Depois do sucesso nas redes, Zack Magiezi lança livro com seus poemas
O autor conquistou fãs ao brincar com poucas – mas certeiras – palavras e acordar as pessoas para os detalhes importantes da vida
Zack Magiezi (32) escreve seus poemas em uma máquina de escrever, no entanto sua legião de fãs está nas redes sociais. Os usuários vêm acompanhando o autor desde 2014 – quando criou a página Estranherismo no Facebook para divulgar suas impressões da vida de forma poética – e foram se acumulando às centenas de milhares com a expansão por uma conta no Instagram. Hoje, são quase 418 mil no Face e mais de 621 mil no Insta!
A maioria dos textos são curtos e surpreendem ao explorarem situações corriqueiras, mas que passam desapercebidas pela correria nossa de todos os dias.
Depois do sucesso nas redes, os poemas saíram da máquina de escrever e vão ficar de fato no papel. No recém lançado livro ESTRANHERISMO, da editora Bertrand Brasil (R$34,90), Zack apresentou quase todos os poemas que produziu para as redes. O autor conversou com CLAUDIA sobre a sua produção, confira:
Quando você começou a escrever poesia?
É algo recente, eu escrevia alguns poemas de vez em quando, mas não era um exercício constante: um por mês ou a cada dois, três, quatro meses. Quando surgiu a ideia de fazer uma página na internet, aí sim a produção ficou constante.
Como é o seu processo de produção?
Desde que comecei a página é o mesmo processo: carrego um caderninho comigo e vou escrevendo ideias ao longo dia, se não acabo esquecendo. As ideias vêm do que as pessoas falam, do que vejo na rua, do que reparo em alguns lugares. Depois eu sento e transformo essas ideias de uma maneira poética.
O que te inspira?
As inspirações continuam as mesmas: as pessoas, a vida, aqueles detalhes que costumam passar despercebidos. Hoje temos uma necessidade de avançar rápido e acabamos por deixar passar momentos preciosos. Quero garimpar esses detalhes.
Por que a escolha do Instagram como meio de transmissão da sua arte?
No ano passado, um amigo meu – heavyuser do Instagram – me falou das vantagens do Insta. Percebi que tem um apelo maior da imagem sobre o texto. Então, comecei a fotografar os textos que batia na máquina de escrever e publicar as fotos. Aí as coisas foram acontecendo, os poemas foram viralizando…
Você já tinha essa máquina de escrever?
Não, na verdade eu ganhei de outro amigo. Achei bom, não entendo muito de programas gráficos, sabe?
O que acha dessa resposta automática que a internet garante?
Acho muito bom, evidentemente, pois me proporciona muitas coisas, inclusive a publicação do livro. Mas não é algo que me condiciona. Penso que ao publicar o que escrevi, já não é mais meu. Vai circular na Internet e é como se não me pertencesse mais. Eu releio pouco o que já publiquei, tenho muito cuidado com a questão da influência dos números, como curtidas e compartilhamentos. Não quero que isso me leve a repetir algo porque deu audiência, não seria honesto. Eu gosto muito desse incentivo à leitura, principalmente da poesia.
Por que decidiu migrar para o impresso e publicar o livro?
Na verdade, eu não tinha essa intenção e foi algo que começou de maneira despretensiosa. Eu gosto muito de literatura, tenho autores que admiro. Aí você se questiona: será que posso frequentar a mesma prateleira que eles, rsss? Tenho essas viagens, sabe? Mas as pessoas me perguntavam se eu tinha um livro para vender. Muita gente tem esse apego ao impresso, ao livro. A Bertrand me procurou para falar sobre a ideia, fomos conversando e achei que eles tinham mais a perder do que eu, haha. Começamos a sonhar juntos e agora realizamos.
De onde veio o título Estranheirismo?
Veio da página do Facebook, que tem o mesmo nome. É um neologismo que faz referência a algo que é muito comum mas de alguma forma se tornou estranho. Também faz alusão a algo íntimo. E os leitores reconhecem isso. Realmente tem essa identificação. Eles até brincam: esse cara tá falando de mim? Rss. Fico feliz com o resultado.