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“Não sei o que faria se a minha filha fosse abusada como eu fui”

A leitora Cecília* por muitos anos achou que as imagens de abuso que vinham à cabeça era um sonho. Só adulta entendeu que havia sido violentada

Por Da Redação
2 set 2020, 09h00

“Como todas as mulheres que sofreram abusos, também tenho dificuldade em falar sobre isso. No meu caso, a não ser eu e o abusador, ninguém mais sabe de tudo que houve. Nunca tive coragem de falar, mesmo sabendo como isso se reflete negativamente na minha vida.

Eu não lembro quantos anos tinha e nem sei direito quantas vezes. Mas eu me recordo de chorar quando sabia que minha mãe me deixaria naquela casa. Minha mãe achava que eu era muito manhosa.

Esse homem, um dia, trancou meu irmão e meu primo do lado de fora do quarto. Os dois brincavam. Ele me deitou na cama e colocou uma toalhinha sobre meu rosto. Não me lembro se houve penetração, mas ele falava coisas. Quando ele terminou, disse que eu não deveria contar sobre aquilo para ninguém. E reforçava que ninguém acreditaria em mim. Essa cena se repetiu outras vezes.

Esse homem era irmão do meu padrasto. Por muitos anos, achei que era um sonho cujas imagens voltavam à minha mente. Só quando fiquei mais velha me dei conta do que aconteceu. Isso foi a pior coisa da minha vida. Não tem um dia sequer que eu não pense nisso. Oscilo entre estar muito bem e muito mal, não há meio termo.

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Ao contrário da maioria das mulheres que sofreram abusos, não tenho problemas nos meus relacionamentos. Mas me forçou a uma iniciação precoce na vida sexual e gosto excessivo por sexo, dou importância demais.

O medo que me ronda o tempo inteiro é que algo aconteça com a minha filha. Eu não saberia o que fazer. O que eu sofri me paralisou. Não consegui concluir muitas coisas na minha vida. Antes da minha filha nascer, eu tinha vontade de morrer. Eu ficava lembrando disso e era uma tortura. E nunca passa. Virei prisioneira do passado. Esses homens não violam só nosso corpo. Eles violam a mente e isso se prolonga eternamente. Essa é a primeira vez que consigo falar com alguém sobre isso. Espero que ajude outras mulheres que estão lendo e passam ou passaram pelo mesmo a falar, espero que elas não sejam covardes como eu sou.”

A partir de agora, CLAUDIA mantém esse canal aberto e oferece acolhimento para quem quiser libertar as palavras e as dores que elas carregam. Fale com CLAUDIA em falecomclaudia@abril.com.br.

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*Nome trocado a pedido da personagem

 

 

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