Sofia Coppola é a segunda mulher a ganhar em Cannes pela direção
A cineasta ganhou o prêmio de Melhor Direção pela longa "O Estranho que Nós Amamos" e fez história pelo reconhecimento feminino na cinema
A cineasta americana Sofia Coppola fez história no Festival de Cannes, no último domingo (28). Aos 46 anos, ela conquistou o prêmio de Melhor Direção pelo longa The Beguiled (O Estranho que Nós Amamos). Nestes 70 longos anos de festival, apenas uma mulher havia sido premiada com o mesmo título: a russa Yuliya Solntseva, em 1961, por A Epopéia dos Anos de Fogo, ao contar a história da resistência à invasão nazista na União Soviética.
Conhecida por outros trabalhos como Encontros e Desencontros, As Virgens Suicidas, Um Lugar Qualquer e Maria Antonieta, Coppola quebrou um jejum de mais de meio século do festival com seu novo longa.
Trata-se de uma adaptação do romance de Thomas Cullinan que já foi levada aos cinemas em 1971 por Don Siegel, com Clint Eastwood como protagonista. No elenco atual estreladíssimo, estão Nicole Kidman, Kirsten Dunst, Elle Fanning e Colin Farrell, único homem no longa.
A história se passa em Virgínia, nos EUA, três anos após o início da Guerra Civil. Um oficial é encontrado ferido em um bosque e levado para ser cuidado em um internato de mulheres. Lá, elas decidem primeiro cuidar dele e, depois da recuperação, entregá-lo às autoridades. Mas, pouco a pouco, cada uma das moradoras começa a demonstrar interesses pelo único homem da casa – até voltarem-se contra ele. Siegel fez seu filme da perspectiva do homem 46 anos atrás. Agora, Coppola surge para fazer a perspectiva das mulheres.
Essa história tinha que ser dirigida por uma mulher”, revelou a atriz Nicole Kidman em entrevista ao canal francês Canal Plus. “Sua verdadeira essência é feminina, é vista por um ponto de vista feminino”. A estreia do longa no Brasil está prevista para agosto.
As mulheres de Cannes
Entre as produções dos estúdios em 2016, qual a porcentagem de filmes dirigidos por mulheres? A resposta é desanimadora: 4%. Foi a atriz Nicole Kidman quem citou o número, em Cannes, na coletiva de imprensa do novo longa de Coppola, ao chamar a atenção para a pouca representatividade feminina em um dos eventos cinematográficos mais importantes do mundo.
“Esse dado diz tudo. É algo importante a dizer e que precisa continuar a ser dito. Por sorte, temos Jane Campion e Sofia Coppola aqui. Nós, como mulheres, temos que apoiar elas como diretoras. Todos dizem que o cenário é diferente hoje em dia. Mas não é. Basta olhar as estatísticas”.
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Entre as demais premiadas do festival, a atriz alemã Diane Kruger foi agraciada na categoria de “melhor atriz” pela interpretação no filme In The Fade, do diretor Fatih Akin.
No drama, que se passa na Alemanha, Diane vive Katia Sekerci, que leva uma rotina tranquila ao lado do marido Nuri e do filho, até receber a notícia que ambos morreram após uma bomba criminosa ter sido colocada por um grupo terrorista neonazista em frente ao escritório do companheiro. Em razão ao tema atual, a atriz discursou pelo fim do terrorismo ao agradecer o prêmio.
Já Nicole Kidman, apelidada de Rainha de Cannes, recebeu o prêmio de honra por ter estrelado três longas e uma série. Além de The Beguiled, a atriz deu vida a personagens nos filmes The Killing of a Sacred Deer e How to Talk to Girls at Parties e também na série Top of the Lake: China Girl, criada pela diretora Jane Campion.