A noite que Bob Dylan foi vaiado vai virar filme
A apresentação marcou a transição de Dylan do folk para o rock
Na noite de 25 de julho de 1965, Bob Dylan, já uma estrela, subiu ao palco do prestigiado Festival de Folk de Newport. Ele não era um estranho para o público que lotou os gramados da pequena cidade litorânea em Rhode Island, Estados Unidos. Ao contrário, com suas músicas politizadas e letras brilhantes, ele era um Deus para quem estava ali.
Mas os fãs estranharam aquele Dylan.
Ele apareceu de black jeans, uma jaqueta de couro preta e, que ofensa!, uma guitarra elétrica em mãos ao invés do violão. Ao começar a tocar o caos se instalou. Com total indiferença em relação aos puristas que consideravam que o som acústico era o único aceito, ele entrou com tudo no rock eletrônico. Não agradou. Foi vaiado. Vaiado tanto que em alguns momentos mal se ouvia a música, para os presentes, barulhenta. E olha que o que ele estava tocando era (o hoje clássico) Like a Rolling Stone. Só conseguiu tocar três canções antes de desistir da apresentação.
Há documentários e livros sobre essa data considerada histórica na cultura pop.
Com lágrimas nos olhos, Dylan retornou ao palco apenas com violão e tocou Mr Tambourine Man e It’s All Over Now, Baby Blue.
Esse momento vai entrar para o cinema com Timothée Chalamet confirmado como Bob Dylan. O filme, Going Electric, terá o próprio músico como produtor executivo e será dirigido pelo respeitado James Mangold, que não é estranho no campo de biópicos. Ele foi o responsável pelo aclamado Jonny e June, estrelado por Joaquin Phoenix e Reese Witherspoon (que recebeu um Oscar pela atuação).
Dylan já foi retratado antes no cinema, sendo que o mais famoso e recente filme sobre ele, especificamente, foi Não estou lá, com vários atores – e uma atriz, Cate Blanchett – se alternando como o cantor em diferentes fases de sua carreira.
Nascido Robert Allen Zimmerman, Bob Dylan, é uma das maiores referências e influências na música mundial. Não por sua voz, mas pelas letras e atitude. Ele evitou canções de amor falando mais de poesia e política. Escreveu mais de 500 músicas regravadas por mais de 2 mil músicos. Ah sim, há 4 anos recebeu o Prêmio Nobre de Literatura. Mas a noite de julho de 65 é para ele um dos momentos mais marcantes de sua vida. O filme só deve chegar aos cinemas em 2021.
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