Nina da Hora, a mulher que ‘hackeia’ o sistema racista
A programadora e pesquisadora luta contra o racismo dos algoritmos e é ativista pela educação tecnológica no país
Sem acesso fácil às tecnologias digitais. Foi assim que Nina da Hora (sim, esse é seu sobrenome) cresceu na periferia de Duque de Caxias (RJ). Ganhou o primeiro computador aos 16 anos, mas desde os 12 já sabia o básico da programação. “O livro que marcou minha infância foi O Homem que Calculava, de Malba Tahan”, diz. Também gostava muito de Jorge Amado. “Queria ser capitã da areia da tecnologia”, lembra. Aos 27 anos, Nina é uma hacker antirracista que se dedica a pesquisar e criar matrizes tecnológicas para além dos conhecimentos hegemônicos. “Para mim, é sobre liberdade, sobre lutar contra esses conglomerados digitais que determinam o que é a própria internet.” Um pilar do seu trabalho é “alterar os padrões que não se encaixam na realidade”.
Nina questiona, por exemplo, o uso da tecnologia de reconhecimento facial por ser pautada em algoritmos racistas que incriminam, muitas vezes, pessoas inocentes. Este ano, ela passou a integrar a Comissão de Transparência das Eleições no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde avalia a transparência e segurança do processo eleitoral, enquanto busca aproximar o tema dos interlocutores jovens. “A educação tecnológica no Brasil avançou com a robótica nas escolas, mas precisamos ir além das ferramentas e ensinar como a tecnologia, em si, funciona.” Essa é sua missão — e ela vai longe.