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Vocês estão prontas para as Guerrilla Girls?

Coletivo norteamericano está em ação pela igualdade de gênero e raça na arte desde 1985 e tem exposição individual inédita no Brasil a partir de setembro

Por Camila Bahia Braga Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 11 ago 2017, 14h23 - Publicado em 10 ago 2017, 17h59
 (Guerrilla Girls/Divulgação)
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As Guerrilla Girls usam como pseudônimos os nomes de artistas que fizeram história, como Frida Kahlo, Paula Modersohn-Becker e Rosalba Carriera. O nome do coletivo criado em 1985 em Nova Iorque, que significa “Meninas da Guerrilha”, soa como “gorila” no sotaque norteamericano, o que justifica em parte a utilização de máscaras de primatas pelas integrantes.

Mascaradas e organizadas, as mulheres já realizaram intervenções nos museus mais importantes do mundo. A primeira aparição, na década de 80, questionava: “As mulheres precisam estar nuas para entrar no Met. Museum?”.

A colocação das guerrilheiras continua tão pertinente quanto há 30 anos. Na época, apenas 5% dos artistas expostos no museu novaiorquino eram mulheres, enquanto 85% dos nus eram de mulheres retratadas. Hoje, em levantamento que ainda será atualizado com dados mais atuais sobre o museu (o que faz parte da programação das Guerrilla Girls aqui), 6% dos expositores no Museu de Arte de São Paulo (MASP) são mulheres, e 68% dos nus são femininos.

Leia mais: Por meio da arte de rua, essas artistas procuram combater o machismo

As Guerrilla Girls já estiveram em importantes polos artísticos do Brasil levando os questionamentos sobre desigualdade de gênero e raça na arte, e voltam agora para São Paulo. De 12 de agosto a 3 de dezembro elas estarão no Sesc Sorocaba (SP), e de 29 de setembro a fevereiro de 2018 no MASP, onde realizam a primeira exposição individual no Brasil.

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Are you ready for the Guerrilla Girls? “Vocês estão prontos para as Guerilla Girls?” Com essa pergunta, o coletivo de artistas feministas vai apresentar uma retrospectiva com mais de 100 de seus icônicos cartazes, além de uma performance, que ocorrerá no dia 29/09, com quatro das atuais integrantes do coletivo – cujo número exato não é revelado.

Os cartazes estarão distribuídos em linha cronológica, em inglês, com legendas em português. Uma das partes mais importantes do projeto no MASP é a edição de um catálogo de 150 páginas com a reprodução de todos os cartazes já produzidos pelo grupo, além de entrevistas e textos com as curadoras da mostra Camila Bechelany e Adriano Ventura.

Duas das obras serão recriadas em português: As Vantagens de ser uma artista mulher [The Advantages of Being a Woman Artist] e o famoso cartaz amarelo com a representação da figura feminina nua da obra A Grande Odalisca (1814), de Jean-Auguste Dominique Ingres, vestida com máscara de gorila.

Cartaz das Guerrilla Girls com dados do MASP, onde terão exposição a partir de setembro
Cartaz das Guerrilla Girls com os dados sobre participação das artistas mulheres no MASP – que ainda serão atualizados no início de setembro (Guerrilla Girls/Reprodução)

Trajetória

As artistas alcançaram notoriedade tamanha que se tornaram as principais fontes sobre as disparidades na arte – que são consequência da desigualdade de gênero e racial também na política, no mercado e em outras instâncias. Segundo as artistas, seu trabalho tem por objetivo “minar a ideia de uma narrativa dominante para revelar a sub-história, o subtexto, o que é ignorado e a injustiça descarada”.

Embora sejam hoje convidadas pelos museus que criticavam, tendo acervos no Pompidou (Paris) e MoMA (NY), por exemplo, a firmeza das guerrilheiras continua: trata-se apenas de ampliar os públicos atingidos e espalhar a palavra.

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“Acreditamos que é ótimo criticar uma instituição em suas próprias paredes. Na Bienal de Veneza, exibimos seis grandes banners sobre a histórica discriminação da própria Bienal e dos museus de Veneza. Mais de 1 milhão de pessoas visitaram a nossa exposição no Centre Pompidou, em Paris. Sempre que nosso trabalho aparece em uma instituição como essa, recebemos toneladas de e-mails de pessoas falando que nosso trabalho lhes mostrou algo que elas nunca souberam sobre arte e cultura, e que nós as inspiramos a realizar o seu próprio, louco e criativo ativismo”, contou a guerrilheira Käthe Kollwitz ao Estado de S. Paulo.

Cartaz das Guerrilla Girls compara quantidade de exposição-solo de artistas mulheres no Museu de Nova Iorque em 1985 e 2015
Cartaz das Guerrilla Girls compara o número de exposições solo de mulheres artistas nos museus de NY em 1985 e 2015 (Guerrilla Girls/Reprodução)

A irônica série As vantagens de ser uma mulher artista já é um clássico e impressiona pela atualidade da situação das mulheres nas artes:

As vantagens de ser uma artista mulher:

– Trabalhar sem a pressão do sucesso;

– Não ter que estar em exposições com homens;

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– Ter uma escapatória do mundo da arte em seus 4 empregos free-lancers;

– Saber que sua carreira pode deslanchar depois que você tiver 80 anos;

– Estar segura de que qualquer tipo de arte que você fizer vai ficar rotulada como “feminina”;

– Ver suas ideias viverem no trabalho de outros;

– Ter a oportunidade de escolher entre carreira e maternidade;

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– Ter mais tempo pra trabalhar quando seu parceiro te trocar por uma mulher mais nova;

– Ser incluída em versões revisadas de livros de história da arte;

– Não ter que enfrentar o embaraço de ser chamado de gênio;

– Ter seu retrato nas revistas de arte usando uma fantasia de gorila.

Essa desigualdade, no entanto, está longe de passar despercebida: aí estão as Guerrilla Girls, brigando por nós na selva.

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Leia mais: Fanzines, cartazes, pôsteres: a arte impressa conquistou seu espaço

 

Serviço

GUERRILLA GIRLS: GRÁFICA, 1985-2017

Abertura: 28 de setembro, 20h

Data: 29 de setembro a 14 de fevereiro de 2018

Local: Mezanino do 1º Subsolo – MASP (Museu de Arte de São Paulo)

Endereço: Avenida Paulista, 1578, São Paulo, SP

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