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Conheça o projeto “Apolônias do Bem”, que recupera os dentes de mulheres vítimas de agressão

Quem idealizou a ação e já permitiu que 700 vítimas voltassem a sorrir foi o dentista paulistano Fábio Bibancos

Por Letícia Paiva
Atualizado em 12 abr 2024, 16h32 - Publicado em 20 set 2016, 12h39
Júlia Rodrigues
Júlia Rodrigues (/)
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A história de Ruth Mamami marcou o dentista Fábio Bibancos. A imigrante boliviana havia fugido de uma oficina de costura clandestina em São Paulo, onde era frequentemente agredida pelo patrão e teve vários dentes quebrados. Embora tivesse conseguido escapar dessa realidade aterrorizante, era incapaz de se olhar no espelho ou dar risada sem se lembrar da dor. Quando conheceu Bibancos, ela ganhou um sorriso novo. Ruth é uma das 700 vítimas de violência beneficiadas pelo programa “Apolônias do Bem”. 

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“Depois da denúncia, elas normalmente recebem apoio psicológico e médico, mas não dentário. Essa é uma ferida que o Estado não trata”, afirma o paulistano, de 53 anos, que idealizou o projeto há quatro. Pelos mais de 100 consultórios parceiros já passaram mulheres que levaram socos, pontapés e até marteladas do marido, do pai, do irmão… “Elas contam que, a cada vez que se olhavam no espelho, lembravam do agressor. Não conseguiam mais rir”, diz. O dentista se recorda de uma paciente que, para evitar o próprio reflexo, prendia os cabelos mirando apenas a silhueta formada pela luz do abajur na parede.

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Esse não é o primeiro projeto solidário de Bibancos – desde 2002, a “Turma do Bem” garante cuidados odontológicos a crianças e adultos de baixa renda. Mas, ao visitar um abrigo para mulheres vítimas de agressão, Bibancos percebeu que a assistência ali era urgente. Começou atendendo só em São Paulo. Depois, ampliou para Rio de Janeiro e Espírito Santo. Até o fim do ano, com a ajuda de colegas, quer atender pelo menos mais 200 mulheres espalhadas por todo o Brasil.

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Além da óbvia questão de saúde, Bibancos aponta outra vantagem do “Apolônias do Bem”: resgatar a autoestima e a autoconfiança das pacientes. “Ao fim do tratamento, uma mesma cena, simbólica, se repete: a mulher tira o batom da bolsa e colore os lábios”, conta ele. “A melhor parte é quando elas se veem no espelho”, relata, comovido. Alguns dias depois da recuperação dentária, Bibancos conversa com cada uma das moças para saber o que mudou na vida delas. “Pergunto se comeu, se conseguiu emprego, se arrumou namorado, se já beijou…”, diverte-se. “Um sorriso bonito pode ser extremamente poderoso.”

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O projeto foi batizado com o nome da patrona dos dentistas. Apolônia de Alexandria, segundo historiadores cristãos, teria morrido no ano 249 após ser presa e ter os dentes quebrados e arrancados. Se depender de Bibancos, as novas Apolônias serão tratadas com toda urgência e cuidado que merecem. “A melhor parte é quando elas se veem no espelho”, conta Bibancos, que busca mais parceiros para a iniciativa.

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