‘Feminismo do #MeToo é ofensivo aos homens’, diz Catherine Millet
Escritora francesa comentou a polêmica sobre o manifesto contra onda de denúncias de crimes sexuais publicado no jornal Le Monde
A escritora Catherine Millet, autora de “A Vida Sexual de Catherine M.”, foi uma das autoras do manifesto contra a onde da denúncias de crimes sexuais publicado no jornal francês Le Monde. Ao lado de outras mulheres, como a atriz Catherine Deneuve, ela assinou o texto polêmico, que rendeu muitas críticas durante a última semana por chamar o movimento #MeToo, que alerta para o abuso e o assédio, de “puritanismo”.
Em entrevista exclusiva a Folha, ela reiterou sua opinião. “Todos os dias os jornais publicavam artigos nos quais davam a palavra a mulheres que tinham sofrido assédio ou violência. E, sinceramente, muitas vezes essas violências não me pareciam ser graves”, disse.
Quando questionada se já passou por esse tipo de situação, afirmou que não. “É verdade que nunca fui estuprada, nem apanhei para ceder a uma relação sexual. Nunca conheci uma situação extrema”, revelou. “O que uma mulher vai considerar como assédio, eu posso considerar como uma cantada insistente. […] O que me incomoda é que, de alguma forma, essas mulheres [do movimento Me Too] querem instaurar, como se fosse uma lei universal, uma fronteira preisa a partir da qual existiria assédio. Em entrevista recente, disse não considerar um homem que toca nas minhas coxas no metrô como um predador“, defendeu.
Sobre os abusos em locais públicos, ela disse ainda que, provavelmente, esses agressores vivem uma “miséria sexual”. “Pessoalmente, tenho compaixão por esses homens”.
Ao final, defendeu ainda que o “feminismo da campanha #MeToo” é ofensivo e bélico aos homens. “Houve uma grande regressão moral”, argumentou.
*Leia a entrevista na íntegra.