Roberto Carlos revê sua primeira CONTIGO!: “Olhe só como eu estava bonito. Agora nem Botox resolve!”
O rei foi a primeira celebridade na capa de CONTIGO!
Roberto Carlos brinca ao ver suas fotos antigas na CONTIGO!
Foto: Dario Zalis
Rei e há muito tempo. As fãs não querem sequer ouvir a possibilidade de um substituto. Há 50 anos CONTIGO! registra momento a momento o reinado de Roberto Carlos, 72. Nossa capa de aniversário tinha de ser ele – afinal, em janeiro de 1966, no número 28, Roberto foi a primeira celebridade a ocupar esse espaço, até então as capas eram feitas com imagens das famosas e queridas fotonovelas. E a mudança deu certo, tanto que nos cinco anos seguintes ele ainda foi 13 vezes capa da CONTIGO!. “Lembro de tudo dessa época”, afirma o cantor, folheando a edição que reproduzimos à direita. “Eu tinha o quê? Uns 25 anos? Lembro de tuuuudo! Olhe só como eu estava bonito. Agora nem Botox resolve!”, brinca, com uma autoironia irresistível. “Sempre acompanhei a revista. Gosto de tudo”, nos brinda Roberto, voltando para o presente. Ouvi-lo falar de sua história é um privilégio, como todos sabem, e da CONTIGO! também, claro.
Ele lembra sua história
Em janeiro de 1966, CONTIGO! trouxe Roberto Carlos em sua capa, com direito até a autógrafo com calhambeque. A reportagem falava de sua infância, com brigas por causa de namoradinhas na escola, a mãe que queria que ele fosse médico, a habilidade para fazer carrinhos de rolimã e seus novos carros – um Impala, um Bel Air e o fomoso “calhambeque” Ford 1929 (hoje transformado em um hot rod azul, claro, pelo amigo Emerson Fittipaldi, 66). Não gostava que o vissem cansado e já não passava embaixo de escada, naquela época. Estava solteiro e dizendo: “Gostaria mesmo de casar com uma de minhas fãs”. Acabou oficializando uma união dois anos depois com a filha de um amigo, Cleonice Rossi, seu primeiro casamento, no qual teve Dudu Braga, 44, e Luciana, 42, além da filha Ana Paula, que morreu em 2011.
É UMA BRASA, MORA! Roberto explica que o bordão não foi inventado por ele
Foto: Dario Zalis
Arroz, feijão e ovo
Roberto havia acabado de sair do palco, onde gravou o especial de fim de ano da Globo para uma plateia recheada de estrelas da TV, na Cidade das Artes, no Rio. Como sempre, antes de o espetáculo começar, estava muito nervoso. “Sempre fico assim. Mas, quando chego no palco, não sei o que acontece. Eu me sinto em casa”, disse ele. De 1966 até agora, algumas coisas mudaram. Lá atrás, depois de terminar o show, ele voltava do palco rapidamente pelos bastidores e, suado e ofegante, se jogava no chão do camarim, ainda ouvindo lá da plateia: “Roberto Carlos, Roberto Carlos!” Na noite de sábado (23), o Rei se despediu do público e, calmamente, voltou para o camarim. Era pouco mais de meia-noite e, enquanto trocava a roupa, perguntava para a equipe da CONTIGO! que camisa deveria usar: “Social ou camiseta?” Parecia mais uma de suas brincadeiras. Retornou já recuperado das horas de show, muito bem penteado, camisa social com a manga arregaçada (mostrando os braços malhados), calça branca e a inseparável pulseira de prata no braço esquerdo, com seu nome. “Para onde eu vou?”, perguntou, enquanto preparávamos o estúdio para as fotos.
Ainda dentro de uma saudável nostalgia, Roberto fez algumas comparações com quando tinha 25 anos. Seu prato preferido era filé grelhado com banana frita e farofa. Hoje? “Ah! Prefiro arroz, feijão e ovo”, conta rindo da própria simplicidade à mesa. Mas o amor pelo desenho se mantém. Desde a juventude Roberto gostava de desenhar. “Ainda gosto muito. Sou quase um arquiteto. Gosto de desenhar umas caras também. Meus irmãos todos desenham. Laurinho (Lauro Roberto Braga, 81, irmão mais velho) desenha muito bem. Não sei como não seguiu essa carreira de desenhista. Ele é muito bom”, completa, sempre colocando familiares e amigos bem perto de sua história.
A edição nº 28 da CONTIGO!, publicada em 1966
Fotos: Reprodução
Informal
O título da matéria de 1966, É uma Brasa, também chama a atenção de Roberto – já era seu bordão na época. “Ele surgiu das ruas. Em São Paulo todo mundo usava esse termo. Todos os termos da jovem guarda vieram da rua. ‘É uma brasa, mora’, ‘barra limpa’… Nada foi inventado por mim. Eu só usava o que os outros falavam”, explica ele. Naquele período, a ideia do Rei era ir na contramão da linguagem formal usada em rádios e TVs. “Tudo era muito radiofônico mesmo. Tipo: ‘Senhoras e senhores, aqui, com vocês…’ (imita, fazendo vozeirão). E na jovem guarda minha ideia era não reproduzir esse tipo de formalidade. Então comecei a usar os termos que ouvia na rua. E como o ‘brasa, mora’ pegou, muita gente pensa até hoje que eu inventei esse termo. Mas não foi, não.”
Até na hora das fotos Roberto brinca. “Quem olha pensa até que eu sou modelo.” Cruza os braços, ri, conversa durante os cliques. Uma coisa sabemos que continua gostando: bolo com recheio de coco. Para comemorarmos com ele, fizemos um exatamente assim, com cobertura azul. “A CONTIGO! fala dos artistas e mostra quem e o que está acontecendo em nosso mundo. Ela nos atualiza, o que é muito bom. Sempre tive uma relação muito boa com a revista. E acho que todos meus companheiros também artistas estão muito contentes com ela”, disse o Rei, deixando nosso aniversário de 50 anos memorável.
Fotos: Reprodução
Sempre em nossas páginas
Essas são apenas algumas edições com capa de Roberto Carlos na CONTIGO!. Foram 13 só entre 1966 e 1970, período em que se consolidou como estrela pop. Na de março de 1968, Roberto aparecia de bigode, voltando vencedor do Festival de San Remo, assumindo namoro com Nice e sem explicar sua mudança de visual, mais para hippie. A de junho do mesmo ano, um diário de hora em hora do casamento de Roberto com Nice na Bolívia, com fotos das alianças (o momento é interrompido e repetido, pois acaba o filme do cinegrafista) e a revelação dela de um ciúme “terrível” do cantor pela mulher. Em agosto de 1968, Roberto, de jaqueta de couro preta na capa, anunciava a gravidez de Nice e fotos exibiam o Rei fumando cachimbo em uma viagem para Veneza, Itália. Em janeiro de 1969, o cantor descrevia com exclusividade para a Contigo! como era ser pai, detalhava o quarto de Dudu, com berço-calhambeque, 240 peças de enxoval, pinturas de carros na parede – tudo ilustrado com muitas fotos. Em junho, lá estava ele novamente, descrevendo como seria seu próximo e segundo filme, Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-Rosa. No mês seguinte, novamente ele lá, com um diário íntimo de fotos encartado. Em julho de 1970, a CONTIGO! publicava um papo entre ele e Martinha, em que o Rei aconselhava: “Martinha, cuidado com o amor. Ele é um sentimento maravilhoso, mas, se a gente agir só com o coração e esquecer a razão, pode trazer muita infelicidade”.
ESTA MATÉRIA FAZ PARTE DA EDIÇÃO 1994 DA CONTIGO!, NAS BANCAS EM 04/12/2013.
O Rei é um campeão de capas
Foto: Dario Zalis