Figurinista desiste de incriminar José Mayer e caso é encerrado
A jovem pediu que as investigações não seguissem adiante
A figurinista Susllem Meneguzzi Tonani decidiu não levar adiante o inquérito contra José Mayer. Segundo informações do UOL, ela esteve na última quarta-feira (26) na Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro e pediu para que as investigações não seguissem adiante.
Como não houve representação da vítima na Justiça, o caso será encerrado.
ENTENDA O CASO
A acusação de assédio e abuso sexual pela figurinista veio à tona no dia 31 de março em um post no blog “Agora É Que São Elas”, da Folha de S. Paulo. Na carta publicada, ela conta o que viveu nos bastidores da novela A Lei do Amor. “A primeira ‘brincadeira’ de José Mayer Drumond comigo foi há 8 meses. Ele era protagonista da primeira novela em que eu trabalhava como figurinista assistente. E essa história de violência se iniciou com o simples: ‘como você é bonita’. Trabalhando de segunda à sábado, lidar com José Mayer era rotineiro. E com ele vinham seus ‘elogios’. Do ‘como você se veste bem’, logo eu estava ouvindo: ‘como a sua cintura é fina’, ‘fico olhando a sua bundinha e imaginando seu peitinho’, ‘você nunca vai dar para mim?’.”
Segundo ela, os episódios incluíram também contato físico sem consentimento.
“Em fevereiro de 2017, dentro do camarim da empresa, na presença de outras duas mulheres, ele colocou a mão esquerda na minha genitália. Sim, ele colocou a mão na minha buceta e ainda disse que esse era seu desejo antigo. Elas? Elas, que poderiam estar eu meu lugar, não ficaram constrangidas. Chegaram até a rir de sua ‘piada’. Eu? Eu me vi só, desprotegida, encurralada, ridicularizada, inferiorizada, invisível. Senti desespero, nojo, arrependimento de estar ali. Não havia cumplicidade, sororidade. Mas segui na engrenagem, no mecanismo subserviente. Nos próximos dias, fui trabalhar rezando para não encontra-lo. Tentando driblar sua presença para poder seguir. O trabalho dos meus sonhos tinha virado um pesadelo.”
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Tonani afirma que procurou as instâncias responsáveis pelos funcionários da Rede Globo e que o setor de Recursos Humanos lhe prometeu tomar as medidas cabíveis.
“Acusei o santo, o milagre e a igreja. Procurei quem me colocou ali. Fui ao RH. Liguei para a ouvidoria. Fui ao departamento que cuida dos atores. Acessei todas as pessoas, todas as instâncias, contei sobre o assédio moral e sexual que há meses eu vinha sofrendo. Contei que tudo escalou e eu não conseguia encontrar mais motivos, forças para estar ali. A empresa reconheceu a gravidade do acontecimento e prometeu tomar as medidas necessárias. Me pergunto: quais serão as medidas? Que lei fará justiça e irá reger a punição? Que me protegerá e como?
Sinto no peito uma culpa imensa por não ter tomado medidas sérias e árduas antes, sinto um arrependimento violento por ter me calado, me odeio por todas às vezes em que, constrangida, lidei com o assédio com um sorriso amarelo. E, principalmente, me sinto oprimida por não ter gritado só porque estava em meu local de trabalho. Dá medo, sabia? Porque a gente acha que o ator renomado, 30 e tantos papéis, garanhão da ficção com contrato assinado, vai seguir impassível, porque assim lhe permitem, produto de ouro, prata da casa.
[…] Falo em meu nome e acuso o nome dele para que fique claro, que não haja dúvidas. Para que não seja mais fofoca. Que entendam que é abusivo, é antigo, não é brincadeira, é coronelismo, é machismo, é errado. É crime”, finalizou.
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Em nota, a Rede Globo disse a CLAUDIA que não tolera esse tipo de postura. “Repudiamos toda e qualquer forma de desrespeito, violência ou preconceito. E zela para que as relações entre funcionários e colaboradores da emissora se deem em um ambiente de harmonia e colaboração, de acordo com o Código de Ética e Conduta do Grupo Globo. Todas as questões são apuradas com rigor, ouvidos todos os envolvidos, em busca da verdade. Desta forma e tendo o respeito como um valor inegociável da empresa, esse assunto foi apurado e as medidas necessárias estão sendo tomadas”, afirmou a Comunicação da emissora na ocasião.
Dias depois, uma onda de protestos partiu das funcionárias, diretoras e atrizes da Globo, que protestaram contra assédio sexual. José Mayer se pronunciou em carta aberta, afirmando que “passou dos limites” e foi afastado por tempo indeterminado das produções da casa.