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Conheça a trajetória de Kizzy Terra, uma das maiores cientistas de dados do Brasil

Cientista de dados de carreira brilhante, Kizzy se dedica ao ensino democratizado da tecnologia

Por Sarah Brito
8 nov 2024, 10h00
Conheça a história de Kizzy Terra
Kizzy Terra é cientista de dados e luta por uma tecnologia mais democratizada (Mika Nanba/CLAUDIA)
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Foi brincando e descobrindo novos hobbies que Kizzy Terra encontrou na tecnologia sua verdadeira vocação. Nascida em uma família de educadores, a gaúcha de 32 anos conta que tudo começou quando sua mãe, então mestranda em Sociologia na década de 2000, decidiu comprar o primeiro computador da casa para fins acadêmicos.

O que ninguém esperava é que ali, entre enciclopédias e o Windows 95, nascia uma futura cientista de dados e professora com grande sede de transformação social.

“Eu lembro de dois momentos muito marcantes na minha infância: a chegada do computador e a enciclopédia Barsa, duas coisas tão simples para alguns mas que, para mim, revelam muito sobre a pessoa que sou hoje. Mas não era ainda um interesse autodidata por desmonte de peças ou programação: como toda criança da época, eu gostava mesmo era de brincar no Word e fazer desenhos malucos no Paint”, relembra, aos risos.

A chegada a mais difícil instituição de engenharia do Brasil

Anos mais tarde, pouco antes de iniciar o ensino médio, novos interesses surgiram: a matemática e a possibilidade de estudar em um colégio militar de altíssimo rendimento em Porto Alegre. Com um objetivo milimetricamente calculado — como uma boa cientista —, não demorou muito para que ela conquistasse o terceiro lugar no vestibular, que oferecia apenas 10 vagas a mais de 500 jovens igualmente talentosos.

“Não conseguia pensar em outra coisa além do curso de engenharia. Cheguei a cogitar todas as áreas possíveis: elétrica, mecânica, computacional etc. Até me ofereceram uma vaga em uma universidade federal ainda no primeiro ano do Ensino Médio, mas não cheguei a cursar. O que eu queria mesmo era o IME.”

O Instituto a qual Kizzy se refere é a maior e mais difícil instituição de ensino superior voltado ao estudo das engenharias em todo Brasil, o Instituto Militar de Engenharia, administrado pelo Exército Brasileiro. Nele, apenas 17% dos inscritos passam para as próximas fases do vestibular. No caso da jovem, entrar nessa porcentagem demandou determinação e uma rotina exaustiva de estudos.

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A importância da disciplina para a vida de Kizzy

“A disciplina é algo obstinado na minha vida. Hoje vejo que desenvolver isso foi fundamental para a construção da minha autoestima. Não me achava bonita como uma menina negra, vivendo no Rio Grande do Sul, onde muitas das vezes eu era a única nos espaços. Foi através dos estudos que construí muito dessa autoestima por ser uma boa aluna, tirar notas altas e ser reconhecida pelos colegas e professores. Foi determinante confiar no meu talento”.

Assim, Kizzy não demorou muito para se encontrar na engenharia da computação. Em 2013, aos 21 anos, ela participou de um intercâmbio estudantil nos Estados Unidos, financiado pelo IME, no qual se especializou em linguagens de programação, bancos de dados e desenvolvimento de redes na United States Military Academy, em West Point, Nova York. 

O que Kizzy não esperava era que, anos mais tarde, acabaria seguindo um talento que corria na sua família há três gerações: o de lecionar. “Por algum motivo, eu não me visualizava como professora. Era um valor da minha família, mas não imaginava exercê-lo”, confidencia.

O desejo de ensinar tecnologia

“Acho que ensinar veio da questão de identidade, afinal, quantos exemplos iguais a mim existiam em sala de aula? Queria compartilhar com pessoas iguais a mim que aquela realidade era possível para todos”, conta, consciente do impacto que exerce na sala de aula.

O maior reconhecimento veio quando a cientista e professora foi aplaudida de pé em uma palestra a convite do Google sobre desenvolvimento tecnológico para mais de 5 mil mulheres empreendedoras, em abril de 2024. No evento, que lotou o Ginásio do Ibirapuera, Kizzy relembra com orgulho a sensação de ser uma das principais pesquisadoras a discursar sobre os impactos positivos do uso responsável de Inteligência Artificial Generativa.

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“Não foi fácil sair daquele lugar de insegurança. Foi um processo muito longo de mudanças, pelo qual ainda estou passando, mas agora me sinto mais madura e pronta para hackear cada vez mais espaços”.

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