é a consequência quando abraçamos uma causa”, contou. “Com o falecimento dela, senti gratidão pela nossa convivência e a chance de ter feito este trabalho. A gratidão que tranforma.” Sulemi foi vencedora do Prêmio CLAUDIA em 2014, na categoria Consultora Natura Inspiradora.

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Pelo caminho da Cultura

Inspirada em eventos americanos, a atriz-MC Roberta Estrela D’Alva, 40 anos, criou o primeiro slam brasileiro – batalhas de poesia semelhantes a saraus, porém competitivas. A ideia é que os participantes declamem textos autorais com, no máximo, três minutos de duração sem acompanhamento musical e um júri popular escolhe as melhores apresentações. Essas batalhas tem grande participação feminina, principalmente de jovens da periferia. “O slam é um exercício de escuta, algo muito importante hoje, já que vivemos imersos no mundo virtual. E as mulheres estão dominando a cena”, diz ela, que também é apresentadora do programa ‘Manos e Minas’, da TV Cultura.

Já a artista plástica Laura Vinci, 56 anos, é consagrada por suas instalações interativas e pelo uso de materiais como ferro, minerais e vidro. Em 1998, Laura foi convidada a participar do projeto Arte/Cidade, de intervenções urbanas. A proposta era criar algo que conversasse com a arquitetura de uma fábrica desativada em São Paulo. Ela instalou 50 toneladas de areia no andar superior e fez um furo no piso. Por ali, os grãos escorreram durante o tempo exato que durou a mostra, formando uma ampulheta gigante. Para ter a experiência da obra como um todo, o visitante precisava se movimentar pelo espaço. “A relação entre a obra e o espectador é central na minha arte”, diz a paulistana.

Para votar em Laura ou Roberta ou nas candidatas de todas as categorias, clique aqui.

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O encontro foi transmitido ao vivo pelo Facebook e o vídeo está disponível na página de CLAUDIA.

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