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Taís Araújo faz discurso forte sobre criar seus filhos no Brasil

"Se a gente quer andar com nossos carros com vidros abertos, a gente vai ter que melhorar a vida das pessoas", disse a atriz em palestra no TEDxSãoPaulo

Por Da Redação
Atualizado em 12 dez 2017, 17h12 - Publicado em 15 nov 2017, 13h21

O discurso que a atriz Taís Araújo, 38 anos, fez no TEDxSãoPaulo em agosto deste ano já está disponível no YouTube desde terça-feira (14). Nele, Taís discorre sobre as dificuldades de se criar “crianças doces em um país ácido” e discorre sobre diversas questões problemáticas da nossa sociedade.

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A atriz é mãe de João Vicente, 6 anos, e Maria Antônia, 2 anos, e contou sobre as aflições que vive na criação das duas crianças.

“Quando eu engravidei do meu filho, eu fiquei muito aliviada de saber que no meu ventre tinha um homem. Porque eu tinha a certeza de que ele estaria livre de viver situações vivenciadas por nós mulheres. Certo? Errado. Porque meu filho é um menino negro. Liberdade é algo que ele não vai poder usufruir“.

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Taís exemplifica dizendo que um menino negro não pode sair correndo pelas ruas todo sujo depois do futebol, mesmo sendo criança, porque é visto como um assaltante: “No Brasil, a cor do meu filho é o que faz que as pessoas mudem de calçada, segurem suas bolsas, blindem o seus carros.”

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“A vida dele só não vai ser mais difícil que a da minha filha”, alerta a atriz. “Quando eu penso os riscos que ela corre simplesmente por ter nascido mulher e negra, eu fico completamente apavorada.” Taís, então, apresenta os dados do Mapa da Violência 2015, que apontam que o homicídio contra negras aumentou 54% nos últimos dez anos – enquanto o contra mulheres brancas diminuiu 9%.

“Apesar desses números alarmantes, eu não ouso perder a esperança e fico o tempo todo numa maneira de criar meus filhos aqui, no Brasil. Fico pensando como criar crianças doces em um país tão ácido”, prossegue. A atriz conta que tenta não depositar suas desesperanças e aflições nas crianças, que busca encontrar uma maneira para que elas se sintam livres para ser e fazer o que quiserem.

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Ela também entra no tema da sexualidade, já que o Brasil é o país que mais mata LGBTs no mundo“Os meus filhos são crianças ainda, eu não sei qual será a condição sexual deles. O que eu desejo para eles é o que eu desejo para toda criança, seja branca, negra, indígena, heterossexual, homossexual, trans... Eu desejo que eles cresçam livres, cheios de amor e coragem. Que sejam crianças potentes.

Após apresentar essas questões, Taís tenta apresentar soluções: “As diferenças não são um problema desde que elas não causem desigualdade. Para isso acontecer, eu tenho a impressão de que a gente tem que olhar mais pro outro com humanidade, com afeto. É um exercício. Olhar pro outro com afeto é um exercício. E entender que o outro é uma extensão da gente.”

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Em todo seu discurso, ela ressalta que melhorar a vida do outro é também melhorar a vida de toda a sociedade. “Se a gente quiser andar tranquilamente pelas ruas de dia e de noite. Se a gente quiser ficar na nossa casa sem a aflição de pensar como e se nossos filhos chegarão aos nossos destinos. Se a gente quer ligar a televisão e não assistir a uma enxurrada de sangue. Se a gente quer andar com nossos carros com vidros abertos, a gente vai ter que melhorar a vida das pessoas. É a única maneira.”

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Antes de encerrar, Taís reforça a forte necessidade de ações do governo e das empresas para que essa situação se transforme e para que a diversidade não seja mais um problema e sim um ponto positivo na vida de todos. Porém, ela defende que nós, como sociedade civil, também podemos fazer a nossa parte.

“As ações individuais geram impactos diretamente no coletivo. O coletivo é a nossa sociedade. As pequenas ações são valiosas e capazes do mudar o mundo. E onde começa o mundo se não em nós mesmos?”, finaliza.

Assista ao discurso completo:

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