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Coletivo Helen Keller cria guia para mulheres com deficiência

O objetivo do conteúdo é ser um instrumento de informação para que essas mulheres conheçam seus direitos e possam exercer sua própria cidadania

Por Colaborou: Maria Clara Serpa
Atualizado em 9 jun 2020, 16h36 - Publicado em 9 jun 2020, 16h34

Seu feminismo inclui as mulheres com deficiência? A invisibilidade das pessoas com deficiência (PCDs) é latente na nossa sociedade e as mulheres, que são maioria nesse grupo, sofrem ainda mais com isso. Foi buscando mais visibilidade, que algumas dessas mulheres se uniram em 2018 para criar o Coletivo Feminista Helen Keller de Mulheres com Deficiência – batizado em homenagem à professora, escritora e ativista norte-americana, que perdeu a visão e a audição antes de completar um ano de idade. Além de dar espaço a esse grupo de mulheres no movimento feminista, o coletivo busca ocupar mais espaços para conseguir realizar mudanças. Atualmente, o movimento tem mais de 40 integrantes por todo o Brasil.

“Nós também somos parte do movimento feminista. Não adianta nada ficar culpando grupos específicos por não sermos ouvidas porque isso tira a dimensão estrutural do capacitismo, que afeta nossa sociedade como um todo. A discriminação é exercida como um todo. O coletivo surgiu porque nós não nos sentíamos completamente contempladas nem no movimento feminista nem no movimento PCD. Sentíamos que tínhamos mais coisas a dizer”, explica Vitória Bernardes, integrante do Coletivo Feminista Helen Keller.

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As companheiras Taís Victa e Fernanda Scholnik estiveram em Copacabana pelo #8M. Mulheress com Deficiência em luta, por todas! #Paratodasverem: Taís e Fernanda estão sorrindo para a foto segurando placas com as frases "Mulheres com deficiência feministas contra o fascismo" e "Mulheres com deficiência sofrem três vezes mais violência que as sem deficiência e não tem acessibilidade para chegar à delegacia." Atrás de Taís e Fernanda está a bandeira do Coletivo Helen Keller.

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As integrantes do coletivo entendem que as MCDs sofrem com o machismo e precisam do feminismo, mas também podem ser prejudicadas por estruturas racistas e LGBTfóbicas. Por isso, o principal objetivo do coletivo é aprofundar o entendimento da intersecção de gênero e deficiência e, assim, uni-la ao movimento feminista.

Para tal, participam de eventos, debates, encontros e dialogam diretamente com outros movimentos. “Nós queremos mostrar o que é ser mulher com deficiência, mas obviamente não falamos por todas, porque temos nossos princípios norteadores em que nos baseamos. Em parceria com outras entidades, conseguimos também ocupar cadeiras dentro do controle social, o que é muito importante. Precisamos ocupar esses espaços políticos para que nossos corpos sejam considerados e, assim, consigamos mais respostas de políticas públicas”, conta Vitória.

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Live : Os cuidados da pessoa com deficiência em tempos de Covid 19. #pratodosverem Card com fundo azul claro com texto em azul e branco: Os cuidados da pessoa com deficiência (PCD) em tempos de Covid-19.Live acessível em Libras. Dia 21 de Maio de 2020 às 15h – HTTPS:/youtube.com/tvsegs  Em pequenos quadros os símbolos das deficiências visual, física, auditiva, intelectual, ostomia e autismo. Abaixo, em um pequeno círculo a fotografia de Izabel Maior. Médica fisiatra e professora aposentada da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Conselheira do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Rio de Janeiro (Comdef-Rio) e ex-secretária nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência/Secretaria de Direitos Humanos – 2002 a 2010. Abaixo, à esquerda, em um pequeno círculo a fotografia de Fernanda Shcolnik Professora do Colégio Aplicação da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (CAP UERJ), Diretora da Associação dos Deficientes Visuais do Estado do Rio de Janeiro (ADVERJ), integrante do Coletivo Feminista Helen Keller de Mulheres com Deficiência e Conselheira do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Rio de Janeiro (Comdef-Rio). Abaixo, à esquerda, em um pequeno círculo a fotografia de Fabiane Muniz. Mediadora e Jornalista (Rede SEGS). Na parte inferior do card, à direita, sobre uma caixa branca as identificações visuais: Comdef-Rio – Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência. ADVERJ Associação dos Deficientes Visuais do Estado do Rio de Janeiro. Coletivo Feminista Helen Keller. Fim da descrição.

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Além desse tipo de participação e grande mobilização nas redes sociais, o Coletivo Feminista Helen Keller criou, no último dia 25, o guia Mulheres com Deficiência: Garantia de Direitos para Exercício da Cidadania, que pode ser baixado neste link. O conteúdo faz parte da Ação “Ampliar a relevância, o reconhecimento e o impacto da atuação das OSCs no Brasil”, parceria da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong), Centro de Assessoria Multiprofissional (Camp), Coordenadoria Ecumênica de Serviço (Cese) e Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea), iniciativa apoiada pela União Europeia e busca oferecer às mulheres com deficiência um instrumento de informação, articulação e ação política para o exercício da própria cidadania.

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Nosso coletivo surgiu com o propósito de construir um feminismo que reconhecesse as vozes, experiências, lutas e anseios das mulheres com deficiência. Um dos resultados dessa construção é o nosso guia feminista: “Mulheres com Deficiência: Garantia de Direitos para Exercício da Cidadania”, construído através da Ação “Ampliar a relevância, o reconhecimento e o impacto da atuação das OSCs no Brasil”, parceria da ABONG, CAMP, CESE e CFEMEA e apoiada pela União Europeia. Para saber mais, clique no link da bio e baixe nosso guia 👆🏽 #PraTodasVerem Descrição da imagem. Ilustração com fundo laranja, no alto, uma faixa vermelha com barrado azul escrito em branco: Conheça o nosso guia. Abaixo, onze mulheres e duas delas seguram uma caixa vermelha escrito em branco: Mulheres com deficiência Garantia de Direitos para Exercício da Cidadania. As mulheres estão lado a lado, em primeiro plano, uma mulher de cabelos longos e loiros tem escoliose com acentuada curvatura da coluna para a direita, eleva o braço esquerdo com o punho cerrado. Uma mulher com nanismo de pele clara, cabelos longos e vermelhos. Uma mulher branca, de cabelos curtos vermelhos. Apoia-se em muletas-canadenses e tem encurtamento na perna esquerda. Uma mulher branca com um cão-guia. Uma mulher negra, cadeirante segura um cartaz branco, escrito em vermelho: MULHERES UNIDAS. Uma mulher negra de cabelos curtos, segura um megafone na altura da boca, ela usa uma prótese na perna direita. Atrás, uma mulher negra de cabelos vermelhos presos, tem o braço esquerdo até a altura do cotovelo. Uma mulher de pele clara, obesa tem os braços erguidos e segura a caixa vermelha. Uma mulher branca com cabelos longos pretos, na orelha direita ela usa um aparelho auditivo. Uma mulher branca de cabelos curtos vermelhos. Ela tem a perna direita até a altura da coxa e apoia-se em uma muleta no braço direito. Usa camiseta vermelha com estampa com a marca do Coletivo Helen Keller. Uma mulher branca, de cabelos longos vermelhos, os braços estão para o alto e seguram a caixa vermelha. No canto inferior direito, a marca do Coletivo Feminista Helen Keller. Fim da descrição.

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Um dos principais diferenciais do guia é que ele é escrito quase inteiramente por mulheres com deficiência. “Nós queremos falar por nós mesmas e conseguir alcançar cada vez mais mulheres”, explica Vitória. O guia faz um resgate histórico sobre o movimento de pessoas com deficiência no Brasil, além de destacar as contribuições do movimento feminista. Aborda também temas como saúde, direitos sexuais, educação, trabalho, violência, acesso à justiça e educação sexual emancipatória.

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“Era necessário pautar o que sentimos, sofremos e o que queremos para o futuro. O objetivo na criação do guia era canalizar nossas angústias, questionamentos e ausência de visibilidade e conseguir perceber o que precisamos para avançar. É preciso fazer reclamações, a queixa é necessária até para não adoecermos, mas ela precisa nos levar a algum lugar e promover mudanças”, diz a integrante do coletivo.

Além das mulheres do coletivo, o guia também contou com colaborações de convidadas, militantes e pesquisadoras que são referência na luta das PCDs, como Anahí Guedes Mello, ativista surda e lésbica, antropóloga, doutora em antropologia social e membra do Grupo de Trabalho Estudios críticos en Discapacidad do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (CLACSO) e Izabel de Loureiro Maior, professora assistente aposentada e conselheira do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Rio de Janeiro, ex-secretária nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

No último capítulo do material, mulheres sem deficiência mas parceiras das causas de igualdade em outro movimentos, como mulheres negras, LGBTQI+, soropositivas e profissionais do sexo também puderam falar sobre suas lutas. O objetivo é construir pontes entre os diferentes movimentos de mulheres e aproximá-los. “A sociedade como um todo é excludente. Nossa intenção é que este guia se torne um instrumento de informação, articulação e ação política para o exercício da cidadania de mulheres, sobretudo as mulheres com deficiência”, finaliza Vitória.

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