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Taís Araújo comenta estampa polêmica: “A escravidão não pode ser vendida como uma peça de moda”

O lançamento de uma coleção brasileira de roupas com ilustrações que remontam ao período da escravidão gerou polêmica, nas redes sociais, nesta última sexta-feira (14).

Por Débora Stevaux (colaboradora)
14 out 2016, 15h34
Reprodução/Instagram
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O lançamento de uma coleção brasileira de roupas com ilustrações que remontam ao período da escravidão gerou polêmica, nas redes sociais, nesta última sexta-feira (14). Uma das postagens mais compartilhadas sobre o assunto, da servidora pública Tâmara Isaac, que já conta com mais de 2 mil likes, mostrou indignação, no Facebook: “Perguntei à vendedora se aquela estampa tinha alguma razão de ser ou se era só uma estampa racista mesmo. Ela, me dirigindo à palavra pela primeira vez, não soube responder.”

 

A atriz carioca Taís Araújo, conhecida pela sua militância no campo dos direitos das mulheres negras, também se posicionou sobre o caso, em sua conta no Instagram: 

“Uma marca de roupas resolveu usar uma estampa de negros escravizados inspirada na obra de Debret e sua visão sobre a sociedade brasileira nos idos de 1800. Há quem defenda que Debret na verdade fazia uma denúncia, mas é também provável que Debret nunca tenha tido esse objetivo, flertando com o estranhamento dos horrores causados pela escravidão nesse nosso mundo novo. Acho que, em 2016, os quadros de Debret devem ser mantidos em museus, retratados em livros, e não estampados como se fora uma homenagem. A escravidão não pode virar “pop”, não pode ser vendida como uma peça de moda. A moda nos representa, nos posiciona, nos empodera, comunica quem somos. Não se pode fazer dela uma vitrine de uma história da qual devemos nos envergonhar. Já contaram nossa história de maneira distorcida. Esse (nosso) povo, na verdade, construiu esse país e merece respeito na nossa época!”

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Uma marca de roupas resolveu usar uma estampa de negros escravizados inspirada na obra de Debret e sua visão sobre a sociedade brasileira nos idos de 1800. Há quem defenda que Debret na verdade fazia uma denúncia, mas é também provável que Debret nunca tenha tido esse objetivo, flertando com o estranhamento dos horrores causados pela escravidão nesse nosso mundo novo. Acho que, em 2016, os quadros de Debret devem ser mantidos em museus, retratados em livros, e não estampados como se fora uma homenagem. A escravidão não pode virar “pop”, não pode ser vendida como uma peça de moda. A moda nos representa, nos posiciona, nos empodera, comunica quem somos. Não se pode fazer dela uma vitrine de uma história da qual devemos nos envergonhar. Já contaram nossa história de maneira distorcida. Esse (nosso) povo, na verdade, construiu esse país e merece respeito na nossa época! Precisamos reconhecer o nosso valor. São atitudes como essa da Tâmara Isaac, que trouxe luz ao assunto das estampas, que me deixam a cada dia mais certa de que estamos no caminho. De nos encorajar com amor, nos abraçar e defender nossas ideias, nossos direitos e nossa história.

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Em nota, a assessoria da marca Maria Filó se pronunciou sobre as acusações de racismo: “Gostaríamos de fazer um esclarecimento. A estampa em questão buscou inspiração na obra de Debret. Em nenhum momento tivemos a intenção de ofender. Pedimos sinceras desculpas e informamos que já estamos tomando as devidas providências para que a estampa seja retirada das lojas.”

Veja também: Machismo + racismo: 52% das mulheres brasileiras enfrentam duplo preconceito no mercado de trabalho.

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