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Taís Araújo: “Tenho um acordo pessoal de votar em mulheres”

Consagrada como uma das atrizes mais disputadas de sua geração, ela fala a CLAUDIA sobre família, 'Mister Brau' e a morte de Marielle

Por Isabella D'Ercole Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
3 Maio 2018, 16h27

Férias. Eis a palavra mágica que fazia brilhar os olhos de Taís Araújo e trazia o sorriso para seu rosto no dia em que fizemos as fotos para esta matéria. A reação era totalmente compreensível.

Depois de oito anos dedicados à carreira e aos filhos, ela e o marido, o também ator Lázaro Ramos, viajariam sozinhos – rumo ao paradisíaco Sudeste Asiático. A carioca de 39 anos não escondia a ansiedade nem o medo de ficar longe de João Vicente, 6 anos, e Maria Antônia, 3, pela primeira vez.

Respirou fundo, juntou coragem e foi… Passaram 14 dias entre Tailândia, Laos e Dubai, nos Emirados Árabes. Na volta, atrapalhada com o fuso horário, engatou uma conversa com CLAUDIA para a entrevista a seguir.

Relatou a reviravolta da personagem Michelle, na série Mister Brau, da Rede Globo, que estreou em maio; a vez em que quase decidiu se tornar diplomata; e, ainda, o choque, no retorno ao Brasil, provocado pela notícia do assassinato de Marielle Franco.

(Luis Crispino/CLAUDIA)

CLAUDIA: Como foi a primeira vez longe de casa sem as crianças?
Taís Araújo: Para ser sincera, achei que não ia segurar a onda. Fiquei com medo de querer voltar no meio do roteiro. Também temia que o João e a Maria sentissem nossa falta. Deu saudades, claro, mas, surpreendentemente, foi tranquilo.

A internet ajudou. Falávamos com eles duas vezes ao dia por ligação de vídeo. Eu e o Lázaro curtimos muito um ao outro. Demos risada, conversamos, experimentamos pratos exóticos. Fiquei encantada com as paisagens. Como queríamos descansar, nos permitimos ficar na cama sem a ansiedade de ir a todos os passeios. Voltei renovada, pronta para recomeçar.

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CLAUDIA: A agenda de trabalho já está cheia de novo?
Taís: Até junho eu pego leve. Nos fins de semana, eu e Lázaro estamos em cartaz no Rio de Janeiro com O Topo da Montanha, peça que estreamos em 2015. Na TV, começa a quarta temporada de Mister Brau. De resto, quero levar as crianças à escola e buscá-las, tomar café da manhã com elas.

Vamos comemorar o aniversário da minha mãe em Paris. Só não posso falar quantos anos ela faz. Mamãe ficaria muito brava! Nosso grupo no WhatsApp se chama “Mami faz 50”. Minha irmã caiu no riso quando viu; afinal, ela tem 46 anos.

CLAUDIA: A princípio, Mister Brau teria uma única temporada. Já está na quarta… O que houve?
Taís: Somos alimentados pelo que acontece na sociedade. E tem tanta coisa em ebulição, evoluindo. Entram novos personagens – o pai da Michelle, as crianças –, as discussões ganham fôlego. Agora, por exemplo, a Michelle será a grande estrela.

Ela tem o traquejo do negócio, tornou conhecido o talento do Brau. Vamos destronar o herói e colocar em cena uma questão contemporânea, a de o cara não lidar bem com a mulher ganhando mais que ele, fazendo mais sucesso, sustentando a família. Causamos debate, só que de um jeito leve, cômico.

CLAUDIA: É comum seus personagens estarem envolvidos com uma questão social. É exigência sua?
Taís: É o que me move. Como artista, tenho prazer em entreter, mas também em provocar reflexão. E, quando eu estimulo o público, também estou me forçando a estudar, a elaborar um raciocínio.

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CLAUDIA: Você se tornou uma das atrizes mais requisitadas de sua geração. Isso tem a ver com essa profundidade que faz questão de imprimir ao trabalho?
Taís: Em 2009, passei por um processo de reinvenção que me transformou na atriz que sou hoje. Estava no ar com Viver a Vida, novela das 9 do Manoel Carlos. Recebi críticas muito duras pela minha interpretação da Helena. Nunca tinha passado por aquilo.

Comecei a trabalhar cedo, e até ali minha carreira havia sido próspera. Em um primeiro momento, achei que tinha acabado tudo. Estava tão desacreditada em mim mesma; pensava que o público me julgava uma fraude. Quase larguei tudo e fui cursar relações internacionais, virar diplomata, um desejo que sempre tive.

Em vez disso, fiz um mergulho interno, peguei o caminho da instabilidade, da insegurança e das dúvidas. Foi doloroso. Voltei para o teatro. O palco é generoso. Cada vez que encaro uma temporada ali, saio uma atriz melhor. Salvou minha carreira. Só por isso estou aqui hoje.

CLAUDIA: Além do seu aprimoramento profissional, percebeu mudança do público? Houve quem considerasse aquele episódio como racismo.
Taís: Era um fator também. Não podemos ser hipócritas; somos um povo que adora falar mal de nós mesmos, do nosso país. Não acredito que tenha melhorado hoje, mas as coisas estão mais claras, explícitas.

Falamos de situações para as quais antes fechávamos os olhos, como o abuso contra a mulher. Mas, como sempre, quando há um avanço, também há um movimento de retrocesso muito forte.

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CLAUDIA: Você retornou ao Brasil um dia antes do assassinato de Marielle Franco. Como isso a impactou?
Taís: Eu votei em Marielle. Não a conhecia pessoalmente. Foi uma amiga que me sugeriu como candidata. Tenho um acordo pessoal de votar em mais mulheres que contemplem meus desejos como cidadã, pois acredito que precisamos de representantes para levar ao debate pautas que falem sobre nós. Marielle era uma delas.

Acompanhava seu trabalho pelas redes sociais, falava com sua equipe. Foi um golpe duro, despudorado. Estive nas manifestações, chorei, me senti impotente. Sei, porém, que as forças voltam para continuarmos a luta. E ver a união, todos mobilizados, foi inspirador. Espero que a comoção seja apenas a semente para um país melhor no futuro.

(Luis Crispino/CLAUDIA)

PARA TODAS AS HORAS

O fã-clube da Taís inclui parentes e amigos. Eles lembram momentos íntimos que estreitaram os laços da relação.

A irmã

“Hoje, o que dói é a saudade, já que ela mora no Rio e eu em Brasília, mas nos falamos quase todos os dias. Sempre fomos muito próximas, apesar dos seis anos de diferença de idade. Teve uma fase em que a última coisa que eu queria ouvir era: ‘Leva sua irmã’. Eu descia para a área comum do prédio para conversar com as amigas, paquerar os meninos, e a Taís, com uns 6, 7 anos, corria descabelada, se jogava no chão. Ninguém nem olhava pra mim (risos). Taís sempre foi uma artista. Se pedia alguma coisa e eu negava, ela chorava e gritava, se beliscava.

Minha mãe achava que eu tinha batido nela. Quem tomava bronca, apanhava? Eu! Até o dia em que mamãe ficou parada na porta do quarto e viu a cena. Aí acabou para a caçula. Costumo dizer que há dois momentos decisivos na vida de Taís: quando ela interpretou Helena, que a fez rever a maneira como encarava a carreira; e o nascimento da Maria. Foi aí que ela percebeu que precisaria se posicionar e lutar por um mundo melhor para que a filha cresça podendo ser quem quiser, correndo menos riscos.” Claudia Araújo, 45 anos, médica

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A prima (quase irmã)

“A mulher tem personalidade forte, viu? Ela se joga de cabeça em tudo que se propõe a fazer. Por isso foi tão difícil enfrentar a crise que sofreu com as críticas pelo papel de Helena. A gente conversava muito. Eu e Taís somos da manhã; nos ligamos às 5 e meia, 6 horas, quando o mundo ainda está dormindo. Ela chorava, mas eu sabia que Taís era muito maior que tudo aquilo.

Tanto que não restou nem uma mancha. Acho bonita essa maneira de ela se posicionar pela representatividade das mulheres negras, de fazer tudo pensando no impacto que terá em ajudar outras pessoas. Quando conseguimos um espacinho na agenda, gostamos mesmo de ir a um bom restaurante, comer bem, tomar uns drinques e, claro, bater papo.” Kelly Carneiro, 38 anos, auditora

A amiga

“Tata é guerreira, carinhosa, antenada. Há tantas coincidências entre a minha vida e a dela. Apesar de termos morado no mesmo bairro ainda crianças, só nos conhecemos anos depois. Nosso encontro já foi como colegas de carreira. Mas ficamos amigas pra valer quando comecei a namorar o Vladimir (Brichta) e ela o Lázaro. A amizade entre eles nos aproximou. Criamos intimidade, demos colo uma para a outra em momentos de dificuldade.

Adoro quando vêm nos visitar e trazem as crianças. Depois, ela manda um presente se desculpando pelo furacão (risos), mas eu nem me importo com a bagunça. Eles enchem a casa de amor. Taís também é ótima consultora de beleza, me conta quais são os melhores cremes, produtos. Não tem uma dica ruim que ela dê. Acato todas de olhos fechados.” Adriana Esteves, 48 anos, atriz

O amigo

“Sempre admirei Taís e admito que fiquei empolgado quando descobri que iria contracenar com ela em Mister Brau. Nós nos entendemos logo de cara, a alegria é a mesma. Taís é muito espontânea, atenciosa. Conversa com todo mundo, tira selfies. Essa dedicação é ainda maior quando o assunto é a família – ela chora junto, sofre, torce pelos parentes. Mas é importante dizer que mais rimos do que sofremos. Afinal, Taís é luz!” Kiko Mascarenhas, 52 anos, ator

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