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Cor, leveza e brasilidade: conheça a história da carioca Farm

A marca chega aos 20 anos como um case: mais do que consumidoras, tem fãs, e conseguiu uma ampla presença em frentes além da moda.

Por Marina Pedroso
Atualizado em 17 jan 2020, 13h44 - Publicado em 22 out 2017, 11h02
 (Ricardo Toscani/Divulgação)
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“Era tudo um mar de cinza – o escritório, as roupas, a energia das pessoas. Não combinava comigo”, diz a estilista carioca Kátia Barros ao contar por que desistiu de seu emprego como auditora nos anos 1990. Encontrou o seu tíquete de saída rumo a uma vida mais colorida na moda. Mais especificamente, na Farm, que construiu ao lado do sócio, Marcello Bastos, responsável pela parte administrativa do negócio. “Quando começamos, no início da década de 1990, eu só encontrava roupas e referências gringas. Nada tinha a ver com o Brasil e com o lifestyle da mulher carioca”, afirma ela. Foi por isso que a brasilidade se tornou um dos principais pilares da marca, com a presença, entre outros itens característicos, de elementos como o personagem Zé Carioca e os tucanos nas criações – especialmente visíveis na coleção verão 2018, apresentada em junho com um desfile aberto, o primeiro da história da Farm, realizado para celebrar seu aniversário de 20 anos. Mais formas de traduzir a identidade carioca e nacional são as modelagens soltinhas, ultracoloridas e de alma leve, além de uma grande variedade na estamparia, um dos carros-chefes (hoje, um time de 20 designers cria 400 padronagens por ano).

A fórmula pensada pela dupla funcionou não só para as cariocas, o primeiro mercado em que a Farm apostou. Com uma roupa fácil de gostar e de usar, a marca conquistou também o público de outras cidades e de um jeito que raras conseguem. Suas consumidoras viraram fãs e se denominam “farmetes”, numa ligação que acaba impulsionando a atuação da label em diversas frentes. A Farm tem uma rádio na web (músicas brasileiras dominam a programação), um blog sobre moda e comportamento, uma linha de objetos, que vão de patins e prancha de surfe a capinhas de celular e leques, e mais uma série de parcerias com gigantes como Adidas, Havaianas e Centauro. Conta também com um selo musical recém-lançado e já com uma banda própria, a Flor de Sal, e itens como edredons e papéis de parede, que começam a ser vendidos agora.

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Kátia Barros e Marcelo Cardoso, os sócios da Farm ()

Traduzindo tudo isso em números: são 70 lojas, em 22 estados, quase 2 milhões de seguidores nas redes sociais, um e-commerce com 40 mil acessos únicos por dia e um faturamento anual de quase 500 milhões de reais. Cifras que constrastam com o início de Kátia e Marcello na moda. A primeira cartada, em 1996, foi um fracasso. Na época, eles investiram todo o patrimônio que tinham (um apartamento e dois carros) em uma franquia da extinta marca paulista Mercearia, que deu prejuízo por um ano até fechar. Segundo Kátia, o tal cinza foi, de novo, o pivô da crise. “Recebia as coleções e as achava monótonas. Não me representavam. Sentia falta de um colorido e de alegria”, relembra. Foi quando a ficha caiu: melhor do que apenas vender um produto, era inventá-lo com essas peculiaridades. Ela sentiu que havia essa brecha no mercado e a comprovou quando, no mesmo ano da falência, os dois montaram um estande na tradicional Babilônia Feira Hype, que acontecia mensalmente, com uma pequena coleção desenhada por Kátia: os seis itens – coloridos e etiquetados como Farm – atraíram filas de clientes. Dois anos depois, em 1999, eles abriram a primeira loja e nunca mais pararam – nem planejam, aliás. “Acabamos de concluir o registro da marca em todos os 130 países nos quais a Adidas vende nossa linha. Em 2019, poderemos assinar a etiqueta dos produtos e, assim, ganhar mais projeção”, conta Marcello. “Quando atingirmos nossa meta de lucro lá fora, vamos investir em um endereço próprio nos EUA”, antecipa. É, a marca é mesmo uma uma garota tipicamente carioca: solar e cheia de energia para brilhar pelo mundo.

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