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Al Pacino: “Lenda? Podem falar o que quiserem. Mas eu? Não chego nem perto disso.”

O astro Al Pacino dá show de sabedoria ao falar de sucesso, arrependimentos e desejo

Por Mariane Morisawa (colaboradora)
Atualizado em 28 out 2016, 08h17 - Publicado em 7 mar 2015, 12h46
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O colega Javier Bardem já disse que não acredita em Deus, mas acredita em Al Pacino. O ator americano de 74 anos é uma lenda do teatro e do cinema, indicado sete vezes ao Oscar e ganhador de uma estatueta. Ele coleciona papéis emblemáticos, como Michael Corleone, da trilogia “O Poderoso Chefão”, iniciada em 1972, que o alçou à condição de astro. Mas Pacino não vive do passado. Marcou presença no último Festival de Veneza com dois filmes. Um deles era “O Último Ato”, de Barry Levinson, que estreia neste mês no Brasil. Na trama, interpreta um ator que perdeu a vontade de atuar e o talento. Seu Simon Axler acaba se envolvendo com uma garota bem mais jovem (Greta Gerwig), filha de um casal de amigos. Na vida real, Pacino nunca se casou, mas tem três filhos, de duas mães diferentes. Relaxado, tomando um cappuccino e desculpando-se por manter os óculos de sol para driblar uma alergia, falou da carreira e da vida – e, assim, deu sábias lições.

É preciso seguir buscando o prazer. “O que acontece com meu personagem é que ele perde seu desejo. Para qualquer um é difícil não ter estímulo para exercer sua vocação. No caso do ator, então, esqueça! Espero nunca perder. Mas já não sinto vontade de certas coisas. Se não encontrar no projeto algo com que me conectar, não quero me arriscar.”

Cada um tem sua tábua de salvação: encontre-a! “Houve uma fase em que me sentia muito confuso com tudo o que estava ocorrendo comigo. Não entendia o que se passava. Não tenho memórias reais dos anos 1970, mas muita coisa aconteceu! Eu sempre voltava ao teatro porque era o que me mantinha verdadeiro, colocava meus pés no chão.”

Compreender as próprias atitudes traz tranquilidade. “Tenho arrependimentos, sim. Um deles é não ter feito um filme com Gillo Pontecorvo, só não vou dizer qual. Eu era jovem, não entendi o roteiro, mas hoje sei que ele teria me ajudado. Sam Peckinpah também me chamou e não fui, mas era a época em que eu estava bebendo e ele ia rodar no México. Fiquei achando que talvez não voltasse por causa das más condições em que eu estava na época.”

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É essencial ter gratidão pelas conquistas.

Sucesso é uma ideia complicada, mas influenciou parte da minha vida. Há vantagens e um lado negro. Você tenta equilibrar. Mas é bacana, lógico. Eu me sinto sortudo. Sempre me senti. Passei por muitas fases, e isso nunca mudou. Sou grato.

Autoestima em dia não é arrogância. “Lenda? Podem falar o que quiserem. Mas eu? Não chego nem perto disso. Não gosto nem desgosto do conceito, só não me identifico.”

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