A triste história do casal de Rondônia que morreu fugindo de queimada
Eidi e Romildo estão entre as vítimas dos constantes incêndios nas regiões desmatadas da Floresta Amazônica
Em reportagem publicada no dia 27 de agosto, a BBC contou a triste história do casal Eidi Rodrigues de Lima, 36, e Romildo Schmidt, 39. Ambos morreram em decorrência de uma queimada ocorrida em Rondônia, a 350 quilômetros de Porto Velho, no dia 13 de agosto.
Eidi e Romildo moravam na região há cerca de três anos. Apesar dos constantes conflitos agrários, o principal medo dos dois eram as queimadas, comuns na região rural de Machadinho D’Oeste, onde pequenos produtores costumam colocar fogo no mato para renovar o pasto. A casa, onde viveram com as três filhas, era de lona e palha, mas telhas e ripas de madeira que poderiam substituir os materiais originais já haviam sido compradas, e uma reforme tornaria o lugar mais seguro.
Não perca o que está bombando nas redes sociais
O casal de Machadinho D’Oeste, infelizmente, é somente um dos exemplos trágicos das consequências das constantes queimadas nas regiões rurais do Brasil. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas (Inpe), foram registrados, em 2019, 82,2 mil pontos de incêndio no país até terça-feira, 27. O número já é 80% maior que o do ano passado.
Vizinhos do casal revelaram à polícia que eles evitavam sair de casa por acreditar que podiam apagar o fogo, caso ele chegasse até ali. Quando o incêndio começou, as filhas estavam fora, e a primeira preocupação dos dois, segundo vizinhos, foi levar para longe as telhas e madeiras que haviam comprado para renovar a casa, com o intutio de preservá-las.
O casal, no entanto, teria sido surpreendido por um segundo incêndio, com foco em outra região. Os corpos de Eidi e Romildo foram encontrados carbonizados no dia 14 de agosto, a cerca de 100 metros de distância da casa deles. Os dois, que morreram juntos, foram as únicas vítimas fatais do incêncido do dia 13. Acredita-se que eles tenham morrido por inalação de monóxido de carbono, antes de serem atingidos pelo fogo.
Os dois incêncidos, que consumiram 43 hectares de vegetação, aconteceram em uma área desmatada da Floresta Amazônica. Sem a presença de bombeiros, que só souberem do ocorrido no dia seguinte, o fogo parou somente depois de consumir toda a mata local. A Polícia Civil de Machadinho D’Oeste está apurando o caso, com o principal objetivo de descobrir a origem do fogo e quantas pessoas incendiaram a região. Os resposáveis podem responder por crime ambiental e homicídio doloso.
Leia também: Confirmada a primeira morte por sarampo em São Paulo
+ Conheça Brigitte Trogneux, a primeira-dama alvo de piada de Bolsonaro
PODCAST – De onde tirar forças para enfrentar a dor