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Índia para todos

Quatro viajantes contam aqui suas experiências pelo país berço da ioga e de outras tradições milenares que hipnotizam o Ocidente.

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 28 out 2016, 20h54 - Publicado em 10 nov 2010, 22h00
Iracy Paulina
Iracy Paulina (/)
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Jaipur
Foto: Divulgação

Bordados da arquitetura

“Eles enfeitam qualquer parede com desenhos maravilhosos. Parece que tudo é bordado na Índia”, derrete-se a designer de interiores Neza Cesar, apaixonada pela riqueza de detalhes da arquitetura local. “As construções são feitas para agradar a uma divindade. Por isso, a planta precisa obedecer a uma série de recomendações do Vastu, espécie de feng shui dos indianos”, conta. Outra característica dos prédios é a ausência de portas. “Eles usam arcos e jardins internos, para que a energia circule.”

Entre os monumentos considerados “imperdíveis” pela designer, está o forte Amber, em Jaipur. Construído em mármore branco e arenito vermelho, em 1592, pelo marajá Man Singh, constitui um exemplar típico da arquitetura da dinastia Rajput, com tetos forrados de espelhos, passagens secretas e templos.

Outra cidade que não deve ficar de fora do roteiro é Agra, distante cerca de 200 quilômetros de Délhi, berço do famoso Taj Mahal, o mausoléu construído pelo imperador Shah Jahan no século 17 para homenagear sua segunda esposa, Mumtaz Mahal, que morreu ao dar à luz um dos filhos do casal. Erigido em mármore branco com marchetaria em pedras, o monumento levou 15 anos para ficar pronto e empregou 20 mil operários. 

Ainda na cidade, o forte e o palácio de arenito vermelho são outras atrações majestosas. O forte começou a ser erguido pelo imperador Shah Jahan, que, mais tarde, foi encarcerado lá por um de seus filhos. Pediu para ser preso em uma das alas com vista para o Taj Mahal, onde sua amada estava enterrada, e foi atendido. Esse cômodo é aberto aos turistas, que podem desfrutar da mesma vista.

Aventura espiritual

Namastê, o típico cumprimento indiano, já diz tudo. Significa “o deus que há em mim saúda o deus que há em você”. “Na verdade, a tradição hinduísta é mais do que uma corrente religiosa“, explica a mestra de ioga Marcia De Luca. “Manifesta-se em todos os aspectos, na divisão da sociedade em castas, na arquitetura, na filosofia, na meditação, nas festas e festivais.

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A cultura indiana é orientada pelas escrituras sagradas, os Vedas, com mais de 5 mil anos. De acordo com a filosofia védica, para viver em harmonia, o ser humano precisa encontrar o seu lugar no Universo. Um dos caminhos é a ioga. “A prática foi disseminada no Ocidente por grandes autoridades espirituais do passado, como Yogananda e Aurobindo”, diz Marcia. Atualmente, quatro grandes mestres atraem multidões para os seus ashrans (escolas ou comunidades). Marcia freqüenta o maior deles, Parmarth Niketan, do mestre Pujya Swamiji, na cidade de Rishikesh, no sopé do Himalaia. Ali também está a escola de outro grande mestre, Dayananda.

No sul do país, Marcia sugere ainda a mestra do abraço, Amma, cujo ashram fica na cidadezinha de Amritapuri, em Kerala; e o guru Sathya Sai Baba, que comanda três comunidades, em Puttaparthy, Bangalore e Kidai Kanal. Todos esses ashrams acolhem turistas – com instalações simples e preço razoável – para temporadas de meditação e ioga.

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Jaipur
Foto: Divulgação

Exuberância feminina

Como se veste uma mulher que acredita que o corpo é a morada dos deuses? Para entender cada detalhe desse guarda-roupa tão especial, Emilia Duncan, a figurinista da novela global Caminho das Índias (2008), mergulhou de cabeça na pesquisa da indumentária do povo indiano. “Não importa se a mulher é rica ou pobre, ela se embeleza dos pés à cabeça para agradar às divindades.”

A indumentária feminina básica é composta de sáris, tecido enrolado ao corpo, e punjabi,conjunto de túnica e calça comprida. Os conselhos de Emilia: Jaipur é ótimo para quem quer comprar joias; a capital, Nova Délhi, é a meca dos tecidos, pois reúne produtos do país inteiro. Em todas as lojas, prepare-se para um ritual. “Tire os sapatos para entrar. Lá dentro, você senta numa almofada, o dono vem atendê-la, oferece um chá e mostra tudo. E pode barganhar o preço”, afirma ela.

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Festa de sabores

Para os indianos, uma refeição completa deve harmonizar todos os sabores – doce, salgado, amargo, ácido, picante e adstringente. As especiarias, usadas em abundância, servem para realçar sabores e aromas e também para equilibrar os chacras (centros de energia localizados ao longo da coluna), cumprindo um papel digestivo e nutricional.

As massalas são misturas de temperos como cardamomo, gengibre, cominho, pimenta e curry. Formada em hotelaria na Áustria, a paulista Manuela Mantegari Narvania começou a desvendar todos esses segredos ao se casar com um indiano e acabou abrindo um bufê e um restaurante em São Paulo, o Curry Comida Indiana. “Minha sogra e minha cunhada me mandavam receitas, depois complementei o cardápio durante as viagens”, diz ela.

Manuela lembra que o menu indiano não é apenas vegetariano. “A ala muçulmana adota a carne de carneiro, e há regiões em que se comem frango e peixe.” Em linhas gerais, no norte impera o uso de grãos, com vários tipos de lentilha e ervilha. No sul, o arroz e o coco roubam a cena. Usa-se muito o tandoori, forno de barro, onde são assados as carnes, os legumes e shapati, pão à base de farinha integral e água. Para os turistas que visitam Jaipur, ela indica o Chokhidhani, um centro onde se pode conhecer as comidas típicas e as danças indianas.

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