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Sete motivos para maratonar Coisa Mais Linda

Nova série brasileira da Netflix mostra as dificuldades das mulheres na década de 50. E há bem mais razões para não deixar de assistir

Por Lia Rizzo
Atualizado em 28 mar 2019, 22h42 - Publicado em 27 mar 2019, 23h03

Há cerca de uma semana a Netflix liberou finalmente a série brasileira Coisa Mais Linda. Não é a primeira produção brasileira lançada pelo serviço, mas traz pela primeira vez a mulher – ou melhor, quatro mulheres – como personagens centrais. Maria Casadevall, Pathy Dejesus, Mel Lisboa e Fernanda Vasconcellos interpretam respectivamente Malu, Adélia, Thereza e Lígia, amigas de personalidades e vivências distintas, mas com a mesma sede de independência e liberdade. A descoberta da bossa nova dá o tom e o Rio de Janeiro da década de 50 é o cenário em que elas se encontram ou se desencontram, estabelecendo laços improváveis mas muito genuínos. Aqui, listamos sete razões pelas quais vale conferir a produção!

(Divulgação/Netflix)

A temática muito atual

Não são poucas as frases de efeito que compõem os diálogos entre as protagonistas – algo que, a bem da verdade, em alguns momentos fica no limite do exagero. O conteúdo? A luta por direitos e autonomia que cada uma das mulheres empenha, as frustrações das personagens mais velhas pelas escolhas que fizeram ou deixaram de fazer como fruto da sociedade extremamente machista em que cresceram e as reações indignadas de muitos dos homens na série quando o patriarcado é ameaçado. Logo, embora a trama se passe em 1959, não raro a telespectadora pode se pegar pensando em como os questionamentos cabem tranquilamente nos dias de hoje. Infelizmente!

O melhor do Brasil…

Não sou entusiasta das séries brasileiras. Deixei passar sem pesar “O Mecanismo”, por exemplo. Mas aí, tendo uma produção nacional cujas estrelas são quatro mulheres, resolvi dar uma chance. A surpresa foi positiva. Ainda que se discorde de uma ou outra atitude das personagens principais, as interpretações são bem feitas, transparecem o preparo e dedicação de cada atriz (e dos atores), há química entre o elenco. É também gostoso de ver o Rio de Janeiro bonito que se apresenta e por algumas horas esquecer o caos em que se encontra atualmente a cidade maravilhosa. Em suma, dá orgulho ver esta nossa representante tupiniquim sendo badalada na Netflix.

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A dura realidade da mulher negra

Pathy Dejesus brilha na pele de Adélia, a jovem mãe solo, negra e analfabeta, moradora de periferia, trabalhadora doméstica abusada moralmente pela patroa. É ela, em um dos capítulos mais tocantes da série, quem dá uma aula sobre privilégios para a mimada Malu, cuja grande tragédia da vida é ter uma marido sem vergonha que foge com seu dinheiro. Dinheiro este, aliás, que na realidade vem da conta de seu pai ricaço, fazendeiro de café que vive em São Paulo. Impossível não refletir – e não se incomodar – com o fato de as Adélias de 2019 ainda serem tão marginalizadas e terem tão pouca escolha como a de 1959.

Que mulher é você?

Acredite: com alguma dessas moças você irá se identificar. Seja pela vibe “Scarlett O´Hara” de Malu, que se despedaça ao chegar no Rio e quase bota fogo no apartamento muquifo que o ex-marido reservou para abandoná-la, para então se levantar e teimosamente fazer acontecer. Ou na frustração e submissão da linda Lígia, que sufoca sua vivacidade para fazer a esposinha perfeita e agradar o marido agressivo aspirante a político. Pode ser na dualidade de Adélia, que por trás de sua aparente resignação, esconde a força que a faz arriscar para mudar aquele destino de pobreza e sacrifícios ao qual parecia estar condenada. Há chance ainda, na exuberância de Thereza, a jornalista moderna, bissexual, aparentemente bem resolvida, mas que exaltando sempre as suas delícias, esconde – como muitas de nós – pesadas dores.

A carapuça pode servir

Quem não teve um Chico na vida, personagem de Leandro Lima e par romântico de Malu, que atire a primeira pedra.  É o típico boy lixo, aquele homem envolvente, sedutor, bom sexo, mas que não vale nada além disso, nadinha mesmo. E olhar de fora um tipo desses pode muito bem fazer algumas fichas caírem. O moço, que na série é uma grande promessa da bossa nova e a atração principal da abertura do night club da namorada, pisa na bola bonito no dia da inauguração. Antes disso, faz cenas de ciuminho, esnoba a moça na frente dos amigos, vive bêbado e por aí vai. Serve apenas para ela se esquecer do marido malandro. E para ensinar a telespectadora a fugir da espécie.

Para amantes de moda  

Os figurinos e a beleza são um capítulo à parte. Idealizados a partir do trabalho primoroso de pesquisa da ótima jornalista Carolina Vasone, cada modelito ou penteado nos deixa com uma vontade louca de viajar no tempo ou arrumar uma festa temática para copiar. E também para a moda, que é cíclica e vira e mexe traz de volta costumes lá de trás, algumas referências da série estão bastante atuais. Um exemplo são os looks de praia de duas peças. Em 1959 não se mostrava o umbigo. Sessenta anos depois, em 2019, vemos de volta uma variedade de combinações de top e hot pants, aquelas calcinhas altas que tapam o que? Ele mesmo, o umbigo!

Um final surpreendente

Coisa Mais Linda entrega razoavelmente o que promete e é bem digna de maratona. Ótimas interpretações, cenários bem feitos, efeitos de primeira, roteiro gostosinho – falta só bossa nova, já que o estilo musical é o que menos compõe a trilha geral. E ao longo dos capítulos, pode deixar a impressão de uma série morna. Sem dizer muito para não trazer spoiler, adianto apenas que vale insistir até o final. Não será esforço, garanto.

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