“A vida é uma antes de ir à Índia e outra depois de voltar”
Marcia De Luca, colunista de CLAUDIA, já visitou o país 36 vezes – algumas sozinha, outras acompanhadas – e divide suas experiências.
Para além das cores exuberantes, dos cheiros inebriantes, dos sabores exóticos e dos barulhos por vezes ensurdecedores, o que mais chama a atenção do turista em sua primeira viagem à Índia é a espiritualidade latente. Foi isso que conquistou Marcia De Luca, colunista de CLAUDIA, e a levou a visitar o país não uma, mas 36 vezes, sozinha ou acompanhando um grupo de alunos em busca de conhecer o lugar e a si mesmos. “Quando você viaja, já fica com uma energia diferente, pois se distancia da rotina corrida e das preocupações. Imagine quando o destino é a Índia, onde as vibrações são milenares”, afirma Marcia.
Da última turma fez parte a mineira Daniela Schiavo, fundadora da rede de confeitarias Bolo da Madre. “Foi uma temporada poderosíssima”, lembra a empresária, que pratica ioga desde a gravidez do filho, Lucca, 10 anos. “Costumo meditar, diariamente, às 5 horas da manhã, logo depois de sair da cama”, conta Daniela. Na viagem, posturas e práticas de respiração pautaram o dia a dia do grupo em todos os destinos.
“Lá, eles olham dentro dos seus olhos. É um olhar único, profundo. Procurei cultivar isso quando retornei”, diz Daniela Schiavo.
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Beleza e Escassez
A viagem começou em Délhi, segunda maior cidade da Índia (atrás apenas de Mumbai), e seguiu por Varanasi. “O sonho do hindu é morrer e ser cremado ali, na terra de Shiva, a divindade que transforma as coisas”, explica Marcia. A pobreza extrema se destaca, mas não necessariamente pela tristeza que a rodeia. “Vi pessoas em situações muito difíceis, mas, ao mesmo tempo, aceitando a própria condição. É algo bem diferente de tudo o que já tinha visto”, conta Daniela. “Eles acreditam que, ao morrer em Varanasi, voltam em uma vida mais iluminada. Por isso, há muitos crematórios nos rios onde as pessoas se banham. Nós meditamos, contemplamos o pôr do sol, entoamos orações e mantras. Nessa cidade, tive as melhores experiências da viagem”, lembra.
Cavernas Reveladas
Com cerca de 12 milhões de habitantes, Mumbai é o maior centro urbano da Índia. “Diferentemente de Varanasi, ali se vê muita riqueza. O mais difícil, porém, é entender o complexo sistema de castas”, diz Daniela. De lá, o grupo seguiu para as cavernas de Ajanta e Ellora, que também ficam no estado de Maharashtra, do qual Mumbai é a capital. Um dos principais destinos turísticos do país, elas foram declaradas patrimônio histórico mundial pela Unesco: por volta do século 1, Ajanta era um dos maiores centros budistas da Ásia; esculpidas 300 anos depois, as grutas de Ellora dividiam-se entre budistas, hindus e jainistas. “Meditamos no interior das cavernas e senti uma energia muito forte”, conta Daniela.
De corpo e Alma
Em Bangalore, no sul do país, o grupo se hospedou na AyurvedaGram, uma clínica de ayurveda (conjunto de ensinamentos que misturam filosofia e medicina, nascido na Índia há 7 mil anos e adotado por Marcia há 30). “A primeira causa de sofrimento humano é a falta de conhecimento de quem se é de verdade. Não somos um simples corpo, mas espíritos de luz que estão aqui para evoluir”, defende Marcia, com base na sabedoria indiana. Entre aulas de ioga e meditação e massagens, Daniela fez um tratamento de rejuvenescimento e outro para se fortalecer física e emocionalmente. “Voltei diferente desse mergulho de 15 dias. Fiquei mais serena, mais sensível”, garante.
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