Carolina Kasting desabafa sobre clima de guerra no Rio de Janeiro
"Nenhum menino da favela quer entrar pro tráfico e morrer em vão, o que ele quer é ser olhado como cidadão", diz atriz sobre guerra no entorno da Rocinha
O Rio de Janeiro vive momentos de tensão. Nesta sexta-feira (22), o Batalhão de Choque da Polícia Militar do Rio realiza a quinta operação da semana na Rocinha, comunidade localizada na zona sul da capital fluminense, – resultando em mais uma troca de tiros entre policiais e traficantes. A ação da PM se iniciou na segunda-feira (18) em uma tentativa de conter o confronto entre facções criminosas no local.
Imagens de moradores tentando se refugiar na passarela que dá acesso à comunidade chamaram a atenção na internet. A situação no entorno da comunidade também é de temor. Aulas foram canceladas em escolas e universidades da região, assim como avenidas próximas e túnel Zuzu Angel foram fechados nesta sexta. O ministro da Defesa, Raul Jungmann autorizou o Exército a fazer um cerco à Rocinha ainda hoje.
A atriz catarinense Carolina Kasting, 42 anos, moradora da capital fluminense há 20 anos, relatou em desabafo escrito a CLAUDIA o sentimento de temor e preocupação de quem vive na cidade:
“O Rio está em guerra. No Rio, asfalto não se separa da favela. Tenho amigos no morro, amigos na praia, na democracia da cidade somos todos iguais. Mas os políticos corruptos não entendem que o que fazem mata. Mata o futuro, a educação, mata a esperança e nos tira o direito de estar de braços abertos, como nosso Redentor, e encontrar uma solução. Nenhum menino da favela quer entrar pro tráfico e morrer em vão, o que ele quer é ser olhado como cidadão.”
As fotos que ilustram esta matéria foram feitas por ela, que também é fotógrafa, em 2015 em visita à casa de uma amiga que vive na Rocinha. O díptico foi entitulado Mirada.